As Olimpíadas são o principal palco do esporte mundial e nela acontecem grandes histórias. Nos anos 90 o esforço de valorização do esporte em Cuba mostrou pro mundo uma geração no vôlei feminino que dominou a modalidade e conquistou o feito inédito de trazer três ouros seguidos de um esporte coletivo.
O esporte em Cuba
Desde o início da Revolução Cubana a educação é uma das prioridades na Ilha e o esporte caminha junto com esse desenvolvimento educacional, pois só é possível desenvolver grandes atletas partindo da base. O esporte em Cuba é um direito. Um direito que pode ser acessado por todos e que é visto como um patrimônio do país.
No começo da Revolução Fidel disse a frase: “Estamos decididos a promover o esporte para que se transforme em um direito do povo” e esse lema segue exposto em vários centros esportivos e guia o governo no que concerne ao desenvolvimento dos esportes.
Após 16 anos do triunfo da revolução, nas Olimpíadas de 1976, o primeiro grande resultado de Cuba se mostrou com 13 medalhas nos jogos olímpicos e 136 medalhas nos jogos pan-americanos. Era o início de grandes resultados e vitórias em diversos esportes.
O boxeador Teófilo Stevenson é um dos grandes nomes do esporte cubano, venceu três ouros seguidos nas Olimpíadas de 1972, 1976 e 1980. Ficou ainda mais famoso por recusar o dinheiro dos empresários de luta dos EUA para continuar defendendo Cuba.
As Morenas do Caribe
Na década de 90 surgiu a maior geração do vôlei Cubano, formado por jogadoras que atuavam na Ilha o time começou as suas conquistas no Pan de 1991 realizado em Cuba e a partir daí foram 3 ouros olímpicos e dois campeonatos mundiais em 9 anos. Um domínio assustador que é raríssimo nos esportes coletivos.
Por conta dos bloqueios Cuba ficou fora dos jogos de 1984 e 1988, por isso essas jogadoras estavam sedentas por ganhar campeonatos e eram desconhecidas da maioria dos países.
No torneio de 1992 a seleção venceu todas as partidas e na final derrotou os Estados Unidos, rival histórico por motivos políticos, conquistando um ouro que muitos não esperavam e firmando jogadoras entre as maiores no esporte na época.
“O que nos motivava para chegar a essas vitórias foi principalmente o povo de Cuba. Nosso povo é muito esportivo e uma das alegrias que poderíamos dar a eles eram as nossas vitórias” Regla Torres.
Salta, Chica!
No mundial de 1994 começou a intensa rivalidade com a seleção Brasileira, a sede do torneio foi no Brasil e as Cubanas levaram o torneio vencendo a final em cima das donas da casa. Duas gerações excepcionais se enfrentaram e as atuais campeãs olímpicas conseguiram se sobressair.
No Pan de 1995 mais um ouro cubano em mais uma final contra os Estados Unidos. Domínio completo da seleção que ganhou o apelido de As Morenas do Caribe por serem todas mulheres negras vindas justamente do Mar do Caribe e das classes populares como parte desse projeto de inclusão pelo esporte e pela educação.
Nos jogos olímpicos de Atlanta em 1996 mais um confronto Brasil x Cuba, dessa vez na semifinal, e mais uma vitória Cubana. Esse jogo ficou marcado pelas provocações “Salta Chica” gritavam as cubanas e no final da partida houve uma confusão generalizada.
O documentário Pátria, disponível no youtube mostra os bastidores desse jogo com os relatos das jogadoras que estiveram dos dois lados da quadra.
Olimpíada de 2000 a Coroação
O tricampeonato veio em Sidney em 2000 e foi o momento de entrar num local muito exclusivo de equipes que conseguiram se manter tanto tempo no mais alto nível.
Na semifinal outra vitória em cima das brasileiras e na final uma vitória em cima da Rússia e a coroação daquele elenco.
O s destaques daquele time eram a Regla Torres, votada como atleta do século XX no vôlei, e a ponteira Mireya Luiz que encantou o mundo com sua potência nos ataques. O treinador dessa seleção, Eugênio Jorge, apelidado de “O professor” por ser um pioneiro no esporte na Ilha, é também muito celebrado por ter conduzido todo esse ciclo e é considerado o maior treinador do século.
No contexto político essa geração teve seu auge justamente na década mais difícil de Cuba, pois com o fim da União Soviética o regime teve uma queda forte de apoio internacional e viveu anos muito duros com desabastecimento de energia e itens básicos. Essa situação, no entanto não ofuscou o brilho dessas incríveis jogadoras que até hoje são orgulho do seu país.
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