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CULTURA

A maldição de Marighella

Carolina Freitas, de São Paulo, SP
Divulgação

Há quase três anos um filme é amaldiçoado pelo governo Bolsonaro e embaraçado pela sua censura a pretextos burocráticos. Não é para menos, ele fala sobre a história de um homem que ofereceu a vida para enfrentar a ditadura brasileira: um comunista revolucionário.

A atmosfera circunspecta eleita por Wagner Moura dimensiona que, por trás do inimigo número 1 do regime ditatorial, monitorado pela inteligência imperialista, houve um homem extraordinário, mas comum; um homem que se uniu a jovens comuns que queriam alçar feitos extraordinários.

Ao desidratar qualquer apelo idólatra, o filme fica grande. A crítica da via guerrilheira não avisa que está ali, mas está. Os erros do homem extraordinário não estão ali, mas estão. Do todo, certamente o melhor são as doses generosas de humanidade da personagem, ofertadas pelo roteiro e pela atuação imperturbável de Seu Jorge.

A coragem humana ali, munida de ideologia e armas, é ainda movida a sonhos de homens triviais em assegurar que seus filhos possam um dia viver em liberdade. A mensagem de ‘Marighella’ então, ao percorrer as mil faces do homem leal, não podia ser mais perigosa, porque lembra que são comuns os homens e mulheres que emprestam atipicamente suas vidas ao combate revolucionário.

Enquanto as pilhas dos nossos mortos aumentam aos milhares diariamente e os nossos gritos parecem entalados pelo horror, o vazamento do filme vem como um sussurro para que nunca, mas sobretudo agora, ninguém esqueça a primeira das lições: quem não luta já está morto.

 

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