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BRASIL

Anotações (iniciais) sobre educação, tecnologias de comunicação e informação, “EAD”, educação pós-com-pandemia e pós-com-quarentena e Reggio Emilia

Diogo Henrique A. de Oliveira, de Niterói, RJ
Reprodução

1. Educação/ensino são relações sociais, relações humanas. Exigem interação. Desumanizar as relações por meio de tecnologias é desfazer a educação. Educação de qualidade vai muito além da instrução. Nestes sentidos, ensino-conteúdos com-por tecnologias de informação e comunicação (TIC’s) devem ser apenas atividades educativas complementares, parte do processo educacional. Uma luta central é que plataformas pedagógicas na internet sejam apenas isso: complementares, nunca obrigatórias como meios exclusivistas de educação-ensino.

2. Acesso, permanência e produção cultural na/da/com o mundo da internet, dos computadores, mídias digitais e afins é direito humano no século 21. Deve ser direito humano. Sendo direito humano, estará na/com a educação-escola-ensino. Assim, atualizam-se e ampliam-se nossas pautas de luta na/da/com a escola pública. Propiciar condições materiais de democratização do mundo digital: reforma urbana, condições dignas de moradia, repensar e ampliar a arquitetura escolar, emergir na cultura digital sem se desconectar com os outros mundos em que vivemos.

3. O mundo digital passa pela/com/na escola, é um processo eminentemente presencial, de contato. A escola se faz com sujeitos humanos. Profissionais da educação são seres humanos. A democratização do mundo digital passa pela manutenção, defesa, ampliação das condições e respeito à criatividade, aos conhecimentos, aos saberes e fazeres d@s educadores/as, que existem nos outros mundos onde o mundo digital está: os mundos reais.

4. Plataformas digitais devem ser complementaridade pedagógica. Nada substitui a escola pública de educação presencial, social e humana. Devemos lutar por uma quarentena sem assédio: o trabalho em plataformas digitais nunca pode ser obrigatório, apenas voluntário. Lutemos pela democratização social do mundo digital.

5. É preciso pensar e lutar sobre a educação-escola pós-quarentena pós-com-pandemia (haverá ciclos da pandemia, ida e vinda da quarentena). Lutar pela democratização da informação, da ciência, da arte, das culturas, além do mundo digital. As escolas precisarão ser redes nos seus territórios. Articulação das escolas com outros espaços educativos na cidade, cidade educadora, ampliar os espaços e tempos das escolas para não aglomerar tanto. Desemparedar. Universalizar as bibliotecas escolares, universalizar as TIC’s e seus espaços e estruturas nas escolas. Rede de telecentros públicos. Em Niterói, convocação imediata dos Agentes de Educação e Inclusão Digital. Centralidade da humanização no pós-com-pandemia.

6. Reflexões de Reggio Emilia. Contexto: pós – Segunda Guerra Mundial. Destruição, ruínas (cidade). Fome. Pobreza. Sentimentos: medo, derrota, indignação. Comum, de certa maneira, com o contexto quarentena e pandemia e o após.

7. Sonho: um mundo melhor para nossos filhos. Uma escola. Centralidade do sonho na concepção de educação-escola. Um mundo melhor.

8. Terra doada por um fazendeiro para fazer a escola. Ampliação dos espaços de uma escola. Terra. Ligação com a natureza. Terra. Escala da escola: uma fazenda. Mais espaço. Ampliação dos espaços da escola. Terra. Cidade. Natureza. Floresta. Andar. Mundo. Desemparedar. Ou vamos além da escola, para além dos seus muros, ou estaremos demasiadamente aglomerados, intoxicados, presos, limitados, controlados.

9. Construíram a escola com escombros da guerra e da cidade. Mobilização popular. Economia popular. Trazer a família à escola. Diálogo entre diferentes, paciência.

10. Maior lição: reconstruir a vida a partir das ruínas da vida. Objetivo da escola. Sonho. Diálogo e compreensão. Mais tempo. Mais espaço. Mais diálogo. Mais humanidade. Todos contribuíram: os pais, os comerciantes, a sociedade.

11. Abordagens de ensino: arte. Linguagem das artes que é inerente à criança. Das artes abrir os pensamentos, os desejos, as inquietações das crianças. Buscar dar significados e sentidos ao mundo em que vivemos. Dar é construir junto. Da coleta de informações ao re-planejamento (permanente) das aulas. As crianças passam a pesquisar os temas que levantam. As crianças vão às ruas: desemparedar a escola, sair ao mundo, ao território; observar, invaestigar, experimentar o mundo, o território que temos, a cidade que vivemos. Voltar à escola: para se expressar – desenhos, esculturas, textos, pinturas etc. (arte). Explorar ao máximo as atividades, buscar a satisfação da/com a criança. Dificuldades das crianças? Encorajamento à reflexão e ao recomeço, mais tempo, nunca concluir, sempre construir. Arte-meio para introdução de novos conhecimentos. Pode ser arte, pode ser trabalho, pode ser novas tecnologias, pode ser brincar, pode ser fazer. Ser criativo. Ter recursos.

12. Elementos-conceitos-proposições: cidade-educadora; ampliação dos espaços e tempos da escola; desemparedar, conectar aos territórios da cidade – escola-rede-territórios; escolas-classe e escolas-parques; gestão democrática – centralidade nos diálogos dos sujeitos, espaços e tempos para as diferenças.

* Professor de Geografia do IEPIC e do CE Joaquim Távora, Niterói. Coletivo Ocupação Educadora. Resistência/PSOL-Niterói. Base do SEPE.