Por: Gustavo Fagundes, de Niterói, RJ
“O Brasil é o país do futebol”. Essa frase é reflexo do papel que a seleção masculina de futebol tem em todas as competições que disputa. No futebol masculino a seleção brasileira tem a obrigação não só de figurar entre as principais posições, mas sim de vencer. Ser a melhor. Esse pensamento surge por tudo que a camisa amarela construiu ao longo da história. Ganhar cinco Copas do Mundo, o jogo bonito, o encantamento, a mística, os jogadores lendários e uma longa lista de motivos. É preciso entender o que representa a seleção brasileira e as cinco estrelas.
A demora da conquista do ouro olímpico pelo Brasil e a realização das Olimpíadas no Rio de Janeiro foi a mistura perfeita. Adicione um cenário apocalíptico ao futebol canarinho no pós 7 a 1 e teremos um prato irresistível para a criação de heróis e elevação da relevância dos Jogos Olímpicos no mundo do futebol. Ao menos para parte da mídia, especializada ou não, e alguns torcedores mais entusiasmados.
Sabiam que a Argentina quase abdicou de participar dos jogos a poucas semanas da estreia devido à dificuldade de montar um elenco e convencer jogadores a se juntar ao selecionado? Paulo Dybala, atacante de 22 anos e um dos principais jogadores da albiceleste nessa faixa etária, não foi liberado pelo seu clube, Juventus-ITA, para participar dos jogos.
A Alemanha, medalhista de prata e com pouca tradição na história olímpica, não convocou a força máxima. Dos três nomes permitidos acima dos 23 anos, o técnico Horst Hrubesch optou por Nils Petersen, um atacante que nunca jogou pela seleção principal. E nem entre os jogadores com idade inferior estiveram as principais estrelas. Emre Can, Julian Draxle e outros não foram convocados por que serviram à seleção principal na Eurocopa realizada pouco antes das Olimpíadas.
Os nomes convocados pelo técnico Rogério Micale para vestir a amarelinha estão em outro patamar. Não ocorreram grandes problemas para liberação de jogadores. Neymar não jogou a Copa América e se dedicou somente para as Olimpíadas, tem mais de 23 anos e já é a maior estrela da seleção principal.
A maioria dos jogadores tem grande experiência no clubes da série A do futebol brasileiro e alguns já estão nos principais campeonatos da Europa. São titulares de equipes como Grêmio (Luan e Wallace), Palmeiras (Gabriel Jesus), Santos (Gabriel Barbosa e Zeca), PSG-França (Marquinhos) e Atlético-MG (Douglas Santos) e São Paulo (Rodrigo Caio). Dos citados acima todos já participaram de edições da Copa Libertadores ou Champions League.
A conquista do ouro não eram favas contadas, mas o Brasil surgia na disputa do futebol masculino como grande favorito. As péssimas apresentações nas duas primeiras partidas surpreenderam e após um ajuste na escalação e posicionamento dos jogadores, principalmente no ataque, a selecao engrenou e ganhou o inédito titulo.
Os elementos citados acima ajudam a entender a real importância dada aos Jogos Olímpicos pelo mundo do futebol masculino. A disputa sub-23 tem pouca relevância no cenário das quatro linhas. Se fosse criado um ranking das competições envolvendo sseleção, a disputa olímpica ficaria abaixo da Copa América.
A história do futebol brasileiro é movida por vitórias. Títulos e troféus. A medalha de ouro olímpica entra pra essa rica trajetória. Teve importância, mas não como vem sendo pintada. A seleção brasileira continua em crise. O ouro olímpico vem sendo utilizado para mascarar as debilidades e mostrar uma farsa superação do fiasco que foi a participação na Copa de Mundo de 2014 e o vergonhoso 7 a 1 na disputa contra o selecionado principal da Alemanha.
O Brasil está em 6º lugar nas eliminatórias para a Copa de 2018. Fora da zona de classificação. Os próximos compromissos serão contra Equador fora de casa e Colômbia em casa, rivais diretos na disputa por uma vaga. Aguardemos os próximos episódios.
Foto: Roberto Castro/ Brasil2016
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