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BRASIL

PM de Goiás prende professor por usar adesivo no carro chamando Bolsonaro de genocida

Na abordagem, policial lê artigo da Lei de Segurança Nacional.

da redação

A Polícia Militar de Goiás prendeu, na tarde desta segunda-feira (31) o professor e militante do PT Arquidones Bittes, 59, por ter uma faixa em seu carro onde estava escrito “Fora Bolsonaro Genocida”. O adesivo foi usado nos protestos do #29M em Goiânia.

Vídeos na internet e em páginas de coletivos de comunicação alternativa mostram o momento da abordagem, na cidade de Trindade (G), filmada pelo próprio Arquidones. O policial exige que ele retire o adesivo e ele se nega. O policial, sem máscara, como os demais, chega a ler um artigo da Lei de Segurança Nacional (LSN) para exigir a retirada do adesivo. Arquidones se recusa e repete que Bolsonaro é genocida e que não é só ele que diz isso.

Ele foi preso e levado para a sede da Polícia Federal em Goiânia, onde chegou no início da noite. Antes, os PMs o levaram a uma delegacia, cujo(a) responsável se recusou a registrar o caso. Na entrada na PF, o policial afirma que Arquidones o chamou de vagabundo, o que ele nega. Arquidones ainda acusa ainda os policiais de o terem agredido na prisão. Arquidones é secretário de Movimentos Populares do PT de Goiás e foi candidato a deputado federal em 2018, com 3.018 votos.

O episódio, que ocorre poucos dias após a violenta repressão policial em Recife, mostra a penetração do bolsonarismo e de sua ideologia entre as forças policiais e de segurança, uma grave ameaça para a democracia. E revela a  banalização de instrumentos como o da Lei de Segurança Nacional (LSN), entulho da ditadura militar. Levantamento realizado pela organização de Direitos Humanos Conectas mostra como a LSN está cada vez mais sendo usada em Inquéritos Policiais (IPL), especialmente após 2018, com a ascensão do bolsonarismo.

No dia 04 de maio, a Câmara dos Deputados chegou a votar pela sua revogação, votando em seu lugar, infelizmente, uma legislação que permitirá ataques e perseguições autoritárias, segundo a interpretação de parlamentares de esquerda e ativistas de Direitos Humanos.

 

ATUALIZAÇÃO: O professor foi solto há pouco e concedeu entrevista em frente a sede da Polícia Federal. (22h)

 

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