Por: Tales Machado, Bragança Paulista, SP
Em Bragança Paulista nas últimas semanas foi noticiado que o prefeito, Jesus Chedid (DEM), estaria em “conflito”com a empresa responsável pelo transporte público à N.S de Fátima. O prefeito publicou um decreto congelando as tarifas, atualmente R$ 3,70, bem como tem feito fiscalizações e multando a empresa devido as péssimas condições dos veículos, tal como pneus carecas,vidros quebrados etc.
QUEM ESTÁ NESSA “BRIGA” ?
Antes de entrarmos no debate sobre o que realmente está acontecendo é importante analisarmos quem é Jesus Chedid e quem é a N.S de Fátima.
Jesus Chedid é um empresário cujo sua família tem por tradição atuação em empresas de transportes terrestres que prestam serviços a transportes urbanos. A N.S. de Fátima é apenas mais uma empresa de várias outras do ramo de transporte de Manoel Rodrigues e família, ou seja como se observa estamos assistindo uma queda de braço de dois mega empresários do ramo de transportes.
Como é o transporte público em Bragança ?
Quem anda de ônibus em Bragança sabe que a A N.S. de Fátima presta um péssimo serviço, além da tarifa cara, os ônibus são mal conservados, as linhas são cortadas sem o menor aviso prévio, os horários não são respeitados e etc. Além disso, os funcionários da empresa também sofrem, as escalas muitas vezes não são respeitadas, os motoristas acumulam a função de cobrador e etc.
O Governo Chedid, aposta justamente neste péssimo serviço prestado para fazer marketing, através dos meios de comunicação também pertencentes a sua família, para dizer que está cobrando um bom serviço da empresa.
Ocorre que por motivos que já colocamos acima, Chedid não fala o óbvio: o transporte público em Bragança não é tratado como um direito da população, mas sim como uma prestação de serviço que tem como principal função geral o lucro para seus proprietários.
Uma vez que o transporte é visto apenas de forma “comercial”, tudo aquilo que for possível para obter lucro será feito. Por isso o serviço é caro e a exploração de funcionários é uma realidade. Tudo isso para se ganhar dinheiro em cima daquilo que deveria ser apenas um direito.
A “livre”concorrência resolveria o Problema ?
Algumas pessoas de forma honesta alegam que o problema do transporte em Bragança se daria devido ao monopólio da A N.S. de Fátima e que uma vez havendo concorrência a tarifa seria mais baixa, e o serviço prestado melhor.
Infelizmente essa ideia não sobrevive aos fatos. Basta ver a cidade de São Paulo e outras capitais cujo o transporte é feito por várias empresas, as vezes dezenas, e tanto a passagem quanto o serviço são os mesmos.
A abertura de concorrência no transporte público não traz a disputa, mas sim o cartel. As empresas traçam mapas, dividem o local em que cada uma delas irá prestar o serviço e pronto! Lucro garantido e direito mais uma vez ferido
EXISTE SOLUÇÃO PARA ESTE PROBLEMA ?
Entendemos que o problema do transporte em Bragança só pode ser resolvido com a municipalização do transporte público.
É verdade que apenas a municipalização sem nenhum controle dos trabalhadores irá gerar um cabide enorme de empregos e o serviço continuará ruim, justamente por isso que a municipalização deve ser acompanhada do controle geral por parte dos trabalhadores.
As linhas e os horários devem ser feitos a partir da realidade de cada bairro que podem também participar da empresa, através de um conselho municipal de transporte publico que envolva todos aqueles que usam o transporte.
Algumas pessoas irão dizer que tal ideia é inviável e que a prefeitura não teria caixa para gerir este serviço.
Se este argumento fosse verdadeiro, qual a explicação para o próprio Grupo Chedid ter defendido em 2012 a implementação da tarifa social? Esta nada mais era do que o SUBSIDIO de parte da tarifa para as empresas como a prefeitura, com o intuito de garantir o lucro de uma empresa, ao invés de garantir o bem estar da população.
Por último, é importante uma política clara em beneficio aos trabalhadores. Os últimos 10 anos dezenas, senão centenas, de condomínios fechados foram criados na cidade, como a própria propaganda destes afirma “são lugares para investimento”,ou seja, estamos diante de proprietários de vários imóveis que comprar terrenos e casas para “investirem” ao custo de aluguéis.
Afinal até quando estes proprietários terão seus lucros e mais lucros garantidos e não irão sequer dar uma contrapartida ao município? É neste sentido que uma política clara de IPTU progressivo sobre grandes propriedades e sobre aqueles que possuem vários imóveis podem inclusive “subsidiar”não só a empresa pública de transporte, como também o deslocamento dos trabalhadores. Sendo assim é possível a médio prazo a implementação da tarifa zero.
Foto: Portal Bragança
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