No domingo, 20, ao término de uma entrevista, após conquistar a medalha de Bronze no Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, a atleta Carol Solberg pegou e microfone e disse “Fora Bolsonaro”. A Confederação Brasileira de Vôlei se pronunciou prontamente, censurando a atleta:
A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), vem, através desta, expressar de forma veemente o seu repúdio sobre a utilização dos eventos organizados pela entidade para realização de quaisquer manifestações de cunho político (…) Por fim, a CBV gostaria de destacar que tomará todas as medidas cabíveis para que fatos como esses, que denigrem a imagem do esporte, não voltem mais a ser praticados.
Além de censurar a atleta Carol, a nota se utiliza de termos racistas.
Em 2018 quando dois atletas homens da seleção brasileira de vôlei se manifestaram em quadra fazendo com as mãos o número 17, agradando Bolsonaro, a CBV defendeu os atletas, como uma forma de liberdade de expressão.
Vemos que o problema não é se manifestar ou não, e sim qual o posicionamento. Quando é à favor de Bolsonaro pode, quando é contra é proibido e passível de punição.
O Brasil passa por um momento sem precedentes na política ambiental, com total paralisia do governo diante das queimadas que se alastram no Pantanal e o desmatamento na Amazônia. No combate à pandemia o governo virou as costas, deixou quatro meses a saúde sem ministro e menosprezou a COVID, chamada de gripezinha, e as mais de 135 mil mortes. Recentemente o governo federal tem travado uma batalha para diminuir o auxilio de R$ 600 para R$ 300 aumentando a fome e as dificuldades que as trabalhadoras e trabalhadores têm passado no país. Carol Solberg ao dizer “Fora Bolsonaro” expressa o sentimento de milhares de brasileiros. No domingo ela pode ter sido bronze no vôlei de praia, mas certamente foi medalha de ouro na coragem.
A CBV, presidida por Walter Pitombo Laranjeiras, com inúmeras suspeitas de corrupção, deveria olhar os exemplos internacionais, como a NBA em que os atletas têm sido protagonistas na defesa das pautas sociais e contra as desigualdades.
‘A única medida cabível à CBV é seu silêncio’
Em nota, o ex-jogador Casagrande defendeu a atitude da atleta e condenou a postura da CBV, destacando ainda o uso de expressão racista. O comentarista tem defendido o que todos os comentaristas esportivos deveriam fazer, mas que ainda é um tabu nas emissoras de TV. Que as e os atletas tenham liberdade de manifestação política. Calar-se nesse momento é estar ao lado dos que oprimem, aumentam as desigualdades sociais e devastam as reservas naturais do Brasil.
* Professor de Educação Física em Porto Alegre.
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