Por: Rafael Queiroz, de Belo Horizonte, MG
No início do mês de outubro, a Câmara retirou da Petrobrás a garantia de exploração de pelo menos 30% do pré-sal que ela descobriu, entregando, assim, uma reserva estimada em até 150 bilhões de barris de óleo equivalente (boe) ao capital privado, principalmente estrangeiro. A soberania brasileira vem sendo atacada continuamente com o desgaste proposital da imagem da Petrobras.
A empresa vem superando recordes de produção frequentemente, porém manobras contábeis a mando de auditorias norte-americanas, como a Pricewaterhouse, estariam maquiando o desempenho da mesma. Em 2015, o lucro líquido da Petrobras de R$14 bilhões foi transformado em prejuízo, após desvalorização de seus ativos, tendo como justificativa a queda do preço do barril de petróleo, fórmula que não foi utilizada em outras empresas do ramo, como a Exxon, por exemplo.
Coincidência ou não, os ativos desvalorizados a mando da auditora ‘gringa’ estão sendo vendidos a toque de caixa através do Programa de Desinvestimento da Petrobrás. Tanto que no recente evento Rio Oil & Gas o presidente da empresa, Pedro Parente, disse a quem quisesse ouvir para “aproveitarem a oportunidade, pois não vai existir no mundo outra tão boa quanto essa no setor de óleo e gás”. Termelétricas, usinas de biocombustível, campos terrestres de exploração, usinas de gás e também refinarias e dutos de transporte estão no pacote, junto com a BR Distribuidora, a Liquigás e mais, o que poderá tornar a Petrobras uma mera empresa exploradora e comercializadora de petróleo bruto, característica das petrolíferas de países subdesenvolvidos e oposta às de países que se utilizam desse recurso para melhorar seu IDH.
Privatizar a maior empresa energética do país trará consequências desastrosas para a população: não apenas porque o preço de derivados irá flutuar conforme oferta e demanda do mercado – diferentemente do que era acordado até recentemente com o Governo Federal e que evitou que durante a alta do preço internacional do barril que os combustíveis fossem muito inflacionados, mas também porque regiões do país com menor potencial de lucro estarão ‘a Deus dará’, correndo o risco de não serem abastecidas nem mesmo com gás de cozinha pelas empresas que venham a adquirir participação nos ativos da Petrobrás.
Contra esse crime de lesa-pátria os trabalhadores da Petrobras estão se organizando e manifestações já estão em curso na Regap, Refinaria Gabriel Passos, em Betim. Após a greve de 24 horas prevista para 11 de novembro, dia nacional de paralisações, não ser aprovada pela categoria em outras bases do país, foi proposto e aprovado localmente o corte de rendimento de oito horas por dia, no horário da madrugada (zero hora), a partir do dia 10.
Após quatro dias do movimento, a gerência da Regap prega ameaças contínuas contra os manifestantes movimentados, que permanecem resistindo. No dia 14 de novembro, o diretor do Sindipetro MG e da FUP – Federação Unica dos Petroleiros – se reuniu com a gerência geral da refinaria e então iniciou um processo de desmobilização, usando de terrorismo psicológico ao repetir o discurso da gerência de que haveria punições caso o movimento não cessasse até o dia 17, quando haverá reunião das Federações com a diretoria da empresa para tratar do Acordo Coletivo de Trabalho da categoria. Tal retaliação seria ilegal, pois vai de encontro ao direito legítimo de manifestação dos trabalhadores, como ratificou o jurídico do próprio Sindipetro MG.
Esperamos que o movimento cresça e atinja as outras bases da companhia no Brasil, para que juntos com demais trabalhadores os petroleiros consigam reverter as intenções do Governo Temer de acabar com a Petrobras. Unidos somos mais fortes.
Foto: Wikimapia
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