No 1º de julho, ocorreu uma ação feminista transfronteiriça, com manifestações em várias cidades da Turquia, da Europa e da América Latina, contra a retirada oficial da Turquia da Convenção de Istambul, primeiro tratado internacional contra a violência às mulheres, datado de 2011 e assinado por 45 países e pela União Europeia. A Convenção obriga os países membros a tomar medidas contra a violência doméstica, como a criação de serviços de apoio às vítimas.
A decisão do presidente Erdogan acontece em um contexto de aumento dos feminicídios e atende aos interesses dos setores mais conservadores do país.
Em 2020, 300 mulheres foram assassinadas na Turquia pelos seus companheiros ou ex-companheiros. Neste ano, já se registram 189 feminicídios, de acordo com uma organização de mulheres. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 38% das mulheres turcas afirmam já ter sido vítimas de violência doméstica pelo menos uma vez.
A violência contra as mulheres e pessoas LGBTIA+ deixa de ser um crime para se converter em um fato de âmbito privado
No mesmo ano, milhares de mulheres já tinham ido às ruas da Turquia contra a violência doméstica e a retirada do país da Convenção, anunciada por Erdogan.
Concretamente, a saída da Turquia da Convenção de Istambul significa que a violência contra as mulheres e pessoas LGBTIA+ deixa de ser um crime para se converter em um fato de âmbito privado, que não precisa da interferência do Estado, como a criação de políticas específicas de enfrentamento.
Lembramos também que Erdogan é aliado prioritário de Bolsonaro e eles quase sempre estão do mesmo lado quando se trata dos direitos das mulheres, da população LGBTIA+ e dos oprimidos. Como sabemos, a luta das mulheres do mundo todo é a nossa. Nesse caso, mais ainda.
Por isso, é importante a denúncia e a solidariedade internacionalista com as nossas irmãs turcas! Não ao ataque machista do governo turco! É pela vidas das mulheres!
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