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EDITORIAL

O PT e a Síndrome de Estocolmo

Editorial de 12 de janeiro,

O estado psicológico de uma pessoa que, submetida a um tempo prolongado de coação, passa a ter simpatia e até mesmo sentimento de amor ou amizade pelo seu agressor é comumente nomeado pela psicanálise como Síndrome de Estocolmo.

Quando observamos de perto o conjunto de sinais e sintomas emitidos ao longo de tempo pelo PT, os quais denotam uma condição patológica grave, somos forçados a admitir que o partido de Lula talvez passe por um estágio avançado da Síndrome.

As evidências são incontornáveis. Nas eleições municipais de 2016, o PT já havia selado alianças com partidos da base de apoio a Temer em mais de 1.800 municípios. Agora, com o consentimento do ex-presidente Lula, as principais lideranças do PT defendem o apoio aos candidatos do governo para a presidência da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) ou Jovair Arantes (PTB), e do Senado, Eunício Oliveira (PMDB).

O líder petista na Câmara, Carlos Zarattini (SP), participou na última terça (10) do lançamento da candidatura de Jovair Arantes. Em troca da composição com os governistas, o partido espera garantir espaços nas Mesas Diretoras do Congresso e inúmeros cargos remunerados.

A rendição vergonhosa está gerando tensões internas. O senador Lindbergh Farias (RJ), por exemplo, denunciou a manobra oportunista: “É fazer aliança com golpista, que foi relator da PEC 55 [teto de gastos], que vai comandar o processo de desmonte da Constituição e de ataque ao direito dos trabalhadores”, afirmou. Contudo, a posição contrária do senador carioca e de outros dirigentes petistas é minoritária e dificilmente reverterá a linha adotada pela direção majoritária do partido.

Uma trajetória coerente

Os fatos são teimosos. E em matéria de capitulação à direita poucas organizações de esquerda são tão obsessivas quanto o PT.

Seguindo as ordens dos banqueiros, o PT, ainda no governo, abandonou as promessas eleitorais de 2014 e iniciou a aplicação do ajuste neoliberal com a retirada de direitos, a política econômica recessiva e os agressivos cortes de gastos sociais. Era tempo de Joaquim Levy. Assim, Dilma perdeu o apoiou popular e abriu o caminho ao impeachment.

Depois, quando o golpe parlamentar foi deflagrado, o partido não foi além de bravatas e discursos vazios. Nenhum plano sério de mobilização popular, nenhuma ação concreta para evitar o avanço da direita golpista. Lula apostou na negociação com a elite até o último suspiro.

A atual linha de apoio aos candidatos governistas no Congresso é coerente com a trajetória, o programa e a estratégia da direção do PT.  Permanente colaboração com a direita, adaptação completa ao apodrecido sistema político e submissão covarde aos interesses da burguesia: o curso de degeneração do PT é irreversível.

Para enfrentar a direita, seriamente, é preciso romper com o petismo, no programa, na política e na prática. Não há futuro com quem escolheu o pântano e a rendição.

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