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OPRESSÕES

A morte de João importa! #BoicoteAoHabib’s

Por: Morghana Benevenuto, de Porto Alegre, RS

Na noite de domingo (26/02), o adolescente de treze anos, João Victor, foi brutalmente espancado, após sofrer ameaças dos seguranças e gerente da unidade Vila Rica Cachoeirinha da rede de Fast Food Habib’s, por pedir alimento e dinheiro do lado externo do estabelecimento.

Após a agressão, João foi arrastado – como mostra um vídeo que foi liberado recentemente – até uma calçada onde faleceu.

O atestado de óbito diz que o adolescente morreu de uma parada cardiovascular, mas o pai do menino alega que Victor nunca apresentou nenhum sinal de doença cardiovascular ou algo parecido, e protesta o fato do resultado do atestado ter saído tão rápido (na mesma semana do incidente). Normalmente para alegar morte em decorrência de parada demora cerca de um mês.

Silvia, vizinha da família, catadora de lixo e vendedora ambulante presenciou toda a situação, e quando chegou à polícia tentou testemunhar, mas os policiais não a deixaram dar seu depoimento e só registraram o Boletim de Ocorrência nove horas depois – tempo suficiente para o estabelecimento desaparecer com todas as provas. Além disso, a vizinha da família só conseguiu prestar depoimento porque foi voluntariamente ao 28º DP, e as investigações só iniciaram na quarta-feira (1/03).

A necessidade de reconhecer esse crime como um crime de cunho racista
A negligencia nas investigações do caso João Victor, para nós, negros e negras, prova mais uma vez que a polícia tem cor, e é branca. Enquanto os negros são sempre os suspeitos. Infelizmente, esse crime tão brutal é comum e banalizado nas grandes cidades brasileiras. Tão banalizado que a maioria das grandes mídias nem ao menos reportou o caso. E algumas mídias alternativas trataram de denunciar a brutalidade do Habib’s tiveram dificuldade de reconhecer esse crime como uma questão racial também.

Hoje, no Brasil, a cada 23 minutos um jovem negro é morto, e se não é pelas mãos da polícia os casos são negligenciados por ela.

Manifestações de protesto ao assassinato de João e por um Boicote ao Habib’s
A União dos Coletivos Pan Africanistas e familiares de João Victor organizaram manifestações contra a rede de Fast Food. A unidade Habib’s Vila Rica foi palco de protestos contra o estabelecimento e a morte do menino, protagonizado pelos familiares e amigos. E, em São Paulo, a unidade na avenida Itaberada, na quinta-feira (2/03), os coletivos, movimentos negros e alguns partidos de esquerda mobilizaram-se por um Boicote ao Habib’s e por justiça.

Toda mobilização é necessária, principalmente em um momento que vivemos um avanço de ideias reacionárias, e discursos como do MBL (Movimento Brasil Livre) e de figuras como Jair Bolsonaro são usados para justificar as mortes dos jovens negros, além de reforçar a violência contra os oprimidos.

O genocídio da juventude negra é uma epidemia causada pelo próprio Estado, e alimentada pela imensa desigualdade social do Brasil, que cresce cada vez mais com o fortalecimento e avanço da Direita.

Casos como esse nos mostram a centralidade do debate de opressões não só no cotidiano de militantes, mas no cotidiano de uma juventude negra, já proletária, que sente a necessidade, cada vez mais latente, de combater e resistir às diversas práticas racistas que o sistema os impõe para não serem combatidos.

#VidasNegrasImportam #BoicoteaoHabib’s

Foto: Sérgio Silva