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Você sabia que, desde 2010, a Taurus doou R$4,46 milhões a políticos de direita?

Coluna Rádio Peão

Por: Francisco da Silva, de Porto Alegre, RS

Mais uma vez, saiu na grande imprensa relatos de problemas na qualidade dos produtos Taurus. Nos surpreende pensar que, mesmo com escândalos que se arrastam por anos envolvendo a qualidade das suas armas, haja tanto dinheiro para os políticos. Você sabia que, desde 2010, a Taurus/CBC investiu pelo menos mais de R$ 4 milhões em campanhas de políticos de direita? Isso acontece ao mesmo tempo em que investe tão pouco para melhores salários e condições de trabalho dos funcionários.

Há anos a Taurus vem financiando políticos. Paga os parlamentares que depois vão intervir no benefício da empresa e não dos eleitores. É o velho ditado “quem paga a banda, escolhe a música” do sistema capitalista podre que vivemos.

Em 2010, a indústria privada de material bélico (Taurus, Rossi e CBC, hoje todas controladas pela CBC), através da Associação Nacional das Indústrias de Armas e Munições (ANIAM), ou diretamente pelas empresas associadas, financiou R$ 2,73 milhões na campanha de políticos. Segundo matéria do site Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo Público, entre os principais políticos do RS financiados pela Taurus, em 2010, estão o deputado Onyx Lorenzoni (DEM), que recebeu R$ 250 mil e a senadora Ana Amélia Lemos (PP), que recebeu R$ 50 mil. No Senado, Ana Amélia integrou a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional e as Subcomissões Permanentes para Modernização e Reaparelhamento das Forças Armadas e da Amazônia e da Faixa de Fronteira. Não por acaso, certo?

Segundo o site Congresso em Foco, em 2014 foram R$ 1,73 milhões. Confira a tabela geral sobre o financiamento da indústria de armas em 2014:

Candidato Cargo disputado Partido UF Recebeu em 2010? Valor (R$) Eleito?
Alberto Fraga deputado federal DEM DF SIM 80 mil SIM
Alceu Moreira deputado federal PMDB RS SIM 20 mil SIM
Arnaldo Faria de Sá deputado federal PTB SP NÂO 130 mil SIM
Arthur Maia deputado federal SD BA NÃO 69,9 mil SIM
Anderson Benevides suplente PSC SP NÃO 30 mil suplente
Daniel Vilela deputado federal PMDB GO NÃO 70 mil SIM
Édio Lopes deputado federal PMDB RR NÃO 30 mil SIM
Fábio de Almeida deputado federal PMDB SE NÃO 30 mil NÃO
Ronaldo Benedet deputado federal PMDB SC SIM 20 mil SIM
Efraim Morais deputado federal DEM PB NÃO 50 mil SIM
Onyx Lorenzoni deputado federal DEM RS SIM 100 mil SIM
Ênio Bacci deputado federal PDT RS SIM 20 mil SIM
Guilherme Campos deputado federal PSD SP SIM 50 mil NÃO
Marcelo Borges suplente PT RJ NÃO 20 mil suplente
Marcos Montes deputado federal PSD MG SIM 30 mil SIM
Misael Varella deputado federal DEM MG NÂO 30 mil SIM
Moreira Mendes senador PSD RO SIM 50 mil NÃO
Carlos Zarattini deputado federal PT SP SIM 30 mil SIM
Nelson Marchezan deputado federal PSDB RS SIM 30 mil SIM
Gonzaga Patriota deputado federal PSB PE SIM 30 mil SIM
Pompeo de Mattos deputado federal PDT RS SIM 70 mil SIM
Wilson Santiago deputado federal PTB PB NÃO 30 mil SIM
Sandro Avelar suplente PMDB DF NÃO 20 mil suplente
Jerônimo Goergen deputado federal PP RS SIM 30 mil SIM

Não fica muito claro o tipo de eleições que temos? Em que as grandes empresas financiam a maioria dos parlamentares para que depois de eleitos eles defendam os interesses daqueles que os financiaram e não os interesses de quem os elegeu? Esse sistema de cartas marcadas é complementado por um outro fato absurdo: a TAURUS/CBC diz não ter dinheiro para investir em saúde e segurança do trabalhador, em valorização dos funcionários, em investimento na qualidade dos produtos e processos, mas dá rios de dinheiro para os políticos. Pode isso, Arnaldo?