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OPRESSÕES

Um breve texto sobre o perigo do “neoliberalismo progressista”

Keven Lima, Belém (PA)

“Os revolucionários da África entendiam que a questão da libertação africana não era apenas uma questão de raça, que mesmo eles se livrassem dos colonialistas brancos, se eles não se livrassem da estrutura econômica capitalista, os colonialistas brancos seriam somente substituído por neocolonialistas negros”

Assata Shakur

“(…) À direita pertence a distopia capitalista, à esquerda pertence a utopia socialista(…)”

Sabrina Fernandes

 

Você já deve ter escutado algumas pessoas falando que para acabar com a opressão devemos ter oprimidos no topo, o que pessoas que dizem tal frase esquecem, é que o topo do sistema capitalista é: restrito, explorador, opressor e dominante. Muita gente que acredita que se localizar no espectro político da esquerda cai nesse discurso, reflexo da nossa sociedade que se encontra em um período de despolitização onde não se sabe nem definir o que seria a esquerda e direita, muitos acabam explicando esses campos políticos com algumas visões sobre temas de opressão, anulando completamente o caráter de classe de ambos os lados, com a esquerda (radical) lutando por uma sociedade livre de exploração e opressão, uma sociedade emancipada, a sociedade socialista e posteriormente comunista, e a direita lutando pela manutenção do capitalismo esse sistema desumano e explorador.

“Neoliberalismo progressista”

Quebrando o Tabu, Felipe Neto, Gabriela Prioli são exemplos de discursos liberais progressistas, diferente da direita conservadora, esses são contra opressões: de gênero, raça e sexualidade; não fulminam preconceitos e em certo grau ajudam a propagar ideias que lutam contra as opressões, porém, por outro lado, quando se fala na estrutura econômica do capital, eles defendem a ordem capitalista e propagam discurso anticomunista e falsas equivalências entre esquerda-radical e extrema direita. Por exemplo, o Quebrando o Tabu muitas vezes fez comparações rasas entre o Hugo Chávez e o Bolsonaro, também já agradeceu ao presidente por ter pautado a privatização dos correios, Felipe Neto já falou que a esquerda-radical é igual a extrema-direita e exigiu expulsão de membro de partido esquerda. Liberais progressistas neste momento que temos um presidente neofascista, são aliados, porém devemos sempre lembrar que quando o assunto é luta de classes, esses são inimigos, já que defendem a manutenção da exploração capitalista.

A necessidade da luta anti-opressão que seja anticapitalista, marxista e revolucionária

Uma luta contra a opressão que não seja anticapitalista e revolucionária, não busca a libertação de toda a população oprimida, mas sim focar na identidade desta para fomentar a falsa meritocracia. Não libertarão os oprimidos fomentando empresas que pagam de progressistas e utilizam da exploração para enriquecer, empresas que estampam suas coleções com #GrlPwr, arco-íris e #BlackLivesMatter e por trás utilizam de mão de obra análoga à escravidão e apoiam medidas anti-trabalhadores. Os oprimidos serão libertados quando tomarem os meios de produção e o estado, os oprimidos que têm classe, raça, gênero e sexualidade, vão construir uma sociedade que não será pautada na exploração e farão uma democracia para os 99%. Esse sim será um mundo livre da opressão e da exploração.

 

*Esse artigo reflete as opiniões do autor e não necessariamente representa as posições do Esquerda Online