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Ascensão da extrema-direita: por que justamente agora?

Édipo e a Esfinge, pintura de Gustave Moreau

Henrique Canary

Henrique Canary é graduado e mestre em História pela Universidade Russa da Amizade dos Povos (Moscou) e doutor em Letras pela USP (Programa de Literatura e Cultura Russa). Escreve sobre história, organização e estratégia do movimento socialista.

Artigo originalmente publicado na revista Jacobin América Latina Nº 10

Ao se discutir a ascensão da extrema-direita no mundo contemporâneo, coloca-se uma grande ênfase na crise econômica de 2008. Isso faz todo o sentido. O colapso financeiro que resultou do desmoronamento da pirâmide dos “sub-primes” dos bancos norte-americanos parece ter sido o estopim de uma vertiginosa escalada das forças neofascistas pelo mundo. A partir daquele momento, a maioria dos grandes fatos da luta de classes internacional resultou no fortalecimento do que há de mais reacionário no espectro político. A “Primavera Árabe”, que levantou uma onda de esperanças mundiais, sobretudo entre a juventude, terminou no massacre da Irmandade Muçulmana no Egito e no restabelecimento de um regime bonapartista no país; no assassinato sumário e sangrento de Muammar Gaddafi na Líbia e na transformação de uma república relativamente próspera em um proto-Estado semi-tribal controlado por potências estrangeiras e “senhores da guerra”; na Síria, redundou em uma guerra civil que durou quase uma década e na fundação, ainda que efêmera, de um califado impulsionado pelo Estado Islâmico. A lenta decadência da União Europeia e a crise migratória favoreceram a ascensão do neofascismo europeu, que segue em seus esforços por tomar o controle do continente depois de quase 80 anos. O levante da Praça Maidan, na Ucrânia, que tinha, em seu início, uma importante presença da esquerda, criou um regime que normaliza o nazismo histórico e incorpora forças abertamente fascistas no exército do país. Junho de 2013 no Brasil, também inicialmente disputado pela esquerda, desembocou na ascensão ao poder do golpista Michel Temer via impeachment de Dilma Rousseff e, depois, na vitória eleitoral do fascista Jair Bolsonaro. Nos Estados Unidos, o neofascista Donald Trump é o candidato absolutamente natural da classe operária branca tradicional e agora, com o fraco desempenho do governo Biden, avança perigosamente sobre a juventude e a comunidade negra. Na Argentina, a hiperinflação e a queda abrupta do nível de vida fizeram despertar o monstro Milei.

Nossa hipótese é de que houve uma especial combinação: pela primeira vez na história, um debacle econômico de dimensões mundiais se combinou com o ápice (ou, se quisermos, com o fundo do poço) da crise subjetiva do proletariado: a crise de sua identidade, de suas organizações, de seu imaginário e sua consciência

Mas há algo faltando nessa análise. A afirmação de que a extrema-direita avança apenas sobre a base da crise econômica de 2008 parece não corresponder à complexidade do fenômeno. Ora, não é a primeira vez na história que explode uma crise econômica. Tivemos muitos colapsos financeiros desde o fim da II Guerra Mundial (a crise do petróleo em 1973, a crise da dívida na década de 1980, a “crise das .com” em 2000) e nem por isso o fascismo retornou à cena histórica. Só o fez agora. Por quê?

Nossa hipótese é de que houve uma especial combinação: pela primeira vez na história, um debacle econômico de dimensões mundiais se combinou com o ápice (ou, se quisermos, com o fundo do poço) da crise subjetiva do proletariado: a crise de sua identidade, de suas organizações, de seu imaginário e sua consciência. Essa combinação específica impediu que a esquerda em geral (tanto a reformista, quanto a anticapitalista) se colocasse como alternativa capaz de disputar os processos. A crise econômica encontrou um proletarido disperso, precarizado, confuso, dividido, sufocado pela concorrência entre pares, disposto a jogar a culpa por suas amarguras em seus companheiros de classe, desde que fossem negros, imigrantes, sindicalistas, pobres, LGBTQI’s, árabes ou indígenas.

Crise como oportunidade?

A ideologia liberal estabelece que crises são, também, momentos de oportunidade: de fazer dinheiro, de derrubar um concorrente, de abrir um novo negócio. Por outras vias, a esquerda absorveu essa mesma ideia. Isso é compreensível. Os momentos de estabilização do capitalismo são difíceis para a esquerda: bem-estar geral, crescimento de salários, concessões, pleno emprego. Sob tais condições, não se gestam crises revolucionárias porque estas demandam, entre outras coisas, que a sociedade tenha entrado em uma época de decadência e retrocesso. É por isso que a esquerda sempre olhou com tantas esperanças para as crises do capitalismo.

A história, até certo ponto, justificou essas esperanças. A crise econômica, social e política fruto da I Guerra Mundial desencadeou a Revolução Russa; a crise da dominação colonial portuguesa levou à Revolução dos Cravos; a crise das ditaduras latinoamericanas levou a várias revoluções democráticas no Cone Sul nos anos 1980, resultando no crescimento e enraizamento social das forças de esquerda no continente. Esse esquema geral (crise = possibilidade de revolução) ficou marcado no imaginário da esquerda, que pensa secretamente diante de cada turbulência do capital: “chegou, por fim, a nossa vez”. 

O problema é que esse esquema ignora um importante fator da realidade. Para que uma situação revolucionária seja vitoriosa pela esquerda, não basta que “os de cima não possam e os de baixo não queiram” viver como antes. Essa fórmula leninista serve para identificar a crise em si, mas não resolve o problema do seu desfecho. Para que uma revolução triunfe, é necessário que as massas adotem em suas ações um determinado programa, que só pode ser fornecido por uma organização ou frente de organizações da esquerda revolucionária. Ou seja, a resolução positiva de uma crise revolucionária depende fundamentalmente de um fator subjetivo.

A ultraesquerda dogmática tem interpretado esse “fator subjetivo” como a simples existência de um núcleo revolucionário atuante, ainda que com peso ínfimo na realidade. Ou seja, basta que um pequeno grupo de camaradas  “levante um programa” para que as massas, mais cedo ou mais tarde, reconheçam o mérito da agremiação e a sigam rumo ao assalto aos céus. Uma análise superficial poderia associar essa visão messiânica aos grupos trotskistas, mas isso não é assim. A realidade tem demonstrado que o messianismo ultraesquerdista é uma característica distribuída democraticamente entre todas as correntes do marxismo, com vários aglomerados stalinistas atuando exatamente em base ao princípio da “crise de direção”.

Ou seja, a qualidade fundamental de um revolucionário seria, segundo essa visão, não a inteligência política, mas unicamente a perseverança. Trata-se de uma visão teleológica de que uma pequena organização revolucionária está destinada a ser grande, assim que as massas “entenderem” o verdadeiro caráter das direções traidoras e reformistas.

Dessa forma, uma parte da esquerda radical foi se tornando cada vez mais objetivista, ou seja, acredita que bastam “condições objetivas” para que uma revolução triunfe. Certamente, esse objetivismo é positivo em comparação com a visão cética de que as condições materiais da revolução socialista ainda não estão maduras (reformismo clássico do século 19). No entanto, frente à complexidade e à importância do fator subjetivo, esse objetivismo é certamente insuficiente e até prejudicial.

Por sua vez, esse objetivismo leva essa mesma parte da esquerda radical a apoiar acriticamente qualquer processo de luta ou levante, independentemente das suas direções, programa, sentido e estratégia. Tudo se justifica porque a entrada em cena das massas seria o único fator determinante.

O que os últimos 30 anos nos ensinam?

(…) em cada nova “crise”, a “alternativa” é representada pelas forças pré-modernas do fascismo, seja ele político ou religioso. O colapso da razão neoliberal foi entendido como o colapso da razão em si. Por isso, nada mais natural do que o crescimento do obscurantismo, perfeitamente expresso na ideologia fascista.

O problema é que esse esquema colapsou nos últimos 30 anos. Desde pelo menos o fim da URSS e o triunfo do neoliberalismo e da globalização, as massas mergulharam numa profunda crise subjetiva que tem graves implicações objetivas. A ideia do socialismo foi desmoralizada e saiu do horizonte político, deslocando-se para o horizonte histórico. Isso faz com que as massas não vejam mais as organizações de esquerda como “alternativas” naturais e óbvias, nem o socialismo como um fim a ser perseguido. A crise subjetiva é tão grande que não somente as ideias do socialismo, mas até mesmo as ideias do iluminismo estão questionadas: a razão, a dignidade humana, a ciência, a cultura.

A noção ingênua de que as massas não atuam contra seus próprios interesses foi aniquilada e o seu exato oposto foi demonstrado em cada passo. Assim, em cada nova “crise”, a “alternativa” é representada pelas forças pré-modernas do fascismo, seja ele político ou religioso. O colapso da razão neoliberal foi entendido como o colapso da razão em si. Por isso, nada mais natural do que o crescimento do obscurantismo, perfeitamente expresso na ideologia fascista.

Ao explodirem processos de luta, as forças do progresso histórico representadas pelo socialismo se veem incapazes de disputar a direção dos eventos e são afastadas com a maior facilidade pela ultradireita. A esquerda esteve presente em junho de 2013 no Brasil, mas foi expulsa das manifestações pela extrema-direita organizada; lutou na Praça Maidan em janeiro de 2014, mas foi massacrada aos gritos de “Slava Ukraini” e acabou queimada no incêndio da Casa dos Sindicatos de Odessa em maio do mesmo ano.

Em cada processo de luta, a ultradireita consegue afastar as forças de esquerda do centro da cena política. Isso seria inimaginável há 30 anos e só se explica pela crise subjetiva do proletariado. Antes do fim da URSS, a luta de massas era largamente favorável à esquerda, constituindo-se em seu terreno natural. Hoje, devido às confusões do proletariado (e também ao fato de que uma parte importante da esquerda abandonou a arena da luta direta), é muito mais fácil para a ultradireita ganhar a dianteira nesse tipo de processo. Há 30 anos, a esquerda podia apostar na agudização da crise porque havia uma grande chance disso lhe ser favorável. A direita, por sua vez, sentia-se confortável unicamente no terreno institucional e parlamentar e na repressão policial. Hoje, ao contrário, a mobilização de massas é um terreno disputado palmo a palmo entre o fascismo e a esquerda, sendo que o primeiro está levando a melhor na maioria dos casos. Não se trata de uma vantagem meramente subjetiva. O fascismo não está apenas extremamente motivado. Ele opera sob condições materiais (não esqueçamos que, para Marx, a consciência das massas é uma força material) muito mais favoráveis porque lida com o senso comum e os preconceitos profundamente enraizados entre os trabalhadores. Nos anos 1930, ser operário era quase sinônimo de ser antifascista. O fascismo se concentrava na pequena burguesia e no lumpesinato. Hoje o fascismo está dentro da nossa classe. O que abriu espaço para a direita foi a crise da subjetividade proletária. Por isso, a situação é mais difícil do que nos anos 1930 e seu desfecho pode ser pior.

A frustração com a esquerda nos últimos anos e o novo perigo

Há, portanto, duas crises em operação: a crise geral do capitalismo e a crise subjetiva do proletariado, que se combinam para fortalecer as saídas pela ultradireita. A essas duas crises é preciso agregar um terceiro fator: os limites das experiências de governos de esquerda nos últimos anos. Isso tem gerado um sentimento de frustração com a gestão e as ideias progressistas que têm sido muito bem aproveitado pelo fascismo.

Em 2015, o povo grego deu ao SYRIZA uma chance de provar a que veio. O sentimento geral que predominava nas massas gregas era de apoio incondicional ao novo governo, repúdio à Troika (Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) e demanda por reformas profundas que levassem em consideração todo o histórico de exploração do país pela União Europeia. Em oposição às expectativas populares, Alexis Tsipras e o SYRIZA optaram pela conciliação com a CE, FMI e BCE e pela aplicação de um plano de recuperação nos marcos da austeridade. O resultado foi o desgaste progressivo do governo até a derrota perante a Nova Democracia (direita tradicional) em 2019.

De forma similar, outras experiências de esquerda têm resultado em frustração de expectativas e consequente realinhamento de uma parte importante das massas com as forças de ultradireita que se propõem como alternativa radical à crise estrutural. Em quase toda a América Latina as correntes de extrema-direita souberam reagir às tímidas tentativas de reformas populares dos anos 2000 e 2010 e chegaram ao poder graças à manipulação do descontentamento popular (fake news, boicote ao governo, violência política etc.). Esse fato levanta um importante sinal de alerta para os governos de esquerda que ainda atuam no continente, como Lula no Brasil, Gabriel Boric no Chile e mesmo Gustavo Petro na Colômbia (este último até agora tem destoado da dinâmica geral, aplicando uma política mais ofensiva, baseada na mobilização das massas e no confronto pela esquerda com o parlamento).

Se os problemas históricos desses países não forem enfrentados e as promessas de campanha não forem cumpridas, existe o perigo real de uma nova “onda marrom” por todo o continente. A Argentina aponta nesse segundo sentido.

Por que a unidade da esquerda? E como?

A luta contra o fascismo no século 20 se deu em condições completamente distintas das que encontramos hoje em dia. A classe trabalhadora era relativamente homogênea social, econômica, política e culturalmente. Além disso, havia duas forças essenciais na esquerda: os comunistas e a social-democracia. Ambos tinham influência de massas e disputavam a hegemonia sobre o proletariado. Assim, a luta pela unidade era também a luta por um programa de ruptura com o capitalismo e de avanço do socialismo. Hoje as coisas são muito diferentes.

A luta contra a atual extrema-direita se dá em um marco muito mais defensivo, de derrota histórica e crise da subjetividade proletária. Uma unidade que tenha como condição a ruptura imediata com o capitalismo é uma unidade impossível, e portanto prejudicial à luta. Além disso, o equilíbrio de forças entre reformistas e revolucionários não é mais o mesmo. No século 20, a disputa pela hegemonia se dava entre duas forças comparáveis, similares em peso e influência. Hoje não é mais assim. As organizações reformistas tomaram uma grande distância das forças revolucionárias, que estão reduzidas a pequenos grupos de propaganda. Que comparação pode existir hoje entre o PT e as correntes revolucionárias brasileiras? Entre o peronismo e a esquerda trotskista radical argentina? Entre o PS e os pequenos grupos revolucionários que habitam o Bloco de Esquerda em Portugal? 

Assim, as condições para a unidade mudaram e não foi em favor dos revolucionários. Não se trata de “impor aos reformistas” um programa revolucionário de ruptura, mas de cerrar fileiras em torno de bandeiras defensivas, mínimas, democráticas. Essa é a realidade que é preciso encarar. Se orientarmos nossa atuação pela necessidade da ruptura imediata com o capitalismo, estaremos condenados a uma atuação testemunhal e puramente propagandística.

A unidade contra o fascismo deve se dar não em base a um programa de ruptura com o capitalismo, mas em torno de bandeiras que retomem a mobilização e a atividade independente das massas, condição necessária (embora não suficiente) para o avanço de sua consciência e superação de sua crise subjetiva. O objetivo imediato dos revolucionários não deve ser a tentativa de substituição do capitalismo em uma revolução antifascista que se torna imediatamente anticapitalista, mas avançar o que for possível na auto-organização, consciência, solidariedade e disposição de luta.

Uma nova orientação

É necessário reconhecer que essa orientação está em desacordo com as diretrizes daqueles clássicos do marxismo que elaboraram sobre a luta antifascista, sobretudo Leon Trótski nos anos 1930. Para o fundador do Exército Vermelho, a luta antifascista era uma luta não apenas unitária de toda a classe (esse aspecto, como buscamos sublinhar, permanece válido), mas também uma luta anticapitalista direta, uma tentativa de transcrescer a resistência antifascista em revolução proletária. Isso é comprovado pelo peso central da palavra de ordem de armamento imediato do proletariado para a luta contra o fascismo. Cremos que essa orientação não é mais válida, dada a crise de subjetividade do proletariado. Não temos mais um proletariado concentrado e organizado, disposto a lutar, mas carente de uma orientação clara, como foi nos anos 1930. O que temos é uma dura disputa ideológica e política porque parte da classe trabalhadora foi ganha para o fascismo. Ao tentar impor um programa anticapitalista aos aliados reformistas (amplamente majoritários dentro do movimento de massas), os revolucionários somente afastam a possibilidade da unidade e perdem com isso a oportunidade de contato com uma larga camada da classe trabalhadora dirigida pelo reformismo.

É preciso ganhar novamente a confiança da classe, que hoje se encontra seduzida pelo canto da sereia fascista. (…), trata-se da ação mais revolucionária de nosso tempo: a reconexão com as massas.

Assim, a ideia de que a luta antifascista se dá em torno de um programa mínimo de mobilização, educação e independência de classe deve ser levada às últimas consequências. Os revolucionários devem dar um passo atrás porque o proletariado já deu muitos e está cada vez mais distante, quase fora do nosso alcance.

É preciso ganhar novamente a confiança da classe, que hoje se encontra seduzida pelo canto da sereia fascista. Com todas as debilidades, há gente tentando: atuando em bairros, territórios, junto a povos tradicionais, lutas específicas locais, campanhas e redes de solidariedade. Uma atuação reformista? Na forma, sim. No conteúdo, trata-se da ação mais revolucionária de nosso tempo: a reconexão com as massas. Muito se fala que a esquerda se afastou do trabalho de base. Isso é parcialmente verdade, embora haja desequilíbrios e um certo senso comum nessa afirmação. De qualquer forma, é verdade que a esquerda é marginal. Aliás, mesmo a esquerda reformista e eleitoralmente hegemônica nunca foi tão marginal.

Uma nova etapa histórica 

Entramos em uma fase histórica em que a atuação do neofascismo e sua disputa com a esquerda é o novo normal. Não se trata de um curto ciclo ou de uma mera conjuntura. É um fenômeno estrutural e mundial. Entram em cena aí a crise do proletariado, a distância histórica da derrota do nazifascismo alemão (o tempo é inimigo da memória), a crise econômica, social, migratória, ambiental e do sistema mundial de Estados. Tudo contribui para que tenhamos um longo período de luta contra o fascismo, sendo essa, portanto, a tarefa primordial da presente fase histórica.

A correta compreensão da natureza das etapas históricas, suas características, possibilidades e limites sempre foi uma condição inescapável (embora não suficiente) para o sucesso. Ocorre o mesmo agora. O fim da URSS, a avalanche neoliberal dos anos 1990, a crise econômica de 2008, as crises combinadas nos anos 2010 e 2020 – tudo isso contribui para esse novo momento que vivemos, um momento de disputa com a ultradireita e no qual está colocado o problema da própria sobrevivência do projeto histórico do socialismo.

Aqueles que insistirem em uma orientação dogmática, pautada por uma realidade de 100 anos atrás, baseada em uma classe trabalhadora completamente diferente, tendem a perder uma importante oportunidade: a chance de ser parte de um lento, mas imprescindível processo de reorganização e retomada da consciência, o que só pode ser feito com inteligência política, paciência histórica e senso de estratégia.