Por: Gibran Jordão, de Brasília, DF
O discurso de Lula em resposta aos procuradores da Lava Jato teve o objetivo de desmoralizar a coletiva de imprensa dos representantes da Justiça.
Tarefa não difícil de cumprir, pois os novinhos da Lava Jato cheios de ambição e prestígio erraram a mão. Apesar da Globo ter transformado a coletiva num espetáculo midiático para enfraquecer o movimento ‘Fora Temer’ que ganha as ruas, os procuradores da Lava Jato fizeram uma frágil apresentação jurídica.
“Onde estão as provas?”, brada furioso Reinaldo Azevedo articulista da Veja, que criticou veementemente os procuradores da Lava Jato por não apresentarem provas jurídicas decisivas. Deltan Dallagnol, com estilo de bom moço, fez uma apresentação que expressou opiniões subjetivas que viraram piada na internet por não apresentar provas concretas. Ou seja, levantou a bola e Lula cortou. E isso irritou a Veja.
Mas, o discurso de Lula deixou muitos flancos abertos que se viraram de alguma forma contra ele mesmo. E o que ganhou mais destaque foi a péssima afirmação de que “a posição do político é a mais honesta”. Comparando políticos ladrões com o funcionário público concursado e chamando de analfabeto político aqueles que não entendem o que é um governo de coalizão.
Além de fazer a absurda comparação entre políticos ladrões e o funcionário publico, Lula simplesmente defendeu o pecado original: A conciliação de classes. A aliança com a burguesia impediu que o PT aplicasse o próprio programa reformista e obrigou Lula e Dilma a atacar o funcionalismo com medidas da agenda neoliberal. Lula começou o governo aprovando uma reforma da Previdência e Dilma terminou o governo dizendo que outra desta era prioridade.
O funcionalismo público está irritado e cobra posição dos dirigentes e entidades sindicais. Estão ofendidos e com razão, pois foram dias de estudo, se classificaram num concurso e passaram a dedicar as vidas honestamente para fazer funcionar a máquina do estado.
O discurso do ex-presidente expressa uma figura pública que ainda tem peso de massas, mas que já apresenta elementos de decadência e que deve ser superado. Lula não é mais alternativa política para o povo trabalhador desse país, não pode ser condenado no mundo jurídico se não há provas cabais. Mas, no mundo da política pode ser julgado por crime de traição. Tais traições os trabalhadores não perdoarão.
Cabe à esquerda socialista e independente apontar outro caminho diferente do PT, que não seja a auto proclamação e que valorize a unidade dos lutadores.
Foto: Ricardo Stuckert
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