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Colunas

Um mês para as eleições

Midia Ninja

André Freire

Historiador e membro da Coordenação Nacional da Resistência/PSOL

O momento é de polarização e enfrentamento ao golpe, e não de repetir o erro da conciliação

O primeiro turno das eleições acontece no dia 7 de outubro. O horário eleitoral no rádio e na TV começou semana passada, ampliando a polarização política e a disputa pelo voto. O cenário eleitoral para Presidente da República segue indefinido, mesmo faltando um mês para a eleição, e cresce a campanha eleitoral nas ruas de todo o país.

Definitivamente, esta eleição não é qualquer uma. Ela acontece depois do golpe parlamentar do Impeachment de 2016; da condenação sem provas de Lula, sua prisão política e o impedimento absurdo da sua candidatura; e, com Jair Bolsonaro, candidato da extrema-direita neofascista, assumindo a dianteira as pesquisas, no cenário sem o nome de Lula.

As grandes empresas, a mídia burguesa e os bancos têm seu candidato: apostam suas fichas num possível crescimento do tucano Alckmin. O PSDB tem o maior tempo no horário eleitoral, estrutura de campanha, forjada na aliança com os partidos do chamado “centrão”. Mas, até o momento não decolou.

Neste cenário, cresce percepção de que Bolsonaro pode realmente ir ao segundo turno. Setores importantes da burguesia brasileira já começam a admitir essa possibilidade, e já acenam com um possível apoio.

No início da semana que vem, o PT deve substituir a candidatura de Lula por Haddad, cumprindo o prazo definido pela decisão antidemocrática do TSE. A direção do PT aposta “suas fichas” na possibilidade de transferência de votos do ex-presidente para seu representante nestas eleições.

Ciro e Marina querem se colocar também como potenciais herdeiros de pelo menos parte do eleitorado identificado com Lula. Nas próximas semanas, o cenário ainda indefinido deve começar a ficar mais nítido: quais tendências vão prevalecer? Veremos.

Enfrentar o golpe e sua agenda
Nossa primeira tarefa começa por derrotar todas essas candidaturas que representam o golpe e o ajuste. Golpistas não merecem perdão!

O povo trabalhador, a juventude e os oprimidos devem, em todos os dias que faltam para a votação, combater os candidatos representantes da retirada de direitos e dos ataques às liberdades democráticas. O resultado das eleições, a depender da evolução dos acontecimentos, pode fortalecer ainda mais esta agenda, colocando a iminência de novos ataques num futuro muito próximo, como a retomada da tramitação da reforma da Previdência, proposta pelo governo ilegítimo de Temer.

Nossa campanha começa por enfrentar “os 50 tons de Temer”: combater Bolsonaro, Alckmin, Meirelles e Alvaro Dias, que apoiaram o impeachment e todos os ataques do governo Temer. E também Marina – que sempre gosta de aparecer como uma defensora de uma nova política – mas apoiou o Impeachment e, mesmo que de forma envergonhada, defende reformas reacionárias muito parecidas com as de Temer.

Agora todos querem se desvencilhar da imagem do presidente mais impopular de nossa história. O oportunismo de Alckmin foi tanto, que o próprio Temer gravou dois vídeos lembrando ao candidato tucano que tanto o PSDB como todos os partidos da sua coligação são parte, ainda hoje, deste governo.

Tudo pode ser ainda pior, se Bolsonaro se fortalecer. Pois, ele combina o que tem de pior na política brasileira, defendendo um programa econômico de ainda maior retirada de direitos, privatizações e entrega da nossa soberania, como a defesa da repressão e da criminalização contra os oprimidos, a classe trabalhadora e a esquerda. Portanto, vamos lutar para tirar Bolsonaro do segundo turno.

PT repete o erro da conciliação
Nesta semana, assistimos Fernando Haddad, vice de Lula e seu eventual substituto, visitando vários Estados do Nordeste. Nesta peregrinação, chamou a atenção mais uma vez as alianças do PT com partidos da velha direita, muitos inclusive que apoiaram o golpe.

Como disse Guilherme Boulos: “relação PT e MDB é caso de divã”. Haddad posou para fotos e esteve em vídeos com Eunicio Oliveira (MDB-CE) – presidente do Senado que votou todas as reformas reacionárias de Temer; com Renan Calheiros (MDB-AL), presidente do Senado no Impeachment de Dilma; e com o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), que apoiou o golpe e a posse de Temer.

Em 15 estados, o PT mantém a mesma política de alianças com setores da velha direita que apoiaram o golpe, como Minas Gerais, Piauí e Bahia. Também o PCdoB segue a mesma política, repetindo uma aliança muito semelhante no Maranhão, onde governa.

A aliança do PT com os golpistas demonstra que a direção deste partido não tirou as lições do golpe, e segue defendendo governar junto com os partidos da velha direita, que tramaram o Impeachment e defenderam toda a agenda de ataques ao povo trabalhador que veio depois dele. Por isso, Haddad já defendeu inclusive a realização de uma nova reforma da Previdência, em sabatina no Banco Pactual.

Ciro Gomes não fica atrás. Ele tentou até o último momento se aliar aos partidos do “centrão”, colocou a ruralista Kátia Abreu como vice e, seu principal assessor econômico, Mauro Benevides, já se comprometeu com a manutenção da política de privatizações e com uma nova reforma da previdência que segue a mesma lógica de privatização da Previdência social.

Em última instância, o que explica o golpe foram os erros de governar junto com a velha direita. O PT no governo conviveu com “cobras venenosas como se fossem bichos de estimação”. Inclusive, nunca podemos esquecer que temer era o Vice de Dilma.

Um novo governo que repita esses mesmos erros só vai gerar mais um fracasso político, provocando mais desmoralização aos trabalhadores e a esquerda, fortalecendo ainda mais setores da extrema direita e neofascista, como os representados hoje por Bolsonaro.

Fortalecer uma nova alternativa de esquerda
Para enfrentar de verdade o golpe e todos os seus ataques, nas eleições de 7 de outubro, o caminho segue sendo fortalecer uma nova alternativa de esquerda, socialista, do povo trabalhador, da juventude e de todos os explorados e oprimidos.

Votar 50 pra presidente. Apoiar Guilherme Boulos e Sonia Guajajara, candidaturas lançadas por uma frente política e social inédita em nosso país, formada por partidos de esquerda como o PSOL e o PCB e movimentos sociais combativos como o MTST e a APIB. Esse voto não representa só uma opção correta numa eleição, mas também significa afirmar uma alternativa para o futuro das nossas lutas.

Na nossa campanha é 100% contra os golpistas, nela não existem alianças com a velha direita. Defendemos um programa que realmente coloque “o dedo na ferida”, enfrentando os privilégios dos ricos e poderosos e propondo um governo que seja de fato dos trabalhadores e do povo.

É por isso, que por onde passa Boulos e Sônia estamos reunindo milhares de trabalhadores e jovens, construindo uma nova esperança de esquerda em nosso país. Vamos, sem medo de mudar o Brasil!

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eleições 2018