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BRASIL

Trump manteve o discurso populista e chovinista

20/01/2016- Washington- DC, USA- Soldiers and Airmen from the Florida National Guard look on as President Donald Trump takes the oath of office during the 2017 Presidential Inauguration. Florida sent approximately 340 Soldiers to provide support to the U.S. Park Police during the event. Photo by Ching Oettel

Por: Waldo Mermelstein, São Paulo, SP

Há pouco o novo presidente americano foi empossado e proferiu seu primeiro discurso.

No local estava toda alta cúpula do estado americano e algumas centenas de milhares de pessoas que o apoiavam. Toda a pompa, messianismo e o cerimonial da grande potência capitalista do mundo deram o tom do ato, além de cerca de 28 mil membros dos inúmeros aparatos de repressão.

E o discurso seguiu as linhas gerais de sua campanha e dos dois meses de preparações, sem mudanças em relação ao que tinha sido sua campanha e o período de transição. Somente prometeu que a carnificina do abandono do país, da invasão do país por produtos estrangeiros e do crescimento da criminalidade terminava neste dia.

O centro de sua fala foi que iria reconstruir o país, mudar tudo o que tinha sido feito anteriormente e devolver o poder para o povo. Um discurso que propôs colocar o patriotismo em primeiro lugar, enfatizando que os empregos seriam recuperados, que havia terminado o tempo em que os políticos de Washington enriqueciam e o povo empobrecia, enquanto o país enriquecia as demais nações a  população estadunidense empobrecia.

Reafirmou um dos lemas de sua campanha, “Colocar os EUA em primeiro lugar”, que se remonta às correntes isolacionistas americanas que queriam fazer acordos de paz com Hitler em pleno começo da II Guerra em 1940. Não é uma repetição, claro, mas é significativo que apele a esta terminologia. E chamou à unidade de todos em torno da ideia do patriotismo.

Do ponto de vista internacional, repetiu algumas das ideias da campanha, sem entrar em detalhes. Prometeu controlar as fronteiras, combater o “islamismo radical” com todas as nações “civilizadas”. Repetiu que por muito tempo os EUA subsidiaram os exércitos de outros países, defenderam outros países e se negaram a defender as suas fronteiras e que isso iria terminar imediatamente.

Não houve nenhuma das menções corriqueiras sobre o papel dos EUA no mundo, a não ser como exemplo para o mundo, a partir de seu novo caminho.

A algumas quadras do cenário oficial dezenas de milhares de pessoas se manifestavam contra o novo presidente a partir de várias manifestações com enfoques específicos.

Em uma delas, contra a guerra, em que uma das participantes, militante de esquerda, Eleonora, declarava à cadeia Al Jazeera que Trump iria manter a política dos democratas, e que as manifestações continuariam e precisavam romper com o duopólio democrata e republicano.

Em outra manifestação, em defesa dos imigrantes, Said, um imigrante sudanês, universitário, que declarava também à rede televisiva do Qatar, que estava e permaneceria nas ruas para defender seu futuro e que estava muito apreensivo como seria tratado com a nova presidência.

Todos os comentaristas salientavam a divisão do país quanto ao novo presidente, de forma inédita. E o mais notável do discurso não foi o que foi dito, mas o fato de manter o mesmo tom, sinalizando que as medidas seguirão essa orientação. E o tom foi bem distinto das frases corriqueiras e unitárias nessas ocasiões.

As medidas concretas, os “decretos” que prometeu devem se concretizar nos próximos dias, se não em horas ainda neste final de semana e começarão a mostrar o alcance nocivo concreto de sua gestão. E amanhã a grande manifestação prevista contra o seu governo irá se concretizar em Washington.

Foto: Ching Oettel