Há dois anos, a Faculdade de Educação da USP (FEUSP) colocava uma faixa em sua entrada com os dizeres “Não temos o que comemorar. Ditadura nunca mais!”. A faixa referia-se à comemoração de Bolsonaro e seus aliados, no seu primeiro ano de mandato, ao golpe militar, que completava 55 anos em 31 de março de 2019.
Em setembro do mesmo ano, acontecia o chamado Tsunami da Educação, um levante de proporções históricas de professores, estudantes e de toda a população contra os cortes na educação, na ciência e nas bolsas de pesquisa e permanência estudantil, que ameaçava o futuro de toda uma geração. A FEUSP participou massivamente dessa luta.
Esses dois eventos não podem ser vistos isoladamente. Após o golpe militar, a educação pública foi sendo moldada aos interesses da grande elite. Houve uma expansão precarizada do ensino, com cortes de verbas, a educação, para os pobres, tornou-se mais tecnicista como uma forma de criar mão-de-obra barata e a ditadura fez de tudo para utilizar a educação como um reduto para propagandear as ideias autoritárias e, assim, fazer da educação um mecanismo de controle da população.
Hoje, 36 anos depois do fim da ditadura, as medidas autoritárias voltam a ameaçar a educação. É o caso do projeto Escola Sem Partido, que busca implantar uma ideologia autoritária e repressora nas escolas, é o caso da Reforma do Ensino Médio, que busca acabar com o ensino crítico e torná-lo um ensino tecnicista, e é o caso da tentativa de retirar o estudo de gênero e sexualidade das escolas.
Recentemente, o Ministério da Educação, aliado às ideologias bolsonaristas, afirmou que manifestação política nas universidades federais eram uma “imoralidade administrativa” e deviam ser punidas. O mesmo MEC é responsável pelos interventores nas universidades federais, reitores escolhidos a dedo pelo governo federal, acabando com a autonomia universitária e com a possibilidade das comunidades universitárias elegerem seus próprios reitores.
A porta de entrada diz muito sobre os moradores de uma casa. Paulo Freire, patrono da educação, sempre foi rejeitado (e possivelmente temido!) por Bolsonaro e sua cúpula. Na FEUSP, ao contrário, nunca entrarão as ideias da ditadura, que Paulo Freire sempre combateu. Nós, do Afronte, participamos dessas manifestações, organizando passeatas, passagens em sala, conversando com os estudantes, denunciando o crescimento da extrema-direita e do fascismo. Relembramos, hoje, essa faixa, para afirmar que lutaremos para que a FEUSP sempre seja resistência a esse projeto autoritário.
Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça!
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