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BRASIL

Quem tem fome não pode esperar!

Ana Lima*, de Osasco (SP)
Agência Brasil

Osasco compõe a região metropolitana de São Paulo, com 696.850 habitantes, sendo a sétima cidade mais populosa do estado de SP e a vigésima oitava mais populosa do Brasil, segundo censo do IBGE de 2018.

Com todo esse perfil de desenvolvimento, Osasco é um município rasgado pela desigualdade social. Todos os bairros que beiram a Avenida dos Autonomistas (sua principal via), são localidades desenvolvidas e, observando-se o IDH, temos índices próximos de um excelente desenvolvimento – como o Alto de Quitaúna, Jardim das Flores, IAPI e Vila São José. Mas os extremos da cidade são áreas de grande pobreza, como Morro do Socó, Padroeira, Colinas da Anhanguera e o Jardim Três Montanhas, que têm índices de pobreza comparáveis aos países pobres do continente africano.

Na área educacional, Osasco conta com 143 unidades escolares e 59.000 alunos. Com a Pandemia do COVID 19, foi tomada como medida a suspensão total das aulas desde 23/03, nas escolas municipais. Essa é a melhor decisão para o conjunto total do munícipio. Mas a pergunta que ficou sem resposta até o momento é: como as crianças que dependem da merenda escolar como única forma de alimentação no dia se alimentarão no período sem aulas?

Há alguns bolsões de pobreza que com certeza se ampliarão com a informalidade dos empregos após a Reforma Trabalhista e com o agravante de que grande parcela da cidade está localizada no comércio, que no momento está fechado como medida de segurança na Pandemia.

O prefeito da cidade, Rogério Lins, afirmou nas primeiras coletivas que esse problema seria solucionado. Informou que seriam oferecidas cestas básicas e depois que a escola seria aberta para oferecer merenda. A segunda solução é totalmente insegura porque deslocaria os alunos e os profissionais da merenda.

As crianças dos bolsões de pobreza da cidade não estarão em segurança se não houver solução imediata para essa situação. São alunos que se deslocam diariamente para buscar restos em feiras livres, pedir alimentos em estabelecimentos como supermercados e padarias, olhar carros nos faróis. Esse trânsito de crianças não parará enquanto o problema da fome não for solucionado.

O COVID 19 mata! A fome mata mais! Quem tem fome não pode esperar!

 

* Professora e militante do Psol-Osasco.

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coronavírus / osasco