Dia 30 de Outubro de 2022. Centenas de milhares de pessoas nas ruas comemorando um dia histórico para nossa geração, o dia em que vencemos Bolsonaro nas urnas e elegemos Lula presidente do país. Ao som de “tá na hora do Jair, já ir embora” sentimos a felicidade de dar fim ao governo que há quatro anos vem impondo um Brasil de fome, desemprego, autoritarismo, violência política, cortes orçamentários na educação e saúde, uma guerra contra a população negra, indígena, mulheres e LGBTQIA+ e acabando com qualquer direito ao presente e futuro da juventude.
A vitória de Lula não é uma vitória eleitoral comum, muito menos só a vitória de uma figura ou partido. Ela representa a maior das vitórias políticas que tivemos desde o início do período reacionário que abriu-se no país a partir do golpe em 2016. Por isso, traz consigo um sentimento de que é possível irmos em frente, de que nossas disputas e lutas não são em vão e que a juventude brasileira cumpriu um papel fundamental em todo esse processo, protagonizando mobilizações desde o início do governo que serviram de acúmulo de forças e sendo um dos setores sociais de maior intenção de voto em Lula, o que com certeza fez a diferença nas urnas. Devemos nos apoiar nesse sentimento para travar as próximas batalhas que virão e conquistarmos mais vitórias no próximo período.
No entanto, é preciso termos consciência de que o bolsonarismo, por mais que não tenha conseguido atingir seu plano, que era a reeleição de Bolsonaro, saiu das eleições com força relevante. Bolsonaro aumentou mais sua quantidade de votos que Lula no segundo turno (Lula aumentou cerca de 3 milhões, Bolsonaro cerca de 7 milhões), elegeu governadores aliados em 15 estados, e uma bancada de deputados e senadores expressiva. Mas, mais do que isso, nos últimos anos conseguiu criar força social que se tornou um movimento de massas de extrema-direita, para disputar política e ideologicamente os rumos do país.
Nesse sentido, eles tentarão gerar instabilidade nos próximos dois meses com ações de cunho golpistas visando ameaçar a posse de Lula. O que vimos nos últimos quatro dias com bloqueios de estradas e as manifestações na quarta-feira (2 de novembro) pedindo intervenção militar são exemplos disso. O discurso de Bolsonaro foi ambíguo. Por um lado joga a Ciro Nogueira (ministro da Casa Civil) o início da transição de governo, por outro não deixa de acenar aos setores mais radicais de sua base, afirmando que as “manifestações são legítimas pela indignação com o resultado eleitoral”.
Assim, temos desafios e tarefas centrais para o próximo período. A primeira é continuar em estado permanente de mobilização para garantir que Lula seja empossado presidente do Brasil. Devemos seguir a maré vermelha que tomou o país no segundo turno e que foi determinante para o nosso resultado eleitoral favorável. A segunda é exigir das instituições que cumpram seu papel e sigam o rito democrático, punindo aqueles que atentarem contra a democracia nesse pós-eleição e mesmo antes, como foi o caso de Carla Zambelli. E a terceira é nos prepararmos para uma dura e longa batalha contra o bolsonarismo e seus líderes, combatendo desde já suas ideias e programa, apontando que a saída é pela esquerda, para que consigamos enterrar de vez a extrema-direita em nosso país.
Na última terça (1 de novembro) as frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular se reuniram e reafirmaram a grande vitória popular que foi a eleição de Lula e a necessidade dos movimentos sociais continuarem mobilizados para garantir o resultado das urnas. Nos próximos dias devem ser chamadas mobilizações que demonstrem mais uma vez nossa força nas ruas. No que tange ao Afronte!, estaremos nos mobilizando e mantendo viva a força da juventude que luta contra o fascismo e ajudou a eleger Lula presidente!
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