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MOVIMENTO

JONES MANOEL: Sobre nossas responsabilidades…

Gibran Jordão, membro da coordenção nacional da Travessia Coletivo Sindical e Popular
Cuca da UNE

Em resposta ao texto que escrevemos com o titulo “Parte da esquerda no Brasil ainda não entendeu que estamos enfrentando o neofascismo”, o historiador, youtuber e militante do PCB Jones Manoel escreveu um texto intitulado “O direito de escolher um caminho, não de negar a realidade”.

Para nossa surpresa o texto de Manoel não respondeu o principal questionamento do nosso texto: “Quais os reais motivos que parte das organizações que sempre compuseram essa campanha de sucesso (Campanha Fora Bolsonaro), resolveram rachar e fundar o movimento  “Povo na Rua”?. Além de não fazer o menor esforço de fundamentar uma resposta sobre nosso questionamento, se esforçou em demonstrar (embora sem sucesso), que nossas posições fazem parte de “uma defesa apaixonada do PT e do lulismo e a subordinação tática de toda esquerda ao petismo”. Qualquer pessoa minimamente informada sobre o tema, se ler o nosso texto e a resposta de Jones Manoel, vai perceber facilmente que falamos de alhos e a resposta foi bugalhos.

Nossa defesa central é a importância da Frente Única, que se expressa hoje na Campanha Fora Bolsonaro, e o seu papel decisivo na mobilização social contra o governo nesse momento de maior desgaste da sua popularidade. Ou seja, a defesa da Frente Única para mobilização nas ruas contra o neofascismo não é a mesma coisa que defender uma Frente Ampla eleitoral entre a esquerda e setores da direita para 2022. Aliás, em relação ao tema da Frente Ampla, nós temos posição oficial contrária, já publicada, e é o oposto do que diz Manoel. Defendemos uma Frente de Esquerda, sem alianças com a direita, e com um programa de enfrentamento com o neofascismo nas ruas e nas eleições. Se vai acontecer ou não, depende pouco de nós, mas sim da luta política, que não pode ser abandonada.

OS ATOS DO DIA 13J CONFIRMAM A NECESSIDADE DA FRENTE ÚNICA!

A Campanha Fora Bolsonaro é responsável pela convocação dos atos dos dias 29 de maio, 19 de Junho e 3 de julho. Foram atos de muito sucesso nas ruas e nas redes, impactando a conjuntura e ajudando a aprofundar o derretimento da popularidade do governo. Isso só foi possível porque a política de Frente Única para lutar é o caminho mais correto, por conseguir mobilizar (mesmo que ainda tenha limitações) o conjunto da classe trabalhadora, dos movimentos sociais e da juventude. Sozinhos ou um punhado de frações das forças de esquerda no país, não conseguiriam tal façanha, principalmente porque não estamos num grau de mobilização no Brasil comparável, por exemplo, ao que ocorreu no Chile no ultimo período.

Os atos do dia 13J convocados pelo “Povo na Rua”, por mais seriedade, organização, disposição e combatividade que possam ter, foram manifestações de ultra vanguarda, insuficientes para o tamanho do desafio que temos pela frente e que na pratica estão sendo usados apenas para autoconstrução, autoproclamação e para jogar desconfiança na Campanha Fora Bolsonaro. E é exatamente aí que mora a nossa critica aos companheiros, pois não acreditamos que dividindo o calendário de lutas e convocando atos minúsculos seja o melhor caminho para derrubar Bolsonaro, pelo contrário.

Se formos sinceros entre nós, a verdade é que precisamos ampliar ainda mais o alcance da Campanha Fora Bolsonaro, e se possível for, construir inclusive taticamente a unidade de ação com todos aqueles (incluindo setores da direita) que queiram lutar em relação a um único ponto: a derrubada do governo Bolsonaro. Assim como fizemos a unidade de ação em relação ao pedido de super impeachment.

Se não for assim, significa que não estamos levando a sério a caracterização que estamos diante de um inimigo neofascista que apesar de estar num mau momento, ainda não está derrotado e pode se recuperar. O dia 13J do “Povo na Rua”, só faltou o mais importante, o povo!

SOBRE NOSSAS RESPONSABILIDADES…

Não há duvidas sobre a seriedade e a combatividade das forças políticas que constroem hoje o movimento “Povo na rua”, não é isso que está em questionamento.

Nossa preocupação se concentra na defesa da Campanha Fora Bolsonaro que é o instrumento que se provou ser mais potente até agora para a mobilização nas ruas e nas redes. Quem atuar para dividir ou dispersar forças dessa importante experiência de frente única, seja por interesses eleitorais em 2022 ou por táticas ultra esquerdistas, vai acabar de alguma forma prejudicando a luta unitária contra Bolsonaro.

Não somos indiferentes em relação às posições erráticas de setores petistas que se colocaram contra os atos, como também não vamos cometer a injustiça de dizer que a militância petista não está participando da campanha Fora Bolsonaro. Pelo contrario, são hoje um dos seus pilares, o que é uma derrota para as lideranças do PT que só pensam em 2022.

Não há motivos significativos que nos obriguem hoje a ter que dividir a Campanha Nacional Fora Bolsonaro, pelo simples fato de ser até agora o principal instrumento da esquerda brasileira de mobilização social contra o neofascismo no Brasil.

Por ultimo, acreditamos que o fortalecimento da Frente Única, ajuda a combater a Frente Ampla, a colaboração de classes, facilitando a defesa de uma Frente de Esquerda nas lutas e nas eleições, fechando o caminho para aqueles que querem repetir a desastrosa aliança com setores da direita e da burguesia brasileira, cujo o filme nós já sabemos o final.

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Fora Bolsonaro