A luta dos trabalhadores da Ambev desde o inicio da pandemia

Em março de 2020, Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Alimentação de São José dos Campos e Região entra com pedido de mediação no Ministério Público do Trabalho solicitando isolamento vertical e horizontal aos trabalhadores da Ambev em Jacareí, SP.
Fruto desta mediação, a categoria obtém um acordo de redução de jornada que durou menos de 2 meses.

Em seguida, o Sindicato faz nova representação, questionando os trabalhadores do grupo de risco, obtendo um Termo de Ajuste e Conduta que garantia que todos os trabalhadores pertencentes ao grupo de risco ficassem para fora com seus vencimento e benefícios garantidos, acarretando no afastamento de mais de 130 trabalhadores.

Neste período ocorreu a nossa data base, e, no elenco de reivindicações, estava embutido uma proposta de protocolo de segurança sanitária a se cumprir na fábrica. Apesar de a empresa não atender o pleito dos trabalhadores por inteiro, incorporou várias das nossas reivindicações do protocolo a sua política interna de prevenção ao Covid.

Passado esse período, a empresa, por decisão unilateral, resolveu retornar parte dos trabalhadores do grupo de risco para fabrica, apesar do fato de que, no mesmo período, houve vários casos de contaminação entre funcionários da companhia.

O sindicato voltou a informar o Ministério Público do Trabalho sobre os riscos do retorno destes trabalhadores às suas condições laborais. O resultado foi que o MPT solicitou o afastamento deste contingente de 78 trabalhadores e trabalhadoras, perfazendo 117 trabalhadores e trabalhadoras afastadas com salários e benefícios garantidos.

Neste período, começou um ruído na fábrica que os trabalhadores do grupo de riscos seriam demitidos, mais uma vez, depois de várias reuniões com a empresa, conseguimos um termo de compromisso que nenhum destes trabalhadores seria discriminado por pertencer ao grupo de risco.

Em março, o número de trabalhadores infectados testados positivos pelo Covid na fábrica aumentou consideravelmente, e, neste momento, o Sindicato apresenta uma pauta solicitando adequação no protocolo interno, e também que fosse realizado um distanciamento horizontal na unidade, apesar da empresa ter dado resposta negativa sobre a adequação no protocolo, negando o distanciamento horizontal.

No mês de abril e maio a situação se complicou: o numero de contaminados quase que dobrou. Só no mês de maio tivemos mais de 30 casos testados positivos, e agora, no mês de junho, o cenário se agravou ainda mais, com vários internados em UTI e duas mortes de trabalhadores. Mais uma vez, o Sindicato solicita uma reunião com a companhia e apresenta uma pauta reivindicando o fornecimento exato do número de contaminados na planta, já que, segundo informações extra-oficiais do início da pandemia até agora, tivemos pelo menos 160 testados positivos ao Covid na fábrica. Solicitamos também Testagem em massa de todos os trabalhadores da planta, inclusive os terceirizados, e suspensão da produção por quanto perdurasse a testagem, além da concessão de CAT e ampliação da rede Hospitalar para o Hospital VivaVale da Rede São Luiz Dor.

A empresa demorou quase 15 dias para dar um retorno ao Sindicato, e, depois da morte do primeiro trabalhador neste período, o Sindicato vai à imprensa denunciando a negligência empresa. Após a denúncia pública por parte dos trabalhadores, a Ambev nos atendeu, sendo realizada uma reunião com a gerência local e Representante de relações sindicais, em que a empresa se compromete a fazer a testagem em massa.
Durante este período, foram dezenas de boletins informativos, presenciais e Eletrônicos, dezenas de discussões com a gerência local, e, por último, um ato de solidariedade aos falecidos, reafirmando aos trabalhadores que nossa luta vai continuar por suspensão da produção por 15 dias, em busca da CAT para todos os trabalhadores que testaram positivo e ampliação da rede hospitalar para o Vivalle Hospital, que conta com maior numero de UTI na Região.