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BRASIL

Carlos Jordy diz que maioria dos servidores está a favor da reforma administrativa

Deputado bolsonarista é servidor público

da redação
Jordy
Reprodução

“A grande maioria do servidor público que trabalha está favorável a esta reforma”. “Ouço, converso com eles e eles são favoráveis. Quem não está sendo favorável? É o pessoal do sindicato, é o pessoal ligado a esquerda”, afirmou o deputado federal Carlos Jordy (PSL-RJ) no início da tarde desta terça-feira, 25, na reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Sem citar pesquisa ou manifestações que sustentem esse apoio, o parlamentar limitou-se a dizer que “conversa com as pessoas”, com servidores da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ), onde é servidor público, licenciado do cargo de analista administrativo. Ele não especificou quais seriam esses servidores nem quantos.

A fala foi criticada na sequência por parlamentares da oposição e, nas redes sociais, por servidores públicos. O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou: “Quero repudiar o deputado que disse que os servidores apoiam a PEC 32. Isso é uma grande mentira. O que há é uma grande resistência.” Ele criticou ainda o preconceito contra os servidores. “Isso é papo de Paulo Guedes, que põe granada no bolso nos servidores, aquele que ele chama de parasita. Mas terá a resposta na hora certa.”

A deputada Erika Kokay (PT-DF) lembrou que até mesmo setores do funcionalismo que apoiaram a eleição de Bolsonaro hoje estão contrários a PEC 32, citando os da segurança pública.

Nas redes, os servidores públicos já começaram as respostas a frase absurda de Jordy. Tatianny Araújo, servidora do Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Rio de Janeiro, respondeu no Twitter: “Deputado Carlos Jordy afirmou hoje na reunião da CCJ que a maioria dos servidores públicos apoia a reforma administrativa. Ai eu fico com o locutor do Guanabara: “Aooonndeeeee????” Aqui no Inca a maioria é contra”. Ela usou a hashtag #PEC32voteCONTRA, que chegou ao topo do Twitter.

Concurseiro, Jordy contou com estabilidade

O deputado também atacou a estabilidade e criticou os concursos. Ele afirmou que “tem gente que fica encostada por conta da estabilidade”, ignorando que a estabilidade é justamente o que protege o servidor para fazer denúncias, como as que foram feitas contra o ministro Ricardo Salles.

No sessão do dia anterior, 24, o parlamentar afirmou que “o serviço público virou um grande negócio”, referindo-se às pessoas que fazem concursos em busca de melhores salários, algo absolutamente normal e feito pelo próprio parlamentar. O deputado foi aprovado em três concursos – na Prefeitura de São Gonçalo, onde tomou posse, na Polícia Federal, onde fez o curso e declinou, e por último, na ANTAQ, em 2014, onde esteve até tornar-se vereador em Niterói (RJ), com apoio da família Bolsonaro.

É possível encontrar um depoimento dele em um site de preparação de concursos, no qual relata sua rotina de estudos e faz referência a estabilidade do servidor, a mesma que agora ele pretende derrubar. “Estudei focado somente no concurso da Polícia Federal, mas sem deixar de lado concursos menores que tivessem matérias afins às matérias do edital da PF. Então em 2011 fui aprovado para Analista de Planejamento e Orçamento do Município de São Gonçalo/RJ, onde adquiri estabilidade e pude obter minha renda para pagar meus estudos.”

EM TEMPO: A PEC 32 foi aprovada nesta terça, 25, em votação na CCJ. O texto seguirá para discussão em uma comissão especial e, após audiências, poderá ir ao Plenário da Câmara. Segundo pesquisas de opinião do Instituto Paraná, em fevereiro, 61,7% dos entrevistados disse desconhecer o conteúdo desta e de outras propostas importantes em debate no Congresso.