Nesta quarta-feira, 02, as mulheres de Niterói (RJ) vivenciaram mais um feminicídio bárbaro. Uma jovem de apenas 22 anos foi assassinada à facadas na Praça de Alimentação do Plaza Shopping, o principal da cidade. A jovem Vitórya Melissa Mota trabalhava em uma cafeteria no shopping e estava almoçando, quando o assassino, Matheus Silva, se aproximou, e após 1 minuto e 26 segundos de assédio, passou a golpeá-la com uma faca que trazia na mochila e que fora comprada minutos antes no próprio shopping.
Vitórya o conhecia – haviam estudado juntos em um curso profissionalizante para técnico(a) de enfermagem – e se negava a ter um relacionamento com ele. A recusa foi o suficiente para que ele decidisse tirar a sua vida.
No mesmo dia, outro ataque ocorreu na cidade. Um militar esfaqueou a tenente Pamella Roberta Maia, com 10 facadas pelas costas, dentro da Base de Hidrografia da Marinha. A vítima foi socorrida e, segundo a Marinha, está estável. Não foram divulgadas mais informações sobre a tentativa de feminícidio.
Ato público no shopping
O 8M Niterói, que agrupa o movimento feminista da cidade e esteve a frente de atos como os do 8M e o EleNão, convocou uma reunião online para organizar um ato público unitário. “Estamos convocando um ato no Plaza Shopping que será construído por diversos movimentos de mulheres de forma unificada. Queremos homenagear Vitórya e cobrar das autoridades políticas públicas para o combate à violência contra a mulher no município”, diz a convocatória. A reunião online ocorrerá nesta sexta-feira, 04, às 17h.
No texto, o 8M destaca que “De acordo com o Dossiê Mulher de 2019, entre os casos de feminícidio no Rio de Janeiro, 82,4% das mortes foram cometidas por companheiros ou ex-companheiros das mulheres e 32,9% dessas mulheres foram mortas com faca, facão ou canivete. É importante destacar também que, para 44% das vítimas, a motivação do autor foi o término do relacionamento. Este é o retrato do machismo no Brasil.” A nota destaca também o aumento da violência machista contra mulheres negras.
ATUALIZAÇÃO: A reunião aprovou a realização de um ato unitário no dia 07 de junho, às 18h30.
Extrema direita
A morte de Vitórya chocou a cidade e a revolta foi imediata, com o assassino e também com veículos de comunicação, como o jornal O Dia, que chegaram a publicar vídeos e fotos da vítima, instantes após o ataque, sem respeitar a sua imagem. Provocou revolta também a reação de sites que romantizaram o crime, como o site que publicou um título com a expressão “Paixão que mata”, o que levou a reação da Resistência Feminista Niterói.
Como se não bastasse, um vereador da cidade, bolsonarista, em vez de se solidarizar com as mulheres da cidade e com os familiares, saiu imediatamente a defender a liberação de armas, para que “algum cidadão de bem” pudesse impedir o crime. A postagem foi imediatamente criticada por internautas, pelos mandatos do PSOL, como a vereadora Benny Briolly e o vereador Paulo Eduardo Gomes, e por Tatianny Araújo, da Resistência Feminista, que fez questão de destacar o óbvio: “Ele não consegue perceber que liberar armas só facilitaria a vida de homens que acham que são nossos donos? Que isso traria ainda mais feminicídios?”
Comentários