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BRASIL

OPINIÃO | Rodrigo Maia presidenciável?

2017 foi um ano difícil para a esmagadora maioria dos brasileiros, mas se tem alguém que não pode reclamar do ano que passou, é Rodrigo Maia (DEM). O presidente da Câmara viu sua influência política aumentar a cada mês que se passava, tanto que hoje, no inicio de 2018, é cotado à presidência da República.

Por Gabriel Santos, de Maceió

Maia se elegeu pela quinta vez deputado-federal pelo Rio de Janeiro em 2014 com 53 mil votos. Ainda assim, nunca foi considerado um político promissor, sua carreira parlamentar, até então medíocre, parecia condenada ao ostracismo. Mas com o impeachment de Dilma Rousseff e o governo Temer, tudo mudou. Foi eleito e reeleito presidente da Câmara dos deputados, e hoje busca vôos mais altos.

Nesta terça-feira (09) em entrevista ao jornal O Globo, o deputado afirmou: “Se estou sendo cogitado como uma alternativa, é porque há uma avenida aberta”. Está foi a primeira vez que ele se colocou como um possível candidato.
Maia, que na planilha de propina da Oderbrecht é conhecido pelo apelido Botafogo, é acusado de corrupção por prestar “favores políticos” a empreiteiras como a OAS. Um político de carreira, filho de Cesar Maia (ex-prefeito do Rio de Janeiro), acusado e envolvido em diversos escândalos de corrupção, e aliado do presidente golpista.

Agora, Maia, fala como gente grande que quer entrar na briga. A corrida presidencial tem tudo para ser uma das mais conturbadas dos últimos tempos e um número de candidato parecido com a de 1989, onde tivemos 22 nomes ao cargo. Com a provável condenação de Lula e este sendo impedido de concorrer a presidencia, o resultado da mesma é hoje por hoje improvável. Mas uma coisa é certa: o mercado, os grandes acionistas das bolsas de valores, os grandes empresários, querem evitar o “radicalismo” e preferem alguém com um perfil do centro para continuar a aplicação de reformas antipopulares e o arrocho salarial.

A opção por querer construir um candidato com o perfil de “centro”, é muito por causa das duas principais campanhas que polarizam até agora a disputa. De um lado Lula (que de radical líder de esquerda não tem muita coisa) e do outro Bolsonaro. O segundo colocado nas pesquisas de opinião, o ex-capitão do Exército tentou e tenta inclusive se apresentar como um candidato liberal para tentar atrair o mercado. Porém, tudo indica que os principais setores da burguesia nacional e internacional não vão apostar em sua candidatura, preferindo assim alguém que ficaria no “centro”.

Neste campo temos nome como o do atual governador de São Paulo Geraldo Alckmin do PSDB, o banqueiro Henrique Meireles que se filiou ao PSD e agora o nome de Rodrigo Maia. Na recente entrevista ao Globo, Maia se afirma como de centro e aponta “O centro não é um ponto entre direita e esquerda, ou seja, um meio do caminho entre o Bolsonaro e o Lula. O centro tem que representar um ponto em que se tenha um espaço de diálogo com todas as correntes e que represente essa capacidade de transformação que o Brasil precisa”.

A capacidade de transformação que de acordo com Maia o Brasil precisa é a mesmo programa que vem sendo implementado pelo governo Temer “Não abro mão de defender a Reforma da Previdência. De mostrar para a sociedade que não há outra solução no Brasil que não seja cortando gasto”. Maia é um dos leais defensores e entusiastas da Reforma da Previdência, em recente entrevista que foi ar pelo Canal Livre no último dia 08 o mesmo afirmou: “Dia 19 vamos ter voto”. E falou também “Todos nós que temos essa agenda (da reforma) como prioritária, temos que falar da segunda parte da agenda. Senão fica muito árida. Fica só a parte que, em tese, vai tirar alguma coisa de alguém. Que não é verdade, mas é o que se vende aí, pelos campos da esquerda.”

Tentando se diferenciar dos demais candidatos do “centrão”, Maia vem tecendo criticas ao ministro da fazendo e possível nome do PSD Henrique Meireles, e de acordo com O Estado de São Paulo vem se articulando para desestabilizar a candidatura do atual ministro. Para isto, Maia conseguiu apoio de partidos como o Solidariedade e do PP.

Meireles por sua vez, homem de confiança dos grandes bancos internacionais, já tendo sido eleito inclusive o melhor banqueiro da América – Latina, vem buscando apoio de grandes empresários, como a do dono da Riachuelo que apresentou Meireles como responsável pelo “maravilhoso milagre brasileiro”. Porém, não é só para o Deus do livre mercado que Meireles anda rezando, o ministro da fazenda tem ido constantemente a encontros com grandes pastores e lideres de igrejas evangélicas, buscando assim o apoio deste setor para sua corrida presidencial.

Maia, Meireles, Alckmin, todos estes representam um mesmo projeto só que agora com uma nova e um novo nome. Querem convencer de que a Reforma da Previdência é a única maneira da economia brasileira voltar a funcionar, quando na verdade isto é uma mentira. Todos estes nomes da corrida presidencial, tentam se desenhar como os mais confiáveis ao mercado, aos bancos, aos ricos e poderosos, por que é para esta parcela da população, estes 1%, que vão governar. Vão orar canonicamente a cartilha da retirada de direitos, projetos impopulares, e desacato com a vida do povo pobre e trabalhador, os outros 99%.

Maia busca convencer ao mercado de que ele é o melhor nome, e para isso vai tentar convencer o povo de que a Reforma da Previdência é a saída necessária para o País. O jogo está sendo jogado, e os peões se movem no jogo de xadrez da política brasileira. Ainda é muito cedo para afirmar qualquer coisa, menos de que as manifestações populares podem fazer muita água rolar em baixo desta ponte. O julgamento de Lula se aproxima, depois disto, temos a votação da Reforma da Previdência na Câmara, a classe trabalhadora e a esquerda vão colocar suas peças no tabuleiro e isto pode mudar tudo.

 

Imagem: Sérgio Dutti/Estadão