Por: Lucas Ribeiro, de São Paulo
O Brasil vive um ascenso da luta das mulheres. Atitudes machistas estão sendo repudiadas sistematicamente, em especial por mulheres jovens que decidiram não se calar perante agressões físicas e psicológicas. Nos últimos dias, casos envolvendo personagens da TV tomaram conta das redes sociais e ganharam grandes proporções.
Um dos casos de grande repercussão envolve a jornalista Raquel Sheherazade e Silvio Santos, dono do SBT. Em uma premiação, Silvio Santos diz a sua empregada que não a contratou para ela dar opinião política no telejornal do SBT. Silvio ainda acrescentou que a contratou para que ela, com “sua beleza e voz, ler as notícias”. Silvio segue com “brincadeiras” sobre a vida pessoal da jornalista num forte tom constrangedor e machista.
Precisamos ser contra o machismo ou qualquer forma de opressão. Nenhuma atitude opressora pode ser perdoada ou deixada passar sem problematização, textão, hashtag, campanhas… independente contra quem seja.
Numa guerra, nem todas as armas são válidas. O século XX demonstrou que os que querem transformações radicais nessa sociedade que vivemos não poderão usar armas de destruição em massa, tortura ou perseguição física contra quem pensa diferente. Toda vez que assimilamos o método dos opressores, nos desviamos do nosso caminho e muitas vezes isso não tem mais volta.
Não podemos usar do machismo contra qualquer mulher, mesmo ela sendo uma inimiga raivosa das nossas ideias. Entretanto, não apoiar a opressão contra inimigos não pode ser confundida com solidariedade aos mesmos.
A apresentadora do telejornal do SBT é a porta voz dá ultradireita brasileira na televisão aberta. São opiniões sem filtro, de quem só tem como objetivo destilar ódio de classe contra os trabalhadores, contra os negros, as mulheres que lutam, as organizações da esquerda, em suma, puro reacionarismo. Já esquecemos da opinião de Raquel sobre o grupo de justiceiros de classe média do Rio de Janeiro que acorrentou um adolescente negro num poste? E da sua campanha adote um bandido?
Não podemos ter dúvida de afirmar categoricamente que Sheherazade é tão perigosa quanto Bolsonaro. Na verdade eles são parte do mesmo movimento, atacando em frentes diferentes.
Nossa solidariedade não é para todos! Ela tem um filtro. Para ter nossa solidariedade, é preciso estar no nosso campo, do nosso lado da trincheira. Por isso que historicamente chamamos de solidariedade de classe. Quem serve a classe opressora não pode ter nossa solidariedade. Ou o negro escravizado tinha solidariedade com o seu capataz?
Hoje denunciaremos o machismo de Silvio Santos, sem ter nenhuma solidariedade a Raquel Sheherazade.
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