Por: Eric Gil Dantas, de Curitiba, PR
Apesar de na cidade imperar o medo alimentado pelo próprio governo e a mídia local, no dia em que Lula encontrou Moro não foi contabilizado nenhum conflito. Apesar dos jornais e da direita de Curitiba taxarem o MST como baderneiros e terroristas em potencial, o único ato desprezível foi o de fascistoides que atacaram o acampamento dos Sem Terra com rojões, ferindo um homem e uma criança.
Mas, o que parece ter ficado mais aquém do esperado foi a presença de manifestantes nas ruas.
A direita não conseguiu passar de algumas dezenas de pessoas em frente ao Museu Oscar Niemeyer (MON), no Centro Cívico. Diante do “olho” do museu, membros do MBL e simpatizantes de Moro inflaram um boneco do Lula e passaram horas gritando para carros que buzinavam para eles. Quase todos os manifestantes vestidos de verde e amarelo.
Este número chama mais a atenção porque, há alguns meses, esta mesma direita conseguiu colocar algo próximo a 100 mil pessoas na rua. Obviamente, temos que ponderar tal fiasco com o fato do juiz Sergio Moro ter pedido para que seus simpatizantes não fossem se manifestar neste dia. Mas, se ‘líderes’ do movimento chamam, espera-se uma presença maior.
Já a três quilômetros do MON, estavam concentrados os manifestantes pró-Lula, na famosa Praça Santos Andrade, diante do Prédio Histórico da UFPR. A Polícia Militar divulgou uma estimativa de seis mil pessoas na praça. Já os organizadores, falaram em 50 mil. Eu chutaria um meio termo. Ao longo do dia, provavelmente passaram algo próximo a 15 ou 20 mil pessoas pela praça, mas seu ápice não deve ter chegado a 10 mil pessoas presentes simultaneamente.
Dentre os que estavam lá eram vistos muitos trabalhadores, parte deles vinculados ao MST, mas não só. A presença de outras categorias levadas pelos seus sindicatos se somavam a apoiadores sem vínculos sindicais, o que não foi nem um pouco irrelevante neste ato.
Mas, como o depoimento de Lula a Moro durou até o início da noite, Lula só falou no palanque erguido para ele na Santos Andrade às 20h. Em seu discurso, Lula enfatizou sua própria defesa aos ataques de Moro e a sua provável candidatura à Presidência no ano que vem.
No ápice do discurso, pronunciou que “Se a elite não sabe como arrumar este país, então um operário com a quarta série do primário vai ensinar como faz”, o que levou a multidão ao delírio.
Mas, o que chamou a atenção aqui para nós, da esquerda socialista, foi a ausência total de críticas às reformas do governo Temer. Mesmo se a estratégia discursiva dissesse que Lula devesse focar em sua possível condenação decretada por Moro, devido à ocasião de sua visita a Curitiba, falar em sua candidatura presidencial sem anunciar que irá conter ou mesmo trabalhar para revogar tais ataques temeristas seria necessário, já que uma campanha eleitoral não se faz pela possibilidade de você ser preso ou não, mas sim com um programa político.
Foto: Eduardo Figueiredo/Mídia Ninja
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