Foram quatro trabalhadores mortos, dezenas de feridos e centenas de presos. Parece pouco para a violência com a qual nos acostumamos nos últimos anos. Mas em 1886, o chamado “Massacre da Praça Haymarket”, em Chicago, foi o suficiente para desencadear um movimento de luta e conscientização que dura até hoje. Foi assim que nasceu o 1º de Maio. Não é o dia “do trabalho”. É o dia do trabalhador e da trabalhadora. E há uma grande diferença. O 1º de Maio nasceu não para cultuar o desgaste, o cansaço, a humilhação e o adoecimento que inundam o nosso cotidiano fruto do trabalho, mas para lutar pela limitação da jornada a apenas 8 horas por dia, uma luta tão atual hoje em dia! Para que os trabalhadores pudessem viver suas vidas além do trabalho!
Nesses quase 140 anos, muita coisa foi conquistada: jornada de 8 horas, proibição do trabalho infantil, salário mínimo, férias, previdência social, direito de sindicalização e greve. Mas todas essas conquistas estão se perdendo no mundo inteiro, ameaçadas pela crise crônica e a decadência capitalista. A emergência climática, as guerras e conflitos, a ascensão da extrema-direita, a precarização do trabalho, a plataformização da vida – tudo isso está nos jogando de volta ao século 19, num tempo em que não tínhamos direito a nada. Frente ao perigo de perder conquistas históricas, é mais necessário do que nunca retomar a tradição combativa do 1º de Maio, desta vez inspirado pelas lutas da atual classe trabalhadora, seus setores mais oprimidos e explorados: as mulheres, o movimento negro, as LGBTQI’s, os jovens, os precarizados.
O 1º de Maio nasceu nos Estados Unidos para logo se tornar um movimento e uma data mundiais. Nosso dia tem um caráter evidentemente internacionalista. Neste dia, lutamos com os povos do mundo inteiro. Desta vez, isso significa se colocar ao lado do povo palestino em sua luta contra o genocídio sionista impetrado por Israel na Faixa de Gaza. Ao mesmo tempo, nos solidarizarmos com os protestos estudantis que estão ocorrendo nos Estados Unidos, Austrália e Europa contra esse mesmo genocídio.
No Brasil, os desafios e as lutas não são menores. Vencemos Bolsonaro nas eleições e o golpe do 8 de janeiro foi derrotado. Mas o perigo do fascismo segue vivo. A extrema-direita tem ainda muita força e a esquerda ainda não retomou a hegemonia nas ruas. O centrão e o bolsonarismo são maioria no congresso, sabotando o governo Lula e pressionando pela pauta neoliberal na economia. Tudo isso tem abalado o apoio popular ao governo e levanta novamente o perigo do retorno do fascismo ao poder.
o governo Lula precisar mudar de estratégia: Apostar em concessões robustas à classe trabalhadora, como o aumento real no salário mínimo, o reajuste do Bolsa Família, o aumento salarial para os servidores em greve e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, além de um plano efetivo para baixar o preço dos alimentos básicos.
Por isso, o governo Lula precisar mudar de estratégia: Apostar em concessões robustas à classe trabalhadora, como o aumento real no salário mínimo, o reajuste do Bolsa Família, o aumento salarial para os servidores em greve e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, além de um plano efetivo para baixar o preço dos alimentos básicos.
Alem disso, é preciso entrar com força na luta ideológica e construir a mobilização social para enfrentar a resistência do centrão, do capital e da extrema-direita. A governabilidade deve ser garantida com o povo na rua apoiando as medidas progressistas do governo e defendendo suas conquistas contra os ataques do fascismo e do neoliberalismo. Aconciliação e as eternas concessões ao centrão só desgastam o governo e preparam o retorno da extrema-direita. O antídoto é a mobilização popular.
Ao mesmo tempo, os sindicatos e movimentos sociais não podem esperar do governo passivamente. É preciso seguir o exemplo dos trabalhadores da educação federal, com sua greve já vitoriosa, e do MST, que está realizando ocupações legítimas contra o latifúndio e o agronegócio explorador. Devemos cercar de solidariedade a luta dos trabalhadores contra as privatizações, como a do Metrô e Sabesp em São Paulo. É fundamental construir uma grande unidade popular que englobe trabalhadores em luta, movimentos sociais, plataformizados.
Junto com isso, os movimentos sociais não devem esquecer que a maioria da nossa classe tem uma cor e um endereço muito concretos: ela é negra e periférica. É ela que tem sido a vítima preferencial das políticas de extermínio da extrema-direita, como ocorre em São Paulo sob o comando de Tarcísio.
Neste 1º de Maio, vamos honrar os mártires da Praça Haymarket e também todos aqueles que lutaram por nossos direitos nas gerações passadas. Mas não esquecer nunca que a defesa desses direitos está, sobretudo, em nossas próprias mãos.
Viva o 1º de Maio! Viva a classe trabalhadora brasileira e mundial!
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