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CULTURA

Grupo Contadores de Mentira estreia Estado de Revolta

Kaique Calisto, Grupo Contadores de Mentira

Quase três anos depois da sua última estreia o grupo traz para a cena temas urgentes da nossa sociedade como abuso de poder, fundamentalismo religioso, organização social, opressão e precarização da classe trabalhadora.

O grupo hoje estabelecido na cidade de Mairiporã (São Paulo), coloca em cena revoltas que os percorrem como indivíduos e como grupo trazendo com seus corpos perguntas e olhares possíveis sobre o mundo. Todo o trabalho está envolto de muita fisicalidade e poesia de palavras afiadas.

A estreia será nos dias 15 e 16 de novembro na sede do grupo, às 19h, e os ingressos serão gratuitos. Após as três apresentações o grupo fará uma circulação por 5 cidades do estado, São José dos Campos, Campinas, São Paulo, Presidente Prudente e Santa Bárbara d’Oeste. Toda a programação de circulação pode ser acompanhada pelas redes sociais do grupo no Instagram e Facebook.

Ao final da circulação o Contadores de Mentira lançará um documentário sobre o processo de montagem e de circulação do trabalho. Quem se interessar em conhecer mais sobre o processo de criação e sobre as temáticas levantadas em Estado de Revolta, poderá fazer parte do seminário que o grupo promoverá na primeira semana de dezembro que contará com palestras, rodas de conversa, vivências artísticas e demonstração técnica de trabalho.

Sinopse da obra:

Em cena, as mesas estão postas para a negociação. Ou para o banquete… Mas quem senta à mesa? Quem come e o que come enquanto devoram nossos direitos?

Estado de Revolta é uma obra manifesto. Uma metáfora de nós mesmos depois de tantas lutas. Embora muitas derrotas, nenhuma delas perdidas de fato, visto que nunca abandonadas…

É um estado de nervos. É sobre a luta de classes onde as personagens são alegorias desta luta!

Qual o limite da exploração? Até onde suportamos a violência capitalista antes da revolta explodir no seio do povo?

Também é sobre o declínio das organizações sindicais e populares diante da precarização do trabalho na era neoliberal. É sobre as traições daqueles que escolheram abraçar o poder, e não o povo… É sobre o avanço do conservadorismo religioso e do fascismo entre as massas populares, é sobre a construção de novas formas de luta, é sobre a necessidade de organização da classe trabalhadora, é sobre encontrar no passado o que nossos ancestrais ensinaram enquanto lutavam… Que a festa é o ensaio da revolução!

É importante dizer…

“Estamos na beira de completar 30 anos… são muitas camadas… optamos em não fazer êxodo para as capitais. Somos uma microcultura de relações e redes no Brasil e outros tantos países. Um bioma cultural cujas obras tratam os terreiros, as potências, as encruzilhadas, as guerras brasileiras e latino-americanas, o povo brasileiro, os oprimidos… Sempre dizemos que somos um bioma, uma microcultura de teatreiros e teatreiras. Também lutamos para fortalecer nossa comunidade… essa comunidade expandida espalhada pelo planeta. Sempre precisaremos contar nossas histórias profundas… mesmo que sejam escritas no vento, na oralidade, na parede, riscando o chão…

Precisamos contar que estivemos durante 28 anos na cidade de Suzano… Dedicamos tempo por lutas históricas, construímos relações, redes, e estivemos ali, inseridos na comunidade periférica gerando estima e trabalho com ela e para ela… Em tantos anos de trabalho foram milhares de pessoas atendidas em centenas de projetos. Doamos tudo o que tínhamos… corpo… princípios… tempo… Ali também construímos nossa sede, do outro lado da linha, ausente de políticas públicas. Durante 28 anos nosso endereço foi esta cidade. Nosso teatro construído com recursos e forças próprias firmou ponto na periferia de Suzano… Mas também precisamos contar que fomos perseguidos durante anos pela violência de coronéis que dominaram a política e a cidade… Precisamos contar sobre as inúmeras ameaças ao nosso pequeno bioma que tivemos que proteger… Teremos que contar que houve uma guerra contra nosso território… uma violência gerada pela vaidade de seus governantes que se transformaram em nossos algozes… Fomos obrigados mediante a rins inflamados e violência desses gestores a deixar nosso território…

Desmontamos nossa casa inteira de contêiners e remontamos nosso teatro em Mairiporã, cidade que com afeto nos acolheu… onde agora, podemos respirar com o rio ao fundo…

Mas… um corpo que recebe violência cria seu estado de revolta… A mediocridade do sistema que impera e ameaça nossos pequenos biomas nos faz reagir à nossa maneira… Enquanto esses governantes e outros agentes do poder nos gritam aos ouvidos com seus humores descontrolados… deste lado de cá, traduzimos nosso tempo em criação… em arte… em festa…

Estado de Revolta não é uma obra fácil de digerir porque ela toca em nosso sistema nervoso… em nosso trabalho… Toca na história que precisamos contar sobre como nos tratam… como nos machucam…, mas também de como permanecemos firmes em nossos princípios…” Cleiton Pereira, diretor da obra.

Projeto viabilizado por meio do ProAC editais, realização CultSP, Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo e Governo do Estado de São Paulo.

Realização: Grupo Contadores de Mentira Apoio: Prefeitura Municipal de Mairiporã.

SERVIÇO

Espetáculo: Estado de Revolta, Grupo Contadores de Mentira

15/11 e 16/11, às 19h

GRATUITO!

Classificação indicativa: 16 anos

Os ingressos estão disponíveis no site e app do Sympla – https://www.sympla.com.br/1511–estado-de-revolta-do-grupo-contadores-de-mentira—em-mairiporasp__271897

Teatro Contadores de Mentira – Mairiporã

Rua Ver Antônio Morelato, 280 – Pq Linear Central – Centro de Mairiporã. (Em frente a Biblioteca Municipal)

Marcado como:
cultura / teatro