A cada dia, o feminismo tem tomado o protagonismo das lutas em vários países. No Brasil, com o avanço do conservadorismo, que ocupou a institucionalidade com Bolsonaro na Presidência e disputou processos políticos importantes nos últimos anos, as mulheres tomaram a frente nos principais movimentos de resistência. ‘Ele não’, ‘Mulheres Derrubam Bolsonaro’, ‘Gravidez aos dez mata’, até o recente ‘Justiça para Mari Ferrer’ são exemplos de que, quando as mulheres se levantam, podem romper barreiras históricas que impactam toda a sociedade. Mais do que isso, demonstram que as pautas que respondem à realidade das mulheres trabalhadoras, jovens, negras, LGBTQIA+ não podem ser mais secundarizadas nos espaços de poder, mas precisam ser representadas em sua totalidade.
Pensando nisso, cinco mulheres, que integram vários movimentos que se encontram no feminismo, decidiram apostar na força da coletividade nessas eleições. Juntas, Silvia Ferraro, Carolina Iara, Paula Nunes, Dafne Sena e Natalia Chaves formam a Bancada Feminista do PSOL, que concorre a uma vaga para a Câmara dos Vereadores de São Paulo.
Bancada Feminista: cinco mulheres de todas as lutas
Professora, travesti intersexo, ativista dos direitos humanos e do movimento negro, trabalhadora de aplicativo, ativistas ecossocialistas e por um veganismo popular compõem a chapa coletiva da Bancada Feminista do PSOL. Conheça cada uma delas e saiba o porquê optaram por um projeto coletivo nessas eleições:
SILVIA FERRARO
Nas últimas eleições, a professora da rede municipal de ensino Silvia Ferraro foi candidata ao Senado pelo PSOL, em São Paulo, e recebeu, ao todo, 543 mil votos. “Foi uma importante experiência ter dialogado sobre nossas bandeiras de luta, enfrentado o conservadorismo e ter atingido tanta gente. Ficamos muito felizes com o resultado. Mas, nessas eleições, assim como o movimento feminista avançou como um projeto coletivo, com mulheres tão diversas, dessa vez, não bastava sair sozinha. Por isso, apostamos na força de um projeto comum, sem hierarquia entre nós, ou personalismos e que mostrasse a real diversidade de nós mulheres”, explicou.
Silvia Ferraro é professora de História da rede municipal de ensino, mãe e ativista da Frente Povo Sem Medo e do movimento feminista. Sua militância política começou já na adolescência, a partir do movimento estudantil, da Pastoral da Juventude e das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Começou a dar aulas na escola pública com 20 anos e, desde então, construiu uma trajetória de luta em defesa da educação. Foi candidata do PSOL ao Senado em 2018, quando obteve mais de 208 mil votos só na capital, a maior votação do partido na cidade. É integrante do Diretório Nacional do PSOL.
CAROLINA IARA
Outra cocandidata integrante da Bancada, Carolina Iara é ativista do movimento LGBTQIA+ há nove anos. Ela evidencia a importância da construção coletiva na composição do feminismo. “Nossa composição é de cinco mulheres. Três delas, mulheres negras e todas trabalhadoras. Sempre tivemos compromisso com a luta contra todo tipo de opressão. Agora, queremos ocupar uma vaga no legislativo municipal para que, nós cinco, como covereadoras, possamos aplicar um projeto antirracista, anticapitalista e antidestruição do planeta. Funcionamos de forma colegiada, todas as nossas decisões são feitas através de reuniões que buscam sempre o consenso, de forma horizontal e nós queremos construir esse modelo para a nossa mandata, se assim for a decisão da população”, disse.
Entre outras coisas, Carol quer levar a luta das mulheres trans e intersexo para a Câmara de Vereadores de São Paulo. Ela é a única candidata intersexo do Brasil nessas eleições. “No país, segundo levantamento da Antra, assassinatos de travestis e transsexuais cresceram 70% em 2020 e todas as vítimas são mulheres. Não dá mais para aceitar essa realidade. Por isso, com a coletividade do feminismo, acreditamos que temos ainda mais força para colocar as nossas pautas em evidência, como é o caso da luta contra violência às transsexuais e travestis”, disse.
Carolina Iara é travesti, intersexo, negra, trabalhadora do SUS e vive com HIV/aids há 6 anos. Mestranda em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade Federal do ABC, pesquisa sobre empregabilidade de pessoas negras que vivem com HIV. Também, é assistente de políticas públicas da Secretaria Municipal de Saúde e militante do Coletivo Loka de Efavirenz, da Rede de Jovens São Paulo Positivo (RJSP+) e da Associação Brasileira Intersexo (ABRAI).
PAULA NUNES
Paula Nunes é ativista do movimento de juventude Afronte e do movimento negro desde 2012. Participa da Marcha de Mulheres Negras de São Paulo e ajudou a construir diversos outros grupos de combate ao racismo na cidade, como a Coalizão Negra por Direitos e o Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra. É advogada criminalista e defensora de direitos humanos, tendo a segurança pública como uma de suas principais pautas. Antes disso, integrou a gestão do Centro Acadêmico 22 de Agosto na PUC/SP.
“Há dez anos, participo do movimento negro em São Paulo. Ao longo desse tempo, ajudei a organizar várias manifestações antirracistas, inclusive as que aconteceram durante a pandemia, que escancarou o racismo e a desigualdade social no Brasil. No mundo todo, negras e negros foram às ruas para dizer que vidas negras importam. Nos unimos porque ninguém pode representar sozinha a luta das mulheres e porque queremos ter representado um feminismo para os 99%, que só pode ser, ao mesmo tempo, antirracista, antilgbtfobia e anticapitalista”, opinou.
DAFNE SENA
Dafne Sena é trabalhadora de aplicativos, militante ecossocialista, vegana por um veganismo popular e integra a Coordenação Estadual da Setorial Ecossocialista do PSOL. Advogada criminalista de formação, participa da construção do Fórum Popular da Natureza e organiza grupos de estudos sobre livros marxistas. “Sou formada em direito, mas não atuo na área.
Durante a pandemia, tive que partir para prestação de serviço via aplicativo. Sou feminista e vegana por um veganismo popular. A gente precisa estar lá pra colocar todas essas pautas no centro das discussões. Pra fazer essa resistência de fato ser efetiva. Não basta estar lá para representar, a gente precisa colocar a política em prática”, disse.
NATÁLIA CHAVES
Natalia Chaves é militante ecossocialista, vegana por um veganismo popular e integrante da Coordenação Estadual da Setorial Ecossocialista do PSOL. Formada em Letras, é tradutora, tendo contribuído com a Revista Jacobin. Organiza grupos de estudos sobre a vida e obra de Lélia Gonzalez. “Nasci na periferia de São Paulo, em São Mateus, e a história da minha família, negra e nordestina, me deixou conhecer quem estava na base dessa pirâmide. Essa vivência e a ameaça que o bolsonarismo representa para nós, mulheres negras e periféricas e trabalhadoras, foi o que me fez atuar na política e querer representar essas vozes que são silenciadas e mortas cotidianamente”, explicou.
Para conhecer melhor a pré-candidatura coletiva feminista, entre no site e acesse as redes sociais da Bancada Feminista do PSOL. Vamos juntas, juntes e juntos fazer de São Paulo a capital da resistência.
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