Pular para o conteúdo
BRASIL

Leia o manifesto do movimento negro do Rio de Janeiro ao ato Justiça por Moïse

Texto construído pelos organizadores do ato está aberto a novas assinaturas

Ato no Rio de Janeiro

Manifesto do movimento negro organizado no Rio de Janeiro – Ato Justiça por Moïse, Já!

BASTA DE GENOCIDIO DO POVO NEGRO!
TODA SOLIDARIEDADE AOS FAMILIARES DO JOVEM  MOISE MUGENYI KABAGAMBE!
SOLIDARIEDADE A TODOS OS FAMILIARES DE PESSOAS TOMBADAS PELO RACISMO ESTRUTURAL DO ESTADO BURGUÊS GENOCIDA!

Estamos unificados neste ato por que mais um corpo negro foi brutalmente assassinado e descartado. Queremos Justiça e queremos Já!!

Um jovem Negro Trabalhador africano de origem congolesa, foi assassinado de forma barbara, na Barra da Tijuca  bairro de classe media do Rio de Janeiro, segundo, por tentar fazer valer simplesmente o seu direito elementar trabalhista, pelos  serviços prestado ao seu patrão,  dono do Quiosque Tropicalia na Praia deste bairro.

Coincidentemente, foi justamente do Congo que vieram as primeiras populações africanas escravizados, que foram transformadas em trabalhadores (as), a produzirem as riquezas desse pais. MOISE MUGENYI KABAGAMBE, um jovem de apenas 24 anos, saído do seu pais de origem, o Congo,  fugindo com sua família  da onda de violência reinante naquele pais, não conseguiu de fato livrar-se da violência que reina no Brasil, na dita cidade maravilhosa do Rio de Janeiro. Moïse teve sua vida ceifada por um grupo de três homens de forma bárbara, espancado até a morte a base de pauladas, com requinte de crueldade, bem aos moldes das praticas medievais, ainda praticada em corpos negros no Brasil e no mundo.

Moïse MUGENYI KABAGAMBE,  jovem e negro. Com a idade que comprova as estatísticas de morte entre os jovens, na faixa dos 14 aos 24 anos de idade. Oriundo do Congo, país africano assolado pela violência, ônus do colonialismo, esperava encontrar no Brasil o sonho de livrar-se da violência.

Moïse teve sua vida ceifada, como têm sido ceifadas diariamente a vida de homens, mulheres e crianças negras, pobres, faveladas e periféricas de forma bárbara, seja, pela  violência ou inércia do estado brasileiro, com um governo negacionista, omisso, negligente, diante de uma pandemia que assola o mundo, mas com força o Brasil. Como se não bastasse, aliado a isto tudo, há um recrudescimento do ódio que se esparrama pelas palavras de políticos nos perfis das redes sociais de influencers e personagens famosos das elites políticas e culturais conservadoras e liberais.

Clique para aderir a este manifesto

O espancamento a base de pauladas, com requintes de crueldade bem aos moldes das praticas medievais que vitimou Moïse, demonstra que, ainda hoje, estes métodos estão em uso em corpos negros no Brasil e no mundo.

Moise, assim, entra para as estatísticas das nossas juventude Negra afro-brasileira, que a cada 23 minutos perde um de seus membros.

Moise e sua família integram a multidão dos deserdados do mundo, em sua grande maioria pessoas do continente africano, que experimentam, nos dias atuais, a maior onda de êxodo migratório humano da nossa existência neste planeta. O sistema capitalista tem imposto sobre nossa gente essa dramática realidade, por se tentar sobreviver a qualquer custo, em todas  as partes do mundo, fugir da fome, de guerras, desemprego e conflitos étnicos raciais, tem sido a condição imposta sobre o nosso povo e a nossa Classe.

Sabemos e denunciamos diariamente que a política de morte do estado brasileiro contribui para que a cada ano as estatísticas de morte violenta se elevem entre negras e negros em nosso país. Também sabemos que Moise e sua família integram a multidão dos deserdados do mundo, em sua  grande maioria Negros e Negras africanos, que experimentam nos dias atuais,  a maior onda de êxodo migratório humano da nossa existência neste planeta. É isto que os tentáculos do sistema capitalista cada vez mais, apresenta ao mundo: uma não existência.

Assim a sua família saiu do seu pais de origem rumo ao Brasil, na expectativa de conquistar uma vida digna, que infelizmente, não foi possível para Moise. O racismo, a xenofobia e o Capitalismo foram mais contundentes e eficazes na sua lógica a perversa de ser. Perdemos Moise, tal qual já perdemos milhares de jovens Negros e Negras afro-brasileiros (as),  neste pais racista, que historicamente serve a elite burguesa capitalista desse pais ainda deles, ao longo de séculos.

E principalmente com um governo de ultra direita, que tem incentivado e disseminado, a onda de ódio, racismo, homofobia, xenofobia, essa  é a  sua marca real inconteste, nesses três anos de administração do Brasil, seus seguidores tem produzido varias vitimas pais afora, no último período, Negros e Indígenas tem sido seus alvos principais.

O bolsonarismo tem disputado abertamente a redução da pauta histórica da classe trabalhadora e operado, no mesmo polo, pela propaganda ideológica de desumanização do povo negro, reeditando na atualidade a defesa da figura do capataz, do feitor e do capitão-do-mato.

A sociedade brasileira respira um cotidiano de barbárie na ordem do dia, nos colocarmos solidários aos familiares de Moise, e gritamos a necessidade de fortalecermos nossa luta no combate ao modo de produção capitalista, na defesa da cultura negra e na denúncia do racismo em todos os espaços de trabalho e nas ruas, para que possamos construir um novo humano, numa sociedade efetivamente igualitária.

Não será a justiça burguesa que nos apresentará, por si, as respostas necessárias para esse caso, uma vez que ela é justamente o alicerce que permite tamanha violência. A resposta deve vir na forma de evitar que mais vidas sejam tiradas, pois tudo sempre indica que a vida ceifada pelo Estado será a da população não-branca proletária.

Exigimos punição exemplar aos assassinos de MOISE MUGENYI KABAGAMBE!

QUANTOS MAIS TEM QUE MORRER PRA ESTA GUERRA ACABAR?

VIDAS NEGRAS IMPORTAM, PAREM DE NOS MATAR!

BASTA DE RACISMO!
BASTA DE XENOFOBIA!
BASTA DE MACHISMO!

ENQUANTO HOUVER CAPITALISMO, HAVERÁ RACISMO!

 

Clique para aderir a este manifesto