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BRASIL

Números da pandemia: Ritmo de crescimento dos casos no Brasil é quase o dobro da média mundial (08/04-24/04)

Sistematização: Gilberto Calil

O quadro reúne os dados dos 15 países com mais de 1.000 mortes registradas, e mais a Coréia do Sul, que já esteve entre os países com maior número de mortes e hoje é o 33º, sendo um dos mais bem sucedidos casos de controle da pandemia. O cálculo do ritmo de expansão é feito pelo número de mortos, já que o patamar de subnotificação dos casos no Brasil inviabiliza qualquer comparação que considere a evolução do número total de casos.

O ritmo de crescimento mundial (com todos os países, considerando sempre a variação em 14 dias) vem diminuindo de forma consistente. Há duas semanas era de 4.43 vezes, há uma semana era de 3.31 vezes e agora está em 1.95. Nas últimas três atualizações (que fazemos a cada dois dias), todos os países considerados no quadro tiveram diminuição no ritmo de expansão, o que expressa o êxito das políticas de isolamento social. No entanto, é imprescindível destacar que os números mortes de hoje são resultado de contaminações ocorridas há duas ou três semanas, e portanto o relaxamento das medidas de isolamento (que sabemos que ocorreram no caso brasileiro) não se expressam imediatamente.

Dentre os 16 países considerados, Canadá e Brasil tem a pior situação, com um ritmo de crescimento próximo ao dobro da média mundial. Os Estados Unidos tem um índice muito algo, considerando-se a base já elevadíssima, e tem tido diariamente um terço do total de novos casos e um terço do número de mortos do mundo.

O número de testes realizados no Brasil segue muitíssimo baixo (1.374 testes por milhão de habitantes, sendo 3.4 vezes menor que o do Irã (4.637) e em torno de 20 vezes menos testes que Alemanha, Itália e Suiça (acima de 25.000).

O ritmo de crescimento do número de mortes no Brasil, a despeito da enorme subnotificação e da demora nos resultados dos exames, segue elevadíssimo. Nos últimos dias o índice vem diminuindo (6.02 há seis dias, 5.31 há quatro e 4.59 há dois e 3.54 agora), mas esta diminuição expressa a situação do contágio há duas ou três semanas, quando o grau de isolamento social era maior, havendo a possibilidade de retomada do crescimento nos próximos dias. Se por hipótese considerarmos que este ritmo se mantenha-se o mesmo (3.59 vezes em 14 dias), o número de mortes no Brasil atingiria 10.432 em 6/5, 37.452 em 16/5 e 134.455 em 3.6. Não se trata de uma previsão, mas de uma indicação do que ocorreria caso o ritmo não diminua de forma expressiva. Um pequeno aumento ou uma pequena diminuição no percentual produz um grande efeito em cascata nos números, o que reforça a importância da manutenção das medidas protetivas.