Foram 83 tiros contra o carro da família de Evaldo Rosa. Foram dois mortos: além de Evaldo, Luciano Macedo, assassinado com 3 tiros pelas costas enquanto tentava ajudar a família que ia ao chá de bebê, no domingo a tarde, a sair da linha de tiro.
Mas passaram de 200 os disparos efetuados, segundo resultado da perícia.
Somente o tenente, responsável pela blitz, foi responsável por 77 tiros.
Todos esses números foram destacados de propósito, para dar a dimensão do absurdo que foi a decisão da Justiça Militar, de mandar soltar 9 dos 12 militares presos provisoriamente desde o assassinato praticado pelo Exército brasileiro.
Ainda pior foi a linha dos argumentos do advogado dos militares, que justificou a atitude por, segundo ele, tratarem-se de potenciais “bandidos”, como se houvesse algum lugar na legislação do país que autorizasse a execução sumária de ladrões de carro.
Na prática, o que ele afirma, com a anuência do governo e da cúpula do Exército, é que negros passando pela favela podem legitimamente serem executados pelas forças policiais e pelo Exército, pelo simples fato de serem negros e, logo, suspeitos, potenciais corpos a serem abatidos.
Enquanto isso, moradores das favelas do Rio de Janeiro estão recebendo chuvas de balas atiradas de helicópteros e por snipers, a mando do governador Witzel, condenados à morte sem direito à defesa, pelo crime de viverem no palco da falida guerra às drogas.
Enquanto isso, Bolsonaro disse que o Exército não havia matado ninguém, além de ter publicado decreto facilitando o porte de armas, só excluindo o acesso a fuzis após enfrentamento dos movimentos sociais e lutadores do movimento negro e dos direitos humanos.
Enquanto isso, o movimento negro se organiza para enfrentar o pacote anti-crime do Moro, que na verdade é um pacote anti-preto, que legaliza ações como a do Exército no Guadalupe, que resultou nos mais de duzentos tiros contra Evaldo e a sua família, isentando de responsabilidade os policiais que matarem, ao mesmo tempo que não impõe nenhuma dificuldade adicional à prática de crime de colarinho branco, como o caixa 2.
É urgente lutarmos conta a política de morte do Estado brasileiro, potencializada pelo governo de Jair Bolsonaro.
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