Klement nasceu em 4 de novembro de 1908, em Hamburgo, teve formação universitária em filosofia em várias universidades da Alemanha e aprendeu cinco idiomas, entre eles o russo.
Em sua época como universitário, tornou-se membro do Partido Comunista Alemão (KPD), até 1932, quando foi expulso por compartilhar das ideias trotskistas e depois entrou na Oposição de Esquerda Internacional.
Em abril de 1933, chegou às Ilhas de Prinkipo, onde Trotsky se encontrava exilado desde 1929, para ser seu tradutor, secretário e assistente. Em julho desse mesmo ano, transferiu-se, junto a Trotsky e sua esposa, para a França. Lá viveram incógnitos, por causa da hostilidade do Partido Comunista francês, da direita e da colônia de imigrantes russos.
Klement, durante aqueles anos e até 1933, além de suas funções anteriores, funcionou como mensageiro intermediário, viajando de motocicleta para diferentes pontos da França. Um incidente, ao ser interceptado pela polícia e por não ter alguns documentos exigidos para sua motocicleta, revelou a presença de Trotsky em Barbizon e deu a escusa para o governo expulsar o revolucionário russo em 1935 da França em direção à Noruega. Klement permaneceu na França, onde, depois de sua participação como delegado na pré-conferência dos Quatro, em 1933, tornou-se a figura central do trotskismo internacional e um dos colaboradores mais eminentes de Trotsky, assim como um confidente no Secretariado Internacional (SI), o órgão central da Liga Comunista Internacional (LCI).
Em 1935, foi nomeado Secretário “Administrativo” do Secretariado Internacional e aí fazia traduções em vários idiomas, arquivava documentos, mantendo a correspondência entre o SI e as várias seções nacionais; escrevia, editava, coordenava as contribuições de boletins internos em vários idiomas. Devido aos riscos que corria por ser um refugiado político trotskista, teve de usar vários pseudônimos, como Adolphe, Camille, Frederic Steven e viver em estrita clandestinidade e isolamento. Também foi membro do Comitê de Estrangeiros dos Comunistas Internacionalistas da Alemanha, seção alemã da IV, criada para assegurar a orientação política da IKD e para manter a comunicação com outros membros e tendências locais que militavam na clandestinidade, por causa das difíceis condições que o fascismo impunha.
No ano de 1938, na URSS, o estalinismo já tinha assassinado quase todos os trotskistas reais e os suspeitos de o ser, assim como os familiares de Trotsky. Juntaram-se a estas, as mortes de destacados dirigentes: Erwin Wolf e Hans David Freund, em 1937, e o falecimento suspeito do filho de Trotsky, Lev Sedov, em fevereiro de 1938.
A maior responsabilidade pela preparação da Conferência Internacional, depois de longos debates para proclamar a fundação da IV Internacional, recaiu sobre Klement. Durante os preparativos da Conferência, aconteceram uma série de situações estranhas, que permitiram confirmar que Klement esteve sempre na mira dos agentes soviéticos. Primeiro foi o roubo de sua pasta no metrô de Paris; aproximaram-se dele algumas pessoas suspeitas, como um imigrante da Lituânia que diziam se chamar Toman (sobre quem, Hersch Mendel, polonês, que foi um dos delegados ao Congresso de Fundação da IV) e tinha encontrado Klement com ele, disse que ostentava riqueza e era “muito suspeito”) e Jaime Ramón Mercader (o homem que, em 1940, mataria Trotsky por ordens de Stalin). Também esteve muito próximo dele Mark Zborowski, conhecido pelo pseudônimo de Étienne, que pertencia à NKVD, e que se infiltrou no movimento trotskista por vários anos.
O desaparecimento e morte de Rudolf Klement foi um fato cru e escabroso. Em 12 de junho de 1938 foi a última vez que seus camaradas o viram. Alguns dias depois, quando foram à sua casa, só encontraram a refeição à mesa.
Em 16 de julho, dois trotskistas franceses, Pierre Naville Jean Rous (além de Hendrik Sneevliet, holandês e Georges Vereeken, belga) receberam cópias de uma suposta carta original, com data de 14 de julho, que tinha sido enviada a Trotsky e recebida por ele em 1 de agosto, supostamente escrita por Klement, assinada com um pseudônimo que ele já não usava havia anos, Frederik. Na carta dizia que estava cansado e doente por causa do “trotskismo” e utilizava as acusações do estalinismo para desacreditar Trotsky.
Diante desse caso, Trotsky publicou uma série de escritos: “O desaparecimento de Rudof Klement”, “Sobre o destino de Rudolf Klement” e “Sobre o assassinato de Rudolf Klement”, nos quais expôs os argumentos chaves que levam a esclarecer que a carta era uma falsificação dos agentes de Stalin que tinham matado Klement. Usaram um pseudônimo que Klement não usava havia dois anos, e este, quando escrevia para ele, usava a forma “Querido camarada LD” e não “Senhor Trotsky”. E outro fato era que o lituano sumiu imediatamente após o desaparecimento de Rudolf.
Em 25 de agosto, foi encontrado no rio Sena um saco contendo um torso com braços pertencentes a um homem e, dois dias depois, em lugar mais afastado do mesmo rio, encontrou-se outro saco com as pernas, cortadas do corpo no primeiro saco. Pierre Naville e Jean Rous identificaram os restos de Klement. As investigações deram como um fato que o estalinismo desapareceu e assassinou o secretário de Trotsky.
A juventude, os trabalhadores e estudantes têm como uma referência de vida militante a do jovem Rudolf Klement, que de forma abnegada dedicou-a à causa revolucionária, de luta para acabar com o capitalismo e construir outro tipo de sociedade, sem exploração nem opressão. Uma luta que hoje está mais vigente que nunca.
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