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BRASIL

29M: Enquanto Estadão e Globo ignoram protestos, mídia independente bomba nas redes. EOL foi um dos destaques

Scarlett Rocha, de Brasília, DF
Reprodução / Twitter Pedro Barciela

Gráfico mostra tamanho reduzido da bolha bolsonarista (2) no Twitter neste sábado, 29

O sábado já pode ser considerado um dia histórico: a hashtag #29MForaBolsonaro foi o assunto mais comentado no Twitter no mundo, durante toda a tarde do sábado, ultrapassando inclusive no tópico da final da Champions League. Foram 1,8 milhão de tuítes ao longo do dia com a hashtag.

O #29M foi gigante nas redes e nas ruas, sendo destaque em veículos internacionais de peso como o britânico The Guardian, o francês Le Monde e o espanhol El País. Mesmo assim, dois dos maiores jornais impressos do Brasil, o Estadão e O Globo, não colocaram como destaque na capa o acontecimento mais importante do dia, que foram as manifestações de ontem, como se não tivessem tido impacto. O Estadão resolveu dar destaque a uma matéria sobre turismo de home office na pandemia e O Globo preferiu destacar o “reaquecimento do PIB”.

Felizmente podemos contar com o trabalho de vários veículos independentes, e com a atuação de centenas de jornalistas, fotógrafos, videomakers e outros profissionais que garantiram a ampla cobertura nas redes e nas ruas do #29MForaBolsonaro, como o Mídia Ninja, o 247, os Jornalistas Livres e tantos outros veículos, além da cobertura colaborativa feita novamente pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, e de entidades que compõem o comitê nacional Fora Bolsonaro.

EOL cresce no #29M

Segundo análise gráfica elaborada pelo pesquisador e cientista de dados Fábio Malini, da UFES, perfis de esquerda e progressistas tiveram amplo alcance no dia de ontem. A bolha bolsonarista ficou reduzida. O Esquerda Online foi um dos perfis mais citados nas redes na cobertura das manifestações por todo o país, com ampla cobertura e transmissão ao vivo em mais de 20 cidades.


Grafo produzido com ferramenta Crowndtangle, com dados do Instagram e Facebook

Segue abaixo um pouco mais da análise do pesquisador Fabio Malini, compartilhado nas redes:

“Está apenas começando o acerto de contas pelas 460 mil mortes provocadas – até aqui – pela negligência planejada por Jair Bolsonaro.
A cada manifestação, uma história diferente. Na de hoje, o protagonismo da UNE e UBES me chamou muita atenção no Twitter. Ambas organizações foram educando suas audiências sobre os protestos, os modos de proteção das pessoas no interior da multidão (com distribuição hoje de máscaras PFF2). A forte adesão de jovens nas manifestações de hoje advém de um “acerto de contas” que emerge como uma espécie de condição psicológica coletiva, comportamento típico de quando se é possível avistar uma realidade pós-pandêmica. Os estudantes estão destruídos, completamente desamparados pelo Estado. Junto com pequenos comerciantes, trabalhadores empobrecidos e idosos, são os maiores prejudicados pela negligência estatal na compra de vacinas.

Nosso acerto de contas cotidiano não cessará.

E foi a lembrança contínua de perdas de familiares que fez a manifestação, hoje, ganhar alta voltagem emocional nas redes. O acerto de contas contra Bolsonaro começou no Twitter com 202 mil participantes, incluídos aí dois pesos pesados advindos do entretenimento, Juliette (com story para seus quase 30 milhões de seguidores) e Gil do Vigor. Com circulação contínua de cartazes de cidadãos relatando amigos e familiares mortos pela política de Bolsonaro, os protestos transformaram o luto em luta. Sem dúvida, a manifestação solitária de Monica Martelli, no meio da multidão, carregando a faixa em homenagem ao amigo Paulo Gustavo, simbolizou em ato a dor daqueles que protestavam ainda em luto.

Passou pelo Facebook, nas últimas 24 horas, seis milhões de interações provenientes de 45 mil posts em páginas e grupos públicos (não entram aqui os publicados pelos perfis).

No Instagram, o impacto foi ainda mais poderoso: 40 milhões de interações em 11.223 postagens, demonstrando ser a rede dos protestos brasileiros”.

Marcado como:
29M / internet