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BRASIL

Colecionadores de armas farão encontro em Brasília no dia 09, de olho nas eleições

III Encontro Proarmas ocorrerá a menos de 100 dias das eleições e sob aumento das ameaças golpistas. Maioria dos colecionadores é formada por bolsonaristas, que convoca o evento

da redação

Marcos Pollon, presidente do Movimento Proarmas, e Eduardo Bolsonaro

Está previsto para ocorrer no dia próximo 09 o III encontro nacional proarmas do Brasil. Organizado pelo Movimento Proarmas, o maior movimento armamentista da América Latina, e apoiado pela família Bolsonaro, este encontro vem sendo animado em base ao discurso demagógico de “defesa da liberdade” e do “direito de reagir”, etc, comum aos defensores do armamentismo.

Contudo, longe de buscar encontrar soluções para os problemas da segurança pública, haja visto casos de massacres com armas de fogo em escolas norte-americanas e mesmo no Brasil, por exemplo, esse encontro parece servir mais para aglutinar a agitar as bases armamentistas do país, às vésperas das eleições presidenciais. Não por acaso, o presidente do movimento Proarmas,  Marcos Pollon, tem dado declarações em tom de alerta aos seus apoiadores, sobre o que considera “risco à liberdade” dos armamentistas, referindo-se às eleições de Lula em outubro deste ano.

Este é, aliás, justamente o mesmo discurso usado por Bolsonaro para dialogar com o público armamentista. Em uma de suas habituais lives, que foi ao ar nesta quinta-feira (08) Bolsonaro alertou este público sobre as consequências de uma possível volta de Lula, no que diz respeito a este tema, com as seguintes palavras: “Não esqueça que o outro cara, o de nove dedos, já falou que vai acabar com o armamento no Brasil. Vai recolher as armas, clube de tiro vai virar biblioteca, como se ele fosse algum exemplo pra isso”. E prometeu: “Estamos chegando a 700 mil CACs no Brasil. Eu pretendo, havendo uma reeleição aí, no ano que vem chegar a 1 milhão de CACs no Brasil”. Em outro vídeo, Bolsonaro chama Lula de analfabeto.

Encontro ocorre em meio ao crescimento de registros CAC, clubes de tiro e lojas de armas

O mais recente levantamento do Anuário Brasileiro de Segurança Pública atestou a existência de 673,8 mil registros CAC (Caçadores, Atiradores e Colecionadores de armas de fogo) ativos atualmente. 

Este número, verificado a partir de informações do Sinarm (Sistema Nacional de Armas), vinculado à Polícia Federal, e do Sigma (Sistema de Gerenciamento Militar de Armas), do Exército, dá conta de que, desde a último levantamento, foram feitos nada menos que 117,4 mil novos registros desse tipo.

Se levarmos em conta que, em 2018, havia 117,4 mil registros é possível concluir facilmente que esse crescimento vertiginoso vem se dando justamente desde que Bolsonaro tomou posse na presidência do país, afinal, desde então Bolsonaro tem mobilizando um discurso pró-armamentista demagógico para animar sua base eleitoral.

Como consequência, junto com o crescimento dos registros CAC, tem crescido também a quantidade de clubes de tiro e de lojas de armas de fogo. No primeiro caso, já são mais de 2100 clubes registrados, um crescimento de 90% desde 2018. No segundo caso, já são mais de 2850, uma diferença de 1200 a mais, em relação ao primeiro ano de governo.

Derrotar bolsonaro e sua base armamentista com o movimento de massas nas ruas

Bolsonaro tem realizado uma verdadeira campanha para armar sua base social como forma de assegurar sua ofensiva rumo a uma eventual subversão do regime político do país e, de acordo com os números aqui apresentados, parece ter conseguido resultados relativamente positivos. Assim, mesmo sendo uma minoria eleitoral, Bolsonaro dispõe de uma base social perigosa, desapegada de qualquer republicanismo e com disposição para sabotar o processo eleitoral e abrir as portas do país para o caos golpista. 

A menos de 100 dias das eleições, o grande desafio do nosso campo agora é ligar o alerta máximo e colocar nas ruas a maioria social que rejeita Bolsonaro e sua demagogia armamentista. A esquerda brasileira, em especial Lula e o PT, tem uma grande responsabilidade neste sentido. Só o movimento de massas, mobilizado, pode impedir que essa essa base se assanhe e tente impedir a vitória de Lula nas próximas eleições.