Por, Gizelle Freitas de Belém
Seguindo a tenebrosa realidade de trabalhadores e trabalhadoras rurais no Pará, nesse dia 20 de março de 2017, foi registrado o assassinato sumário de Waldomiro Costa Pereira (os motivos ainda não foram divulgados) um dos principais líderes do MST na região (militante do MST desde 1996), atualmente não participava das instâncias de direção do movimento, e ocupava um cargo de assessoria na Prefeitura de Parauapebas. Ele estava há dois dias internado, após sofrer um atentado no próprio sítio. Um grupo de homens encapuzados invadiram o hospital de Parauapebas, e foram direto à UTI onde estava Waldomiro, há imagens que registraram toda a ação. Portanto, há como identificar os assassinos e chegar até os mandantes.
O número de assassinatos no campo no ano de 2016 superou a quantidade ocorrido no ano de 2015, segundo dados da CPT (comissão pastoral da terra). Esse dado fez o ano de 2016 o mais violento no campo desde 2003. O Estado do Pará ocupou o terceiro lugar em se tratando desse tipo de crime, inclusive nosso Estado é conhecido nacionalmente por conta de diversos massacres (como de Eldorado dos Carajás) de pequenos agricultores, camponeses, ativistas em defesa da floresta, militantes do MST, indígenas, líderes quilombolas.
No dia 12 de dezembro de 2016 completou 11 anos do assassinato da missionária Dorothy Stang, morta num assentamento próximo a cidade de Anapu, no sudoeste do Pará, Dorothy era considerada mais um grande empecilho para os latifundiários da região, afinal a irmã lutava pela reforma agrária, poderíamos citar uma lista gigante de ativistas que tiveram o mesmo fim, como do casal extrativista José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, assassinados em Nova Ipixuna no Pará, no dia 24 de maio de 2011, por denunciarem atividades de madeireiras na região. Proporcionalmente é gigante a impunidade que ronda todos os casos, a própria CPT considera “vergonhosa” a baixa quantidade de mandantes e pistoleiros condenados nas últimas três décadas. É um fato histórico que a grilagem de terra avança em todo território nacional, principalmente, na Amazônia, promovendo perseguições, ameaças de morte, assassinato às lideranças camponesas.
Os governos do PT não promoveram a tão sonhada reforma agrária, nem sequer minimizou a violenta realidade no campo, e tinha como grandes aliados, ruralistas e representantes do agronegócio, mas como o que está ruim ainda pode piorar, o governo Temer extinguiu o Ministério do Desenvolvimento Agrário, a pasta foi transformada na Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, vinculada à Casa Civil. Não satisfeito também extinguiu a Ouvidoria Agrária Nacional, encarregada de prevenir e mediar os conflitos no campo.
É fato que a impunidade impulsiona mais assassinatos no campo. O governo do Estado do Pará comandado por Simão Jatene (PSDB), deve ser responsabilizado, afinal é negligente também em se tratando de segurança da população, e pela falta de disposição política em apurar e punir crimes dessa natureza.
Foto: Imagens da Câmera de Segurança do Hospital divulgada pela Rede Brasil Atual
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