Por Claudia Souza, Lourdes Quadros e Evelin Aline, de São Paulo
“São essas professoras que vocês querem para os seus filhos?” Essa foi uma frase repetida várias vezes pelo presidente do sindicato do/as trabalhadore/as em educação do município de São Paulo (Simpeem) durante o congresso do da entidade, que ocorre no Palácio de Convenções do Anhembi de 18 a 21 de outubro.
A fala se deu durante uma manifestação de mulheres que exigiam que a mesa, dirigida pelo então presidente Claudio Fonseca, encaminhasse a leitura e votação de uma moção de repúdio cujo conteúdo político era medidas de combate ao machismo nas instâncias sindicais. A moção foi fruto de uma reação que diversas ativistas de diferentes agrupamentos políticos de oposição e independentes tiveram frente a uma atitude machista deste mesmo dirigente, que no primeiro dia de congresso desqualificou uma intervenção de uma mulher enquanto esta tentava fazer uso da palavra. A atitude machista levou a uma reação no segundo dia de congresso quando ativistas se manifestaram em plenário com cartazes, mordaças e palavras de ordem.
Ontem, na plenária final que votava as resoluções congressuais, a mesa não encaminhou devidamente a leitura e votação da moção produzida pelas ativistas. Foi uma atitude autoritária, burocrática e machista de Claudio Fonseca. Tal atitude gerou indignação e foi iniciada uma manifestação em plenário que culminou na ocupação do palco para que as vozes das mulheres pudessem ser ouvidas.
A uma ação política, Claudio Fonseca respondeu com a truculência e violência, solicitando a intervenção de seguranças bastante “encorpados” para calar a voz destas mulheres, o que causou a agressão de algumas destas e de alguns homens.
No entanto, este não foi o mais desprezível deste cenário. A fala repetida no monopolizado microfone enquanto ocorria a manifestação era: “são essas professoras que vocês querem para os seus filhos”?
Sem nenhum pudor, o presidente do sindicato utiliza-se dos mesmos subterfúgios da mídia burguesa, dos patrões e dos governos para desqualificar as manifestações e as demandas dos trabalhadore/as. Também pudera, Claudio Fonsenca foi eleito vereador nas últimas eleições municipais na chapa do PSDB de Geraldo Alckimim, notório inimigo da educação do estado de São Paulo e de João Doria, o representante da Casa Grande paulistana.
Numa conjuntura em que a direita atua de forma implacável em todos os veículos de comunicação, nas igrejas, escolas, e até mesmo em mobilizações massivas, é estarrecedor que um sindicato que deveria se colocar à frente na luta intransigente das liberdades democráticas, dos setores mais atingidos pelo agravamento da crise social que são as mulheres, os negros/as e os LGBT’S, cumpre um papel de mandatário das políticas do Estado dentro da organização dos trabalhadores/as.
O presidente da entidade optou por repressão física e coação psicológica, ao inflamar o plenário contra as manifestantes e usar um discurso que em nada se difere da famigerada proposta da escola sem partido, que quer cercear a palavra dos que pensam e provocam a reflexão.
Esta atitude tem o objetivo de reservar aos setores oprimidos da sociedade, entre eles as mulheres, que se encaixem no padrão Marcela Temer: “bela, recata e do lar”. E que, portanto, as mulheres não ocupem e disputem de forma qualitativa os espaços políticos hegemônicos do gênero masculino, do qual o Sinpeem infelizmente, é um contundente exemplo.
Nossas vozes não se calarão!! Continuaremos nas lutas, nas ruas nas ocupações, nos sindicatos e nos partidos. Porque somos mulheres de luta, herdeiras de Dandara, Luiza Mahim, Frida, Rosa Luxemburgo, entre várias outras que não se furtaram a tarefa de lutar pelo fim desta sociedade opressora e explorada capitalista!
Machistas não passarão!!
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