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BRASIL

Por um Plano Nacional de Imunização

Caue Campos, pela Coordenação Estadual de Professores e Professoras da RESISTÊNCIA/PSOL
Divulgação Governo de SP

Governo de São Paulo inicia testes com vacina contra o novo coronavírus.

Na tarde desta sexta-feira (11), a diretória estadual da APEOESP decidiu que entrará com ação judicial no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando que os professores sejam incluídos na primeira fase de vacinação do Plano Estadual de Imunização de São Paulo. E ainda, que seja liberada a possibilidade da compra da vacina pelos professores e que o sindicato seja o organizador dessa comercialização. Somos favoráveis a que professores sejam incluídos na primeira fase da vacinação, mas não podemos concordar com a defesa da mercantilização da vacina, como proposto. Nesse sentido, votamos a favor de ingressar no STF, solicitando incluir professores na primeira fase da imunização, porém votamos contra solicitar autorização para comercializar a vacina.

Opinamos que é um grave erro do setor majoritário da APEOESP, em, no mínimo, três âmbitos: sanitário, político e humanitário. Primeiro, é preciso termos entendimento que o estabelecimento das prioridades de vacinação obedece rigorosos critérios científicos, internacionalmente determinados. Por isso, profissionais da saúde e idosos são os primeiros a serem vacinados – os primeiros por serem os mais expostos e que podem mais salvar vidas, e os segundos porque são aqueles que mais morrem pela COVID-19. É justo incluir professores nessa fase, para que seja possível o retorno das aulas presenciais, inclusive porque as aulas só devem voltar quando da vacinação completa da população e redução drástica da taxa de contágio, e é isso que devemos defender, embasados em diversos estudos científicos que já existem.

Segundo, caso a ação da APEOESP seja vitoriosa no STF (no pedido de autorização para comercializar a vacina), abre precedente para que as empresas e os ricos possam comprar as vacinas e se imunizarem. Ou seja, quem tem dinheiro se imuniza e os pobres que morram.

Está é uma posição alheia e estranha à classe trabalhadora e ao movimento sindical, já que reproduz uma lógica neoliberal e individualista. A força dos trabalhadores encontra-se, exatamente, na sua coletividade. Quando partimos para saídas individuais, como a compra de vacinas, estamos fazendo o jogo do inimigo.

A posição da APEOESP deveria ser: vacina gratuita garantida pelo Estado para todos e a construção de um amplo movimento unitário das organizações populares do país em torno a esta bandeira. Essa posição tem embasamento científico inclusive: a imunização só vai ocorrer quando toda população for vacinada. Se deixamos as leis do mercado decidir quem será vacinado, os pobres serão, mais uma vez, secundarizados e a imunização da população será atrasada.
Ao aceitar que cada um compre a sua vacina, estaríamos tirando a pressão para que os governantes vacinem a população. Esse é o grande desejo da política ultra-neoliberal de Bolsonaro/Guedes/Dória, permitindo que eles lavem a mão e não precisem produzir as vacinas.

Além disso, se for permitido a compra individual ou corporativa de vacinas quem lucrará com isso são as grandes empresas farmacêuticas estrangeiras, produtoras das vacinas. Um plano público nacional de vacinação será garantido através de instituições públicas, como o SUS ou o Instituto Butantã – que Dória que privatizar.

A APEOESP e o conjunto das entidades sindicais devem reivindicar um Plano Nacional de Imunização ágil e eficiente

Todos temos pressa pela imunização e retomarmos nossas vidas “normais”, o Plano de Imunização de Dória é lento e pode comprometer todo ano letivo de 2021, é possível executar um plano mais rápido, como na Argentina, que a vacinação inicie já em 2020. Para isso é preciso celeridade na liberação das vacinas pela Anvisa, investimento público na produção e logística de distribuição das vacinas.