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MOVIMENTO

As greves e a luta contra a Reforma da Previdência

Por: Gibran Jordão, Coord. Geral da Fasubra e membro da Secretaria Executiva da CSP-Conlutas

Nesse dia 10 de dezembro, faz um mês que a Fasubra está em greve. No centro está a luta em defesa da Carreira dos Técnicos das Universidades Federais e na pauta geral do funcionalismo, a luta contra a Reforma da Previdência. Infelizmente,somente a Fasubra encontrou condições para fazer uma greve contra os ataques do governo ao funcionalismo. Por muito menos fizemos grandes greves unitárias do funcionalismo num passado recente. Esse fato expressa um momento onde os trabalhadores não estão em rebelião de base generalizada e precisam muito contar com a unidade no movimento mais geral. Trata-se de um momento em que o papel das centrais é decisivo para dar confiança, coesão e segurança aos trabalhadores de irem à luta.

Por todo o País, os comandos locais de greve da Fasubra planejaram e fizeram manifestações nas universidades, debates com a comunidade, manifestações em conjunto com outras entidades do funcionalismo, protestos contra os deputados nos aeroportos, audiências publicas no Senado e na Câmara, centenas de assembleias e reuniões nos locais de trabalho, mobilizando milhares de trabalhadores. Em Brasília, foi um sucesso a caravana dos dias 27 e 28.  A manifestação do “sopão” na casa do presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia gerou repercussão nacional. A greve da Fasubra é um exemplo para todos nós e temos que cercá-la, nesse momento, de solidariedade.

O fato de a maioria das entidades do funcionalismo não estarem em greve não significa também que não há iniciativas e mobilização impulsionadas por várias entidades, como o Fonasefe e Fonacate, que têm contribuído para a disputa da opinião pública e tensionado o Congresso Nacional.

Não é difícil compreender que, para derrotar a Reforma da Previdência, é preciso um movimento que mobilize milhões nas ruas, ganhe a opinião pública e faça um grande dia de paralisação nacional com manifestações em todo o País e até mesmo uma greve geral. Infelizmente, não houve acordo na reunião das centrais sindicais em já marcar uma data para a greve nacional.

O governo está lutando com muito empenho para aprovar a Reforma da Previdência. É preciso que o movimento sindical responda à altura. Se há acordo nisso, as grandes centrais erraram em suspender a greve do dia 5 e erraram mais uma vez em não marcar para o dia 18 ou 19 de dezembro. Excluo aqui a Csp-Conlutas, CTB e Intersindical das críticas, porque essas centrais foram contra a suspensão da greve e se posicionaram a favor de marcar uma data. Toda solidariedade também com os sindicatos e dirigentes de base da CUT e da Força Sindical que também querem construir, desde já, um dia de greve geral e não concordam com a cúpula dessas centrais.

O governo Temer está com dificuldades concretas de convencer sua base aliada e não conseguiu ainda alcançar os 308 votos para aprovar a Reforma da Previdência. Uma greve nacional convocada por todas as centrais em frente única contra a reformaseria uma pá de cal nos planos de Temer e do capital.

O significado da não aprovação da Reforma da Previdência esse ano fortalece a autoestima dos trabalhadores e a compreensão de que é preciso lutar e é possível vencer. As centrais majoritárias erram também em não aproveitar essa oportunidade para dar protagonismo aos trabalhadores e às ideias anticapitalistas, em tempos de MBL, Bolsonaro e outras expressões semi-fascistas ganhando terreno social.

O governo está anunciando que vai começar as discussões no Congresso Nacional no dia 14 sobre a Reforma da Previdência para votar por volta do dia 18. As centrais sindicais têm uma reunião em São Paulo também no dia 14 e vão decidir se marcam, ou não, um dia de greve geral. É possível derrotar Temer e a Reforma da Previdência esse ano, e tudo vai depender do papel que as direções majoritárias do movimento irão cumprir. Sendo categórico, o que a direção da CUT e da Força Sindical vão fazer?

Por fim, presto aqui minha solidariedade e seria adequado que todas as entidades sindicais pudessem também enviar mensagens de solidariedade à greve de fome que ativistas dos movimentos sociais estão fazendo em Brasília, no Congresso Nacional, contra a Reforma da Previdência.

Foto: Fasubra