Por: Leandro Olimpio, de Santos, SP
De um lado Santos, cidade que abriga o maior porto da América Latina. De outro, Cubatão, município que é berço de um dos mais importantes polos industriais do país. Esses dois fatos seriam suficientes para colocar a Baixada Santista, no estado de São Paulo, na lista de regiões estratégicas da economia brasileira. Categorias importantes da classe operária brasileira estão aqui: portuários, petroleiros, metalúrgicos e construção civil são alguns exemplos. O potencial para a construção de uma forte greve geral é, portanto, sensivelmente alto.
Para a alegria daqueles que relembram os tempos áureos da organização sindical de Santos, coração político desta região, o dia 28 de abril promete voltar a tingir de vermelho a cidade que um dia já foi chamada de “Nova Moscou” e “Cidade Vermelha” por sua tradição de luta e forte presença do antigo partidão (PCB) nos principais sindicatos sediados em Santos.
Na manhã desta terça-feira (11), em reunião na sede do Sindicato dos Petroleiros, dirigentes da Frente Sindical Classista e representantes das centrais sindicais na região se reuniram para intensificar os preparativos para a greve geral. Parte do encontro foi dedicado à escolha das táticas que devem ser usadas para paralisar as cidades, o que inclui a possibilidade de bloqueio de vias importantes. Quais acessos serão bloqueados, de que forma, por quanto tempo, evidentemente não foi e nem será divulgado: faz parte do pacote de surpresas que o movimento pretende concentrar para garantir o sucesso da empreitada.
Uma greve pela base
Se por um lado os piquetes nas estradas e principais avenidas garantem um impacto generalizado, inclusive para aqueles trabalhadores que seriam obrigados se dirigir normalmente aos seus locais de trabalho, por outro traz uma preocupação relevante: como garantir que tais medidas não joguem a população contra os manifestantes, como garantir que os trabalhadores sejam incorporados a este dia?
Diante desse risco, os próximos dias serão de dedicação exclusiva à divulgação massiva da greve geral. Panfletagens massivas nos principais pontos de circulação das cidades, dentre eles terminais de ônibus, acesso à balsa e barcas, além dos centros comerciais dos municípios, serão realizadas nos próximos dias, inclusive com a circulação de carros de som anunciando a paralisação. Além disso, também haverá nas categorias, em cada local de trabalho, um forte trabalho de divulgação da greve, segundo definiu a reunião.
No caso das categorias, aliás, já existe um movimento positivo de construção da mobilização. Portuários e bancários discutem na próxima segunda-feira (17), em assembleia, a adesão ao dia 28. Na terça-feira (18), será a vez dos petroleiros votarem a adesão à greve. Na mesma semana, com data ainda indefinida, os servidores de Santos também serão consultados em assembleia. E muitas outras categorias também vivem processos semelhantes, seja através de assembleias, plenárias e outras atividades, como foi o caso dos trabalhadores dos transportes do estado que, segunda-feira (10), decidiram aprovar a greve geral no dia 28.
Dia 26, Assembleia Geral terá tarefa de unificar todos os lutadores
Dois dias antes da aguardada greve geral, portanto no dia 26, a Frente Sindical Classista, as centrais sindicais e demais sindicatos que vêm construindo o dia 28 na região realizam uma grande Assembleia Geral com todos os ativistas, movimentos e lutadores para discutir e definir os últimos detalhes desta mobilização.
A atividade, que acontecerá às 19 horas, na sede do Sindipetro-LP (Avenida Conselheiro Nébias, 248, Vila Mathias, Santos), será fundamental para garantir a construção de uma greve que unifique os trabalhadores aos estudantes e demais movimentos. A aliança da classe trabalhadora com a juventude e demais setores em luta é estratégica para politizar a luta e ganhar a opinião pública.
É importante também que até a assembleia geral sejam discutidas as melhores formas de incorporar todos ao dia 28 de abril. Neste sentido, a realização de um ato unificado no final do dia é peça-chave desta greve: seja para reunir todos aqueles que lutaram ao longo do dia, seja para incorporar aqueles que não tiverem condições de participar da greve. Mais do que isso, é uma oportunidade ímpar, no calor da luta, para fazer um balanço coletivo do dia e já pautar as próximas tarefas.
Afinal, embora lutemos para que o dia 28 seja o maior dia de luta das últimas décadas, lutamos também para que seja apenas o início. A luta por nenhum direito a menos não pode parar.
Foto: reunião da Frente Sindical Classista com demais centrais sindicais para construção da greve geral na região
Comentários