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OPRESSÕES

Veja é condenada por Transfobia contra a cartunista Laerte

Por Carlos Daniel, Colunista do Esquerda Online

Em 23 de agosto de 2015, para criticar a hipocrisia das manifestações pró impeachment, a cartunista Laerte publicou uma charge na qual se via um estabelecimento comercial com rastro de sangue e criminosos saindo dele e se abraçando com manifestantes pró impeachment.

Charge publicada no jornal Folha de São Paulo

 

 

 

 

 

 

A crítica foi feita no auge das manifestações, nas quais os participantes tiravam selfies e aplaudiam os militares. Com um tom ácido, mostrou que durante os protestos dirigidos pelo MBL, a PM (responsável pela chacina de Osasco e Barueri – caso notório na época) era apoiada pelos manifestantes verde amarelos.

Esta dura crítica ao caráter de classe do movimento pró impeachment e ao papel assassino da PM não ficou incólume e Laerte conheceu de perto o ódio da burguesia.

Reinaldo Azevedo, em sua coluna na Veja, já no dia seguinte à publicação da charge, escreveu artigo transfóbico intitulado: “A campanha de ódio contra os que pedem ‘Fora Dilma’. O caso do/da cartunista Laerte. Ou: A última da baranga moral!”.

Na matéria, Reinaldo Azevedo saiu do debate político e passou a atacar o gênero da cartunista com as seguintes expressões: “baranga na vida”, “baranga moral”, “exibicionismo certamente doentio”, “insaciável compulsão”, “falsa senhora”, “homem-mulher”, “fraude de gênero” e “fraude moral” e “farsante”.

Inconformada, a cartunista ingressou com ação de indenização por danos morais contra a Editora Abril (que publica a revista veja), e contra Reinaldo Azevedo e contra uma rádio em que Reinaldo apresentou seu ataque transfóbico.

Apesar dos apelos da Abril em dizer que se tratava apenas de liberdade de expressão, o discurso de ódio fui punido com uma indenização de R$ 100 mil, sendo que a decisão ratificada na segunda instância na data de ontem.

Num país em que se mata uma lgbt por dia, a condenação de um grande veículo de comunicação pelo discurso de ódio, deve ser comemorado por todas nós.

Sabemos que a condenação da Veja não apaga a dor e a humilhação que Laerte sofreu pelos ataques transfóbicos, mas sem dúvida é algo que devemos comemorar. Afinal, contra a transfobia e o ódio de classe, somos tod@s Laerte.