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BRASIL

Bolsonaro muda a tática, mas mantém estratégia golpista

Gloria Trogo, executiva nacional do PSOL
Reprodução

No discurso publicado há pouco nas redes sociais, Bolsonaro condena o fechamento de rodovias. Os prejuízos econômicos certamente afetaram seus apoiadores. Entretanto, o Presidente mantém a estratégia golpista ao afirmar abertamente que as manifestações são legítimas e democráticas, o que é absolutamente falso.

Mobilizações golpistas que reivindicam uma intervenção militar para mudar o resultado das urnas não são parte do jogo democrático desde que sejam “pacíficas”. Elas são uma apologia à violência, ao ódio, à subversão da democracia.

Democracia não é liberdade ilimitada, porque não pode haver liberdade para ferir a liberdade de outros. Isso está muito nítido na Constituição de 88. A liberdade de manifestação e expressão deve ser interpretada em consonância com o princípio da dignidade humana e a defesa do Estado Democrático de Direito.

É muito grave que o Presidente da República use seu cargo e suas redes sociais para fazer um pronunciamento em defesa das mobilizações que ocorreram por todo o país no dia de hoje. Este movimento não foi espontâneo, foi centralizado e articulado pela rede criminosa do Bolsonarismo.

A rejeição aos bloqueios de estradas não deve nos fazer menosprezar o recado dado pelo Presidente para sua base social. A linha agora é repetir atos como os que ocorreram hoje.

Há muitas formas de matar uma democracia. No século XXI este tema já foi objeto de inúmeras publicações e, na história recente do Brasil, nós vivemos um golpe de tipo distinto, um golpe parlamentar.

Bolsonaro pretende não apenas questionar o resultado das eleições, como também manter uma força reacionária que se transforme em obstáculo para o futuro Governo Lula. Há um movimento tático e estratégico em curso.

Neste momento não podemos depositar nossas esperanças nas instituições que estão corroídas por dentro pelo neofacismo. Devemos sim exigir que o Ministério Público, o Poder Judiciário e a Política cumpra seu papel. Mas isso é insuficiente, é urgente tomar iniciativa das ruas. Vencemos nas urnas, agora nossa vitória precisa ser comemorada e consolidada em mobilizações expressivas.