EDITORIAL 2 DE MARÇO |
Existe uma máxima no Brasil de que o ano somente começa depois do Carnaval. Enquanto muitos brasileiros se recuperavam dos dias de folia, novas cenas da crise política nacional já surgiam em plena quarta-feira de cinzas, mais uma vez expondo que 2017 é uma continuidade da política brasileira consolidada pelo golpe parlamentar e pela Operação Lava Jato, em 2016.
Marcelo Odebrecht afirmou em depoimento ao TSE na ação de impugnação da chapa Dilma-Temer que doou R$ 150 milhões à chapa presidencial vitoriosa em 2014 em forma de caixa dois. Além disso, denunciou que foram feitas contribuições em caixa dois para as campanhas de Aécio Neves (PSDB), Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva (Rede), então candidata a vice de Campos na chapa do PSB. Para o PMDB, a empreiteira financiou em caixa dois R$ 10 milhões por intermédio do braço direito de Temer, Eliseu Padilha que ficou com 4 milhões e outros 6 milhões foi para Paulo Skaf( Presidente da FIESP).
O depoimento confirma que todos os principais candidatos (os quatro primeiros colocados), com exceção da candidatura de Luciana Genro (PSOL) receberam caixa dois da Odebrecht. Cabe ressaltar que Zé Maria(PSTU), Mauro Iasi(PCB) e Rui Costa Pimenta( PCO) também estão fora da lista da odebrecht.
O presidente da construtora afirma também que parte do caixa dois era a contrapartida pela aprovação de medida provisória em 2009 que beneficiava sua empresa, expondo, assim, as relações espúrias entre os poderes Executivo e Legislativo com as grandes empresas nacionais e internacionais.
Por uma saída independente: eleições gerais para presidente e para o Congresso Nacional
Estamos perante o governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB), produto de um golpe parlamentar. Um governo odiado pela imensa maioria da população brasileira, sem nenhuma legitimidade popular e que está aplicando um ataque brutal a direitos históricos da classe trabalhadora e está aprofundando a entrega da soberania nacional para o imperialismo. Por isso, defendemos Fora Temer com toda as nossas forças.
Tudo indica que a burguesia tem um plano B para o caso de Temer não aplicar a fundo o ajuste e aprovar as reformas. A cassação da chapa Dilma-Temer no TSE, assumindo o Presidente da Câmara e, posteriormente, a eleição indireta para Presidente da República, abrindo a possibilidade de um governo “técnico”. Essa saída para a crise nacional é tão reacionária quanto foi o golpe parlamentar. Não reconhecemos no Judiciário e nesse Congresso corrupto nenhuma autoridade para dar uma saída que defenda os interesses do povo brasileiro na crise. O programa de todos eles (Temer, Judiciário, Congresso e da burguesia) é aprovar as reformas.
Embora exista o Plano B, a burguesia brasileira e os setores mais abastados das classes médias seguem apoiando Temer e a aliança envolve mais de 400 deputados na Câmara dos deputados e a maioria do Senado. O governo é impopular como poucos na história do Brasil mas é alicerçado sobre a base do golpe parlamentar, aplicar o ajuste e as reformas. Essa aliança e a aplicação desse programa é a força que tem o governo apesar da baixa popularidade.
Os trabalhadores devem buscar uma saída independente. Não existem atalhos nessa luta política. Não podemos surfar na onda de Sérgio Mouro, do TSE, STF ou das organizações Globo.
É preciso, em primeiro lugar, fortalecer a resistência contra as reformas de Temer. Neste sentido, as mobilizações do Dia Internacional da Mulher (8 de março) e o dia de luta contra a Reforma da Previdência (15 de março) são um primeiro passo de uma ação independente dos trabalhadores.
Somente o movimento organizado da classe trabalhadora, com os sem-teto, sem-terra , estudantes, movimentos de opressões e demais movimentos sociais podem alterar a correlação de forças desfavorável que temos no país desde as mobilizações da direita e a aprovação do impeachment no Congresso Nacional.
No marco dessa mobilização de resistência devemos defender com todas as nossas forças que o povo tem que ser chamado a votar para presidente e para o Congresso Nacional e que não podemos aceitar o governo ilegítimo de Temer, ou uma saída do Judiciário e do Congresso Nacional para a crise que envolva eleições indiretas.
Nossa linha editorial vem defendendo também a necessidade da construção de uma Frente de Esquerda que apresente aos trabalhadores uma alternativa à direita e ao PT. Essa frente deve ser impulsionado pelo Psol, MTST, Pstu , Pcb, organizações sem legalidade e movimentos sociais.
A saída independente para a crise nunca esteve tão ligada à força de ação do proletariado brasileiro. São nessas forças que devemos confiar.
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