por Lígia Maria e Marcos Langkamer, do Distrito Federal
No último fim de semana, aconteceu no Distrito Federal o I Encontro Distrital de Estudantes da Saúde (I EDES). O evento, que reuniu cerca de 150 jovens profissionais de saúde em formação, foi organizado por um conjunto de centros acadêmicos de diversas instituições de ensino superior do DF e representantes de executivas de curso e ligas acadêmicas de saúde, com o apoio do Sindicato dos Enfermeiros do Distrito Federal (SindEnfermeiro DF), da Associação Brasileira de Enfermagem- seção DF (ABEn DF), da Coletiva SUS e do coletivo de juventude Afronte!.
Estudantes de enfermagem, medicina, terapia ocupacional, nutrição, fisioterapia, saúde coletiva, psicologia, biomedicina, fonoaudiologia e outros cursos da área de saúde debateram as tarefas do movimento estudantil de saúde diante da necessidade de retomada dos rumos da saúde pública do País para vias de encontro à ciência, à técnica, à autonomia e valorização dos profissionais de saúde, à democracia e à garantia dos direitos mais fundamentais da população brasileira.
Os debates realizados no encontro foram pautados pela importância da vitória eleitoral em 2022, garantindo condições de luta mais favoráveis a partir da eleição de Lula, sem abdicar da permanência da mobilização da juventude em direção à efetivação das ações e programas de saúde; à defesa de diretrizes curriculares fundamentadas na formação crítica e intrinsecamente articulada à integração entre o ensino, o serviço e a comunidade; à assistência e permanência estudantis; à garantia de todos os direitos relacionados à determinação social das condições de vida e saúde da população; ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Todos esses elementos precisam estar voltados à equidade, em uma construção antirracista, feminista, anticapacitista e anti-LGBTfóbica, que se comprometa com a derrota política do retrocesso imposto no último período.
Além disso, o grupo debateu sobre a política distrital de saúde, que definha cada vez mais sob a gestão Ibaneis Rocha. A saúde pública na capital federal padece sob a negligência quanto à reestruturação do modelo de saúde na atenção primária e a garantia de suporte aos profissionais e usuários para a adequada execução da Estratégia Saúde da Família; à desvalorização dos profissionais de saúde; ao abandono da integração entre ensino, serviço e comunidade, que impacta frontalmente as unidades de saúde utilizadas como campo de estágio e contribuidoras na formação de novos profissionais; à privatização e terceirização da saúde sob o Instituto de Gestão Estratégica (IGES) – que ganha fama cada vez maior por drenar recursos da saúde pública sem provar sua eficiência na gestão de unidades centrais, promovendo desassistência e insegurança aos pacientes que utilizam os serviços.
Houve espaço também, em Grupos de Discussão (GDs), para o diálogo sobre os desafios e perspectivas colocados para as entidades de representação estudantil da saúde durante o período pandêmico e no processo de retomada das atividades presenciais. Para além do isolamento social, estratégia fundamental para o combate à disseminação da COVID-19, o processo oportuno de “EaDização” do ensino, a falta da garantia das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e a dificuldade das instituições de estabelecimento de planos pedagógicos alternativos e aplicação efetiva das políticas de assistência e permanência estudantil impôs grandes tarefas para essas entidades, que se puseram a lutar diuturnamente contra a precarização do processo de ensino-aprendizagem. Agora, seguem na busca pela garantia de melhorias das condições de ensino e pela reintegração do corpo estudantil à vida universitária.
Diante da necessidade de ampliar o debate entre os estudantes, recuperando a defasagem provocada pelo distanciamento imposto pela pandemia de COVID-19 nos últimos anos, o coletivo reunido no I EDES decidiu organizar um novo espaço para a aglutinação estudantil e a permanente formação política dos estudantes de saúde. Assim, nasce o Fórum Distrital de Estudantes de Saúde, proposto para ser um polo de mobilização, formação e integração entre as categorias, promovendo o diálogo, a unidade e o crescimento do movimento estudantil de saúde no Distrito Federal.
Refletindo o protagonismo do movimento estudantil na busca pela mudança concreta do destino do povo brasileiro, tal como foi na resistência contra a repressão imposta pela ditadura empresarial-militar e no movimento pela redemocratização do País, a juventude da saúde teve importante papel na articulação, mobilização popular e construção da 8ª Conferência Nacional de Saúde, onde o SUS tomou forma. Determinados à manutenção e à intensificação do ímpeto de luta de uma juventude que enxerga na construção da saúde e da educação públicas uma importante via para a transformação da sociedade, o agrupamento reunido no encontro distrital se prepara, agora, para a participação na 17ª Conferência Nacional de Saúde e no Congresso Nacional da UNE.
O I EDES mostra ao Distrito Federal que a capital do País está formando profissionais de saúde comprometidos com a mudança radical do modelo de saúde, com a equidade, com a integração interprofissional das categorias e com a garantia da saúde como direito: aprendendo com o passado, disputando o presente e construindo o futuro!
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