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BRASIL

O irresponsável rombo de Bolsonaro

Governo Bolsonaro deixou um déficit de 400 milhões de reais.

Por Fernanda Rodrigues/FONASEFE 

Na tarde de sexta-feira, 4 de novembro, o Twitter foi inundado pela hashtag “Jair quebrou o Brasil”. O tema ganhou grande visibilidade após a denúncia de Meirelles sobre o grande rombo financeiro que o governo Bolsonaro está deixando ao fim de seu mandato.

Apesar do discurso de Paulo Guedes, atual ministro da Economia, sobre responsabilidade com as contas do país e a necessidade do esvaziamento nos investimentos em saúde, educação e programas sociais, o governo Bolsonaro deixou um déficit extraordinário. O rombo de Bolsonaro foi inicialmente calculado em R$ 150 bilhões, mas Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, declarou numa entrevista à rádio CBN que o prejuízo chega na casa dos R$ 400 bilhões.

Com o processo de transição do governo Bolsonaro para o então eleito governo Lula, transparece a realidade de que o discurso do país de economia forte, sendo um dos poucos que crescia no mundo e que reduzia inflação era na verdade falso.

O estrago foi causado, em especial, por sucessivos descumprimentos do tão aclamado “teto de gastos”. Em dezembro de 2021, a aprovação da PEC dos Precatórios trouxe impacto de R$ 105 bilhões, e em julho deste ano, a PEC Kamikaze gerou um custo de R$ 41 bilhões a mais do que previa o teto. Esta última permitiu Bolsonaro comprar votos às pressas por meio de benefícios sociais através de uma manobra ilegal e criminosa.

Globalmente, a irresponsável herança de dívidas deixada pelo governo Bolsonaro também pode impactar o país em entidades internacionais. O Brasil corre o risco de perder o direito a voto na FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) já que sua última contribuição plena foi em 2019. O Brasil nunca antes perdeu seu direito de voto na entidade, que foi essencial na implementação do programa Fome Zero, mandando em 2002 uma missão especial que permaneceu por semanas no Brasil.

Nas contas internas do país, um conjunto de buracos foi deixado na Lei Orçamentária de 2023. Uma série de verbas que deveriam estar no orçamento, não foram contempladas. A necessidade de reestruturação de políticas sociais fundamentais para a manutenção do funcionamento do Estado brasileiro, como o retorno aos investimentos nos órgãos de fiscalização ambiental e a Farmácia Popular, não cabe dentro do orçamento herdado. O mesmo acontece para o custeio das universidades federais, inclusive com algumas estando sob real risco de serem fechadas por não terem verbas para seguirem funcionando. No serviço público, o governo Lula também passará por um grande desafio frente a falta de reajuste salarial que impacta os servidores federais a mais de 4 anos. Não houve previsão orçamentária para reajuste, e tendo os servidores como forte base de apoio de sua campanha e posteriormente de seu governo, Lula precisará dar resposta ao congelamento. Não é só uma questão financeira, mas sim política: Bolsonaro deixou uma verdadeira armadilha, e o próximo governo já começará o mandato precisando renegociar toda a questão orçamentária para contemplar despesas fundamentais.

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