Diante do atual desgoverno, nossa unidade tem que ser pelo #ForaBolsonaro

Governo neofascista “tropeça nas próprias pernas” enquanto leva o país para uma situação de caos

André Freire

Historiador e membro da Coordenação Nacional da Resistência/PSOL

Na semana passada, Bolsonaro completou um ano e meio como presidente da República, num cenário onde o fracasso do seu governo fica a cada dia mais evidente para parcelas expressivas da população.

A combinação perversa entre as crises sanitária, ambiental, econômica, social e política, vem atingindo principalmente os setores mais explorados e oprimidos do povo, ampliando a destruição do meio ambiente, da Amazônia, dos direitos sociais, dos empregos e ameaçando as mínimas liberdades democráticas.

Nosso País sofre com o aprofundamento da pandemia, aproximando-se de 70 mil mortos e quase 2 milhões de infectados, apenas levando em consideração os dados oficiais. E, vários estudos já demonstraram, que são os pobres que mais morrem e sofrem com a Covid-19, como os moradores das periferias, principalmente os negros e negras e, também, os povos indígenas.

E, o que é pior, mesmo sendo evidente que ainda vivemos um momento de pico da pandemia, disputando com os EUA os recordes diários de mortos e infectados, os crimes de Bolsonaro e a irresponsabilidade da esmagadora maioria dos governadores e prefeitos não têm limites: com a adoção de medidas de abertura de setores não essenciais da economia, diminuindo ainda mais as regras de distanciamento social. Uma verdadeira política de morte.

Mas, junto com o fracasso do governo no combate a pandemia, assistimos aprofundamento também de uma crise econômica de dimensões inéditas, que inclusive começou já no primeiro trimestre deste ano, ou seja, ainda antes da pandemia. Mais uma evidente derrota de Bolsonaro e Guedes.

Mas, a queda do PIB brasileiro no segundo trimestre de 2020 pode ficar entre 8% a 10%. As consequências sociais são e serão terríveis, especialmente na queda do valor do salário e da renda dos trabalhadores, na flexibilização dos direitos trabalhistas, no colapso do sistema de saúde em várias capitais, com o crescimento do desemprego, da precarização do trabalho e da violência policial contra a juventude negra das periferias, entre outros elementos cruéis.

Se soma a este cenário, uma crise política, que vem provocando o isolamento de Bolsonaro na superestrutura política do país e a uma queda, mesmo que paulatina, da sua popularidade nas principais pesquisas de opinião. A rejeição ao presidente e ao seu governo já é majoritária na população.

Neste momento, para ficar apenas em alguns exemplos: o governo Bolsonaro se encontra com um general como Ministro da Saúde interino, no auge da pandemia; sem Ministro da Educação, num cenário de grande instabilidade e incertezas em relação ao ano letivo dos alunos, o trabalho dos educadores e a realização do Enem; com o Ministro do Meio Ambiente ameaçado de demissão por um pedido do Ministério Público, diante de mais um salto no desmatamento da Amazônia, a ameaça direta da sobrevivência dos Povos Indígenas e no verdadeiro desmonte das estruturas mínimas de fiscalização; e as principais medidas de combate a pandemia, mesmo que totalmente insuficientes, são muito mais iniciativas definidas pelo Congresso Nacional do que pelo Governo Federal. Enfim, e ainda para piorar a situação, Bolsonaro está infectado pelo novo coronavírus.

Depois de tentar impor uma fracassada agenda golpista – participando inclusive de manifestações reacionária e criminosas – Bolsonaro ensaia um recuo, buscando consolidar seu acordo político espúrio com os partidos e parlamentares do Centrão e uma negociação de pacificação com uma parte dos Ministros do STF e do TSE.

Seu objetivo é um só: se manter no Palácio do Planalto, evitando a abertura de um processo de Impeachment no Congresso Nacional e a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão devido as graves investigações em curso nos dois Tribunais Superiores.

Cresce a importância da campanha #ForaBolsonaro

Entretanto, mesmo diante do atual cenário que beira o desgoverno e o caos, os movimentos sociais e os partidos de esquerdas não devem se enganar: Bolsonaro não vai renunciar e nem vai cair sozinho da Presidência da República, vai precisar ser derrubado.

E, inclusive, mesmo em meio a crise política, vem buscando avançar na sua política econômica de privatizações e de retirada de direitos sociais, através de projetos de lei e medidas provisórias, que vem sendo apoiado – no fundamental – pela maioria corrupta e reacionária do Congresso.

Da mesma forma, não devemos nos enganar com a moderação de Bolsonaro. Postura esta, inclusive, que já dá sinais que não deve durar muito. Ao contrário do que pensam Rodrigo Maia e David Alcolumbre, e seus aliados dos partidos da velha direita, é impossível uma “normalidade democrática” com a manutenção do governo neofascista Bolsonaro.

Portanto, a unidade democrática que precisamos é aquela que coloque no centro das tarefas do momento a luta pelo fim deste governo, o quanto antes. Ou seja, a construção de ações concretas que reivindiquem pelo menos a abertura imediata do processo de Impeachment no Congresso, que já conta com 48 pedidos diferentes, e exijam também o aprofundamento das investigações dos crimes da chapa Bolsonaro-Mourão.

Declarações genéricas em defesa da democracia que não ataquem o “mal pela raiz”, não contribuem diretamente para fortalecimento da luta pelo #ForaBolsonaro. A luta por preservar as vidas da maioria, defender direitos sociais e às liberdades democráticas devem estar associadas diretamente a luta pelo fim deste governo.

Por isso mesmo que tem grande importância a organização de uma campanha unificada pelo #ForaBolsonaro, iniciativa promovida pela Frente Povo Sem Medo, pela Frente Brasil Popular, por Centrais Sindicais, partidos de esquerda e dezenas de outros movimentos sociais. Esta campanha vai promover, inclusive, uma jornada de mobilização e organização nos dias 10, 11 e 12 de julho – próximas sexta, sábado e domingo – com iniciativas nas ruas e nas redes.

Nossa saída é pela esquerda, lutamos por um governo realmente dos trabalhadores e do povo. Portanto, defendemos que a maioria do povo decida os destinos do país, com a antecipação de eleições presidenciais, realmente livres e democráticas.

 

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