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BRASIL

As saídas para a crise política do Brasil

Por: Gustavo Fagundes de Niterói, Rio de Janeiro*

A Folha de São Paulo publicou na manhã do dia 26, segunda feira, um artigo de opinião assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O tucano expõe um pouco do que considera ser a melhor saída para a crise política do país. Não pede a renúncia de Temer e muito menos sua cassação. Defende uma alternativa pactuada para a situação.  Sustenta que o ilegítimo presidente deve ter o bom senso e a responsabilidade de lançar uma proposta de reforma política ao Congresso e cita algumas das questões que ela deveria abranger, principalmente a elaboração de uma cláusula de barreira.

Toda a argumentação de FHC tem um propósito: esboçar a melhor via para aprovar as reformas. Sabe bem que o governo golpista de Temer está enfraquecido e a cada dia que passa perde força para aprovar as reformas trabalhista e previdenciária. O acordão vem com o intuito de derrotar a campanha pelas eleições diretas e criar o cenário ideal para legitimar a retirada de direitos dos trabalhadores.

Ao final do dia 26, o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, denunciou criminalmente o presidente Michel Temer. Tal fato abre uma real possibilidade para as eleições indiretas. A crise é forte na base governista e a pressão do mercado para aprovação das reformas é grande. Após passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o relatório vai a votação no plenário da Câmara dos Deputados. E caso dois terços dos deputados (342 de 513) votem a favor, o parecer vai para o STF. Os 11 ministros votam para decidir se o presidente vira réu. Em um quadro de aprovação, Michel Temer fica suspenso por 180 dias do cargo.

As duas situações expostas caminham na direção das eleições indiretas para a presidência da república. Uma saída que não possui lastro popular, mas que abre a condição necessária para eleger um nome não esteja imerso nas denúncias de corrupção e possua legitimidade para levar adiante as medidas do ajuste fiscal.

Diretas vs Indiretas

São com esses determinantes que devemos pensar uma alternativa para a crise política do país. Apesar das diferenças entre as frações da burguesia, seus interesses caminham para  pactuar a saída de Temer. É preciso apresentar uma alternativa. As eleições diretas não nos fornecem o contexto ideal, mas é o que apresenta maiores condições de mover o conjunto da população para derrubar o governo com as nossas mãos e impedir de vez a aprovação das reformas.

Estamos de março pra cá vendo o fortalecimento das nossas mobilizações, com os atos do 8 de março, a realização da greve geral no dia 28 de abril e o forte ato em Brasília na última semana de maio. E é nesse caminho que devemos caminhar. Forjar um programa que contenha o não pagamento da dívida pública, a taxação das grandes fortunas, o confisco das empresas envolvidas em corrupção. A esquerda volta a tomar para si as ruas e radicalizar nas suas ações.

* Esse artigo representa as posições do autor e não necessariamente a opinião do Portal Esquerda Online.