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BRASIL

Números da Pandemia: Brasil segue com maior ritmo de crescimento do número de mortes entre os 15 países com mais mortes

Sistematização: Gilberto Calila

O quadro reúne os dados dos 15 países com maior número de mortes registradas. Incluímos também a Coréia do Sul, que já esteve entre os países com maior número de mortes e hoje é o 37º, sendo exemplo bem sucedido de contenção da pandemia. O cálculo do ritmo de expansão é feito pelo número de mortos, já que o patamar de subnotificação dos casos no Brasil torna precária a comparação da evolução do número total de casos. Entendemos que o cálculo do ritmo de crescimento é mais revelador do que os números absolutos, tendo em vista que a expansão do Covid-19 se iniciou em momentos diferentes, o que é indicado na última coluna.

O ritmo de crescimento mundial vem diminuindo de forma consistente. Há doze dias era de 2.47 vezes e agora é de 1.58, uma redução muito significativa e que comprova os efeitos positivos das medidas de contenção através de política de isolamento social adotadas de forma rigorosa em muitos países. 

Dentre os 15 países, 7 tem hoje um crescimento abaixo de 40% no período de 14 dias, 4 tem um crescimento entre 45% e 70%, 3 entre 80% e 95%, e apenas dois tem um crescimento superior a 100%: Canadá (166%) e Brasil (206%). O ritmo de crescimento do número de mortes no Brasil é assustador, sendo praticamente o dobro da média mundial e já sendo o nono país com mais mortes. No país, o número de mortes dobrou em 8 dias, enquanto no mundo levou 19 dias para isto. Estamos no epicentro mundial da pandemia, junto com Estados Unidos e Reino Unido. O Brasil o maior ritmo de crescimento de casos e de mortes, é o segundo país do mundo com maior número de pacientes internados em estado grave, e nos últimos dias, em números absolutos tem sido o terceiro do mundo em novos casos (depois de EUA e Rússia) e também em mortes (depois de EUA e Reino Unido).

Além disto, a cada dia, vemos mais nitidamente o afrouxamento das medidas de isolamento social, que deve se refletir em dados de crescimento de mortes no final de maio, agravando ainda mais o quadro. Não pode haver dúvidas de que o recrudescimento do ritmo de crescimento do número de mortes no Brasil nos últimos dias é consequência do relaxamento do isolamento social que está em curso desde o discurso de Jair Bolsonaro de 24 de março.

Dentre os demais países, os Estados Unidos segue em uma situação dramática, com um índice de crescimento que ainda é muito alto, considerando-se a base já elevadíssima, e tem tido diariamente mais de um terço do total de novos casos e do número de mortos do mundo. Itália e Espanha reduziram bastante o índice de aumento das mortes, mas ainda têm números elevados em razão da base alta que já tinham. Dividindo-se o período em duas semanas, temos que nos EUA o número médio de mortes por dia diminuiu de 2.190 para 1.946, na Espanha diminuiu de 432 para 340, na Itália diminuiu de 482 para 345, enquanto no Brasil saltou de 195 para 370, superando já Espanha e Itália.

Outros países com menos número de casos e de mortes vem tem crescimento muito acima da média mundial e tem sua situação se agravando rapidamente. Dentre eles, tiveram crescimento do número de mortes superior a 100% nos últimos 14 dias a Rússia (4.63x), o México (3.86x), o Peru (3,84x), o Paquistão (2.82x), a Índia (2.58x), a Irlanda (2.53x), o Equador (2.23x), a Bielorrússia (2.23x) e a Polônia (2.05x) Se nestes países não houver contenção efetiva, a evolução da pandemia neles pode produzir uma retomada do crescimento mundial. Destaca-se que a Bielorrússia é o único país do mundo além do Brasil que tem um presidente que não estimula o isolamento social.

O número de testes realizados no Brasil segue vergonhosamente muito baixo (1.597 testes por milhão de habitantes). O segundo país com menos testes (Irã), realiza 3.45 vezes mais testes por milhão de habitantes (5.516). Alemanha, Itália. Espanha e Suíça, por sua vez, fazem em torno de 20 vezes mais testes que o Brasil (acima de 25.000 por milhão), e a média entre eles é superior a 20.000.

O ritmo de crescimento do número de mortes no Brasil, a despeito da enorme subnotificação e da demora nos resultados dos exames, segue elevadíssimo. Se por hipótese considerarmos que este ritmo se mantenha-se o mesmo (3.03 vezes em 14 dias), o número de mortes no Brasil atingiria 17.880 em 14/5, 54.176 em 28/5 e 164.155 em 11.6. Não se trata de uma previsão, mas de projeção do que ocorreria no caso de manutenção do atual ritmo. Um pequeno aumento ou uma pequena diminuição no percentual produz um grande efeito em cascata nos números, o que reforça a urgência do reforço das medidas protetivas, ao contrário do que vem sendo feito.