Um Congresso sob suspeita não pode mudar a previdência e os direitos trabalhistas
A investigação sobre o envolvimento de 108 pessoas no esquema de corrupção alvo da Operação Lava-Jato foi autorizada. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin tornou público os nomes na tarde desta terça-feira.
O presidente Temer é citado nos pedidos de aberturas dos inquéritos. Mas como ele é presidente em exercício, não pode ser investigado. Mas oito de seus ministros serão alvo de investigação. Se algum dos investigados virar réu, será que Temer vai cumprir a promessa de demiti-lo?
No congresso a situação não é melhor. Serão 29 senadores investigados, 36% do total de 81. O presidente da casa, Eunício de Oliveira, (PMDB-CE) está entre eles. Na Câmara dos Deputados, serão 42, 8% do total, incluindo aí o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ). A investigação também vai envolver governadores de 12 estados e políticos de todas as esferas.
E eles querem aprovar as reforma previdenciária e trabalhista…
Como um Congresso encharcado de lama tem moral para aumentar a idade da aposentadoria? E para mudar as leis trabalhistas? Eles dizem que o povo deve fazer sacrifícios senão a previdência vai quebrar. Dizem que acabar com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) vai ajudar o trabalhador. Devemos acreditar neles?
Se os senadores sob suspeita fossem impedidos de votar, a reforma não teria votos suficientes para ser aprovada. Um parlamentar que não tem credibilidade e vota em uma medida que é rejeitada por 79% da população é um legítimo representante do povo? Não!
Mas eles não estão nem aí. Querem mudar a Constituição para obrigar a pessoa a contribuir 49 anos para ter aposentadoria integral. Querem que todo trabalhador se aposente no mínimo aos 65 anos. Isso alegando um falso rombo na previdência. E querem mudar a lei para que patrões não sejam mais obrigados a conceder direitos aos funcionários.
O autor dessas propostas é Michel Temer, que tem menos credibilidade ainda. É rejeitado por mais de 70% dos brasileiros, está envolvido com os escândalos de corrupção e tem um ministério mais sujo que pau de galinheiro. Que moral ele tem para dizer que os trabalhadores devem aceitar essas reformas?
O PT e a corrupção
É uma vergonha que o PT, que nasceu dos movimentos sociais e mantem grande peso entre os trabalhadores, tenha governado por 13 anos associado ao que existe de pior na política brasileira. O PT tornou-se parte do sistema, e por isso também se envolveu em tantos esquemas de corrupção. Não foi o PT que levou a corrupção para os palácios, como diz a grande mídia. Foi a ida do PT aos palácios e as relações espúrias que este partido constituiu com os legítimos representantes da classe dominante que corrompeu o partido que a classe trabalhadora constitui nas lutas das décadas de 80.
Esquerda socialista não entra na lista
Políticos de 15 partidos foram citados na lista de Fachin. Isso mostra que a corrupção não é apenas um problema de um grupo, mas é parte do sistema político do país. Mas nem tudo é desespero: nenhum militante do PSOL, do PCB e do PSTU foi citado.
Estes partidos são compostos por militantes que estão nas lutas da classe trabalhadora, das mulheres, dos negros e dos LGBTS. São militantes da esquerda radical, que não fizeram parte dos governos do PT.
Isto mostra a importância de união da esquerda socialista é uma necessidade para as lutas de agora e para as eleições de 2018. Devemos oferecer ao povo uma alternativa aos corruptos e à direita reacionária.
A solução é ir para a luta
Não existe salvador da pátria. É o próprio povo organizado e mobilizado que deve encontrar a saída. Dia 28 tem uma greve geral contra as reformas. Uma forte mobilização vai mostrar a estes políticos que nós não aceitamos que eles tirem nossos direitos.
Os trabalhadores de ônibus, metrô e aeroportos do país inteiro já estão mobilizados. Professores, trabalhadores dos Correios, metalúrgicos e trabalhadores de outras categorias também estão preparados.
Cada um de nós e parte da solução. Apenas nossa luta vai mudar nossa vida. Somos nós os donos de nosso destino, e não os políticos cada vez mais sujos em escândalos de corrupção.
OS ALVOS DOS INQUÉRITOS
MINISTROS
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP)
Blairo Maggi (PP)
Bruno Araújo (PSDB-PE)
Eliseu Padilha (PMDB-RS)
Gilberto Kassab (PSD-SP)
Helder Barbalho (PMDB)
Marcos Pereira (PRB)
Moreira Franco (PMDB-RJ)
SENADORES
Aécio Neves (PSDB-MG)
Antônio Anastasia (PSDB-MG)
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
Ciro Nogueira (PP-PI)
Dalírio Beber (PSDB-SC)
Edison Lobão (PMDB-PA)
Eduardo Braga (PMDB-AM)
Eunício Oliveira (PMDB-CE)
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE)
Humberto Costa (PT-PE)
Ivo Cassol (PP-RO)
Jorge Viana (PT-AC)
José Serra (PSDB-SP)
Kátia Regina de Abreu (PMDB-TO)
Lidice da Mata (PSB-BA)
Lindbergh Farias (PT-RJ)
Omar Aziz (PSD-AM)
Paulo Rocha (PT-PA)
Renan Calheiros (PMDB-AL)
Ricardo Ferraço (PSDB-ES)
Romero Jucá (PMDB-RR)
Valdir Raupp (PMDB-RO)
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)
Fernando Collor (PTC-AL)
DEPUTADOS FEDERAIS
Alfredo Nascimento (PR-AM)
Antônio Brito (PSD-BA)
Arlindo Chinaglia (PT-SP)
Betinho Gomes (PSDB-PE)
Beto Mansur (PRB-SP)
Cacá Leão (PP-BA)
Carlos Zarattini (PT-SP)
Celso Russomano (PRB-SP)
Daniel Almeida (PCdoB-BA)
Daniel Vilela (PMDB-GO)
Décio Lima (PT-SC)
Dimas Toledo (PP-MG)
Fábio Faria (PSD-RN)
Felipe Maia (DEM-RN)
Heráclito Fortes (PSB-PI)
João Paulo Papa (PSDB-SP)
José Carlos Aleluia (DEM-BA)
José Reinaldo (PSB-MA)
Júlio Lopes (PP-RJ)
Jutahy Júnior (PSDB-BA)
Lúcio Vieira Lima (PDMB-BA)
Marco Maia (PT-RS)
Maria do Rosário (PT-RS)
Mário Negromonte Jr. (PP-BA)
Milton Monti (PR-SP)
Nelson Pellegrino (PT-BA)
Ônix Lorenzoni (DEM-RS)
Paulinho da Força (SD-SP)
Paulo Henrique Lustosa (PP-CE)
Pedro Paulo (PMDB-RJ)
Rodrigo Garcia (DEM-SP)
Rodrigo Maia (DEM-RM), presidente da Câmara
Vander Loubet (PT-MS)
Vicente “Vicentinho” Paulo da Silva (PT-SP)
Vicente Cândido (PT-SP)
Yeda Crusius (PSDB-RS)
Zeca Dirceu (PT-SP)
Zeca do PT (PT-MS)
João Carlos Bacelar (PR-BA)
Arthur Maia (PPS-BA)
GOVERNADORES
Renan Filho (PMDB-AL)
Robinson Faria (PSD-RN)
Tião Viana (PT-AC)
PREFEITOS
Maguito Vilela (PMDB-GO), prefeito de Aparecida de Goiânia e ex-governador
Napoleão Bernardes (PSDB-SC), prefeito de Blumenau
Rosalba Ciarlini (PP-RN), prefeita de Mossoró e ex-governadora do Estado
MINISTRO DO TCU (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO)
Vital do Rêgo Filho
OUTROS
Ana Paula Lima (PT-SC), deputada estadual em Santa Catarina
Cândido Vaccarezza, ex-deputado federal PT
César Maia (DEM-RJ), vereador e ex-prefeito do Rio de Janeiro e ex-deputado federal
Eduardo Paes (PMDB-RJ), ex-prefeito do Rio de Janeiro
Edvaldo Brito (PTB-BA), então candidato ao cargo de senador pela Bahia nas eleições 2010
Eron Bezerra, marido da senadora Vanessa Grazziotin
Guido Mantega (PT-SP) ex-ministro da Fazenda
Humberto Kasper, ex-presidente da Trensurb (empresa de trens de Porto Alegre-RS)
João Carlos Gonçalves Ribeiro, ex-secretário de Planejamento de Rondônia
José Dirceu (PT-SP), ex-ministro da Casa Civil
José Feliciano (PMN-PE), vereador de Cabo de Santo Agostinho-PE
Márcio Toledo, arrecadador das campanhas da senadora Suplicy
Marco Arildo Prates da Cunha
Moisés Pinto Gomes, marido da senadora Kátia Abreu
Oswaldo Borges da Costa, ex-presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais
Paulo Bernardo (PT-PR), ex-ministro do Planejamento
Paulo Vasconcelos, marqueteiro de Aécio Neves
Rodrigo Jucá, filho de Romero Jucá
Ulisses César Martins de Sousa, ex-procurador-geral do Maranhão
Vado da Famárcia, ex-prefeito do Cabo de Santo Agostinho
Valdemar da Costa Neto (PR-SP), ex-deputado federal
Foto: Wilson Dias / Agência Brasil
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